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UNIDOS DEPOIS DA MORTE

 
     Procurou durante a vida inteira encontrar uma razão para viver, e um motivo para dizer que era feliz. Nunca havia fixado residência em nenhum lugar, onde houvesse morado. Mulheres então... eram tratadas como objeto a ser utilizado e descartado,assim que passasse  a tesão da novidade. Esse era o Charles, um play-boy moderno, de bem com a vida e sem problemas financeiros. Trabalhar?...só se fosse com o pensamento! Casar?... nem pensar! Prá que!...se tinha as mulheres que quisesse em suas mãos e cama, a hora que bem entendesse! As suas noites eram de verdadeiras orgias. Dormia durante o dia e quase sempre bem acompanhado.  Mas a vida, havia lhe preparado uma grande surpresa, naquela tarde-noite de domingo.  Ao se preparar para tirar o carro do estacionamento, viu aquela escultura de uma Deusa, dirigir-se em sua direção e com a voz suave, um sorriso de desmanchar geleira inteira, dizer-lhe:

   - Oi, meu querido , será que você não poderia me levar até o porto da cidade? Está chegando um navio e meus pais estarão nele.
    Charles, com alguma dificuldade na dicção, consegue a muito custo responder:
   - Claro que sim menina, será um prazer muito grande para mim.
   Resmungou algumas palavras desconexas, ligou o carro e partiu em direção a zona leste; onde ficava o único porto da cidade. Olhava pelo retrovisor a beleza escultural da jovem, cujo vestido preto tinha um corte lateral, que deixava amostra, um belíssimo par de pernas, bem torneado. Era verdade, aquela era um verdadeiro sonho de mulher e se ele tivesse oportunidade faria de tudo para conquistá-la. Falava consigo mesmo, como não havia visto ela antes e que essa ia ser a mulher da sua vida, custasse o que custasse.   Quando chegou na beira do cais, ouviu-a pedir para que a deixasse por ali mesmo. Não teve dúvidas, desceu, e foi abrir a porta para que ela descesse e pudesse tocá-la ao se despedir. Ouviu-a dizer-lhe:
  - Meu nome é Mary Carlsson e só posso agradecer por sua bondade e seu carinho.  
     Sem que Charles esperasse, deu-lhe um beijo no rosto, e saiu em direção ao ancoradouro; não sem antes ter olhado para trás, mais de uma vez, e dar um sorriso promissor.
   Charles, seguiu o trajeto inicial em direção a boate de luxo, que ficava, no inicio da zona leste. Apenas não conseguia entender, como havia ficado tão obcecado pela figura daquela menina-mulher, ao ponto de povoar seus pensamentos com as imagens dela. Isso jamais havia acontecido. Mulher nenhuma tivera esse privilégio. Estacionou o Jaguar azul, e foi em direção a porta de entrada. Após atravessar a rua, Charles, teve a atenção voltada para alguns jornais, que se encontravam empilhados na beira da calçada. Espantado,viu na capa do primeiro deles, estampada a foto da jovem Mary. No roda-pé, escrito em letras maiúsculas:... Morre afogada, a filha do milionário sueco, Henry Carlsson, após cair da escuna de propriedade do pai, quando chegava à cidade, para uma turnê de negócios.
     Um arrepio tétrico, escorreu-lhe pela espinha ,ainda mais que a data do jornal estava bem nítida também : 15 de fevereiro de 2009; exatamente um ano antes.
     Voltou para o carro, ligou o motor e acelerou em direção ao porto. Seus pensamentos estavam tão conturbados e absortos, que não viu o sinal vermelho: Morreu, instantaneamente, ao bater de frente com uma jamanta, em cuja lateral havia um cartaz : Carlsson Company Inc.
   O que o destino não lhe proporcionou em vida, uniu na morte!!!    
Gildo G Oliveira
Enviado por Gildo G Oliveira em 16/02/2010
Reeditado em 11/01/2017
Código do texto: T2089304
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