Lembranças que a vida traz - Cap. III

Voltara a terra tão amada, revira todos os locais por onde andara em sua infância, amigos tão queridos a lhe saudar pelo regresso, mas a mais esperada das noticias ainda não havia recebido. Onde e como ele estaria? Que rumo teria seguido após tanto tempo?

Será que ele já estaria sabendo de sua volta à cidade?

...

Sentada naquele banco de praça, os pensamentos se voltam à visita em sua casa naquela tarde...

Após ter-lhe perguntado se poderia voltar para conversar, ele sai com seu irmão e amigos. Mais tarde, quando ouve um ruído no portão, seu coração acelera como se fosse saltar fora do peito.

O que estaria acontecendo com ela?

Há alguns meses seu namorado havia ido embora para outro lugar, não mais enviara noticias, foi melhor o rompimento do namoro do que perder a amizade. Não se falaram mais, era difícil contato agora. Mas sabia que ambos estavam felizes.

Sozinha novamente, sente que haverá uma mudança em sua vida, também está se preparando para ir embora para outro lugar, mudar seu destino, fazer uma nova história...

Convida-o a entrar, mas ele apenas se move em sua direção, se aproxima dela mais ainda.

- A pergunta não existia. Nada tinha a conversar, só queria te ver a sós. – conta ele.

Dizendo isso a abraça e beija longamente, um beijo apaixonado, ansiado, desesperado.

Há quanto tempo ele esperava por isso?

A emoção toma conta de sua vontade, retribui ao beijo apaixonado e sente em seu coração a força daquele momento. Agora tinha resposta ao que sentira meses antes quando ele se aproximou e sentou à sua frente naquele banco da praça.

Seu coração o reconhecera, sentira que era ele o dono de seu maior sentimento... O amor! Há tanto tempo esperava encontrar aquele que traria à sua vida a maior das felicidades, pela primeira vez, sentia que amava de verdade.

Agora podia compreender o nervosismo que sentia na presença dele, suas almas afins haviam enfim se encontrado após uma longa e incessante busca.

Os minutos pareceram eternos, quando ele se afasta um pouco e a olha bem dentro dos olhos, suas pernas já não obedecem, não tem forças suficientes para manter-se de pé. Ainda meio atordoada pela surpresa, procura um lugar para se sentar, ele percebe, ri e a segura novamente envolvida em seus braços.

Um abraço aconchegante, carinhoso, delicioso de sentir. Vontade de não sair mais, de não deixar acabar a magia que existia ali.

Não havia palavra naquele momento, nem precisava. Ele lia em seus olhos, suas faces coradas, seu corpo trêmulo, a descoberta que ela fizera com o beijo. No mesmo instante em que ele também percebe que a amou desde a primeira vez que a viu na rua e a seguiu até sua casa. Só restava confessar-lhe o que gritava dentro do peito, o que tanto esperara pacientemente que ela soubesse.

- Sempre te amei. Desde o dia que te vi na praça espero para dizer-te isso. Estou feliz em perceber que você sente o mesmo por mim. Mesmo que ainda não saiba direito o que está nos acontecendo, mas você já me ama.

Mais alguns beijos e se despedem, ele precisa voltar para o local onde deixou os amigos. Depois retornaria para conversar melhor sobre o assunto.

Ele vai embora, ela o acompanha apenas com o olhar até que desapareça no fim da rua. Assustada com os últimos acontecimentos, passa os dedos suavemente sobre os lábios ainda com o gosto e calor dos beijos desta súbita descoberta.

O que aconteceria agora? Descobrir o amor justo no momento em que partiria para outro estado? Não, não poderia ser verdade, justo agora Deus não faria isso com ela. Não com ela!

Mais uma vez, ruídos à sua volta a tiram das memórias tão guardadas. O carro pára ao seu lado, um amigo a vê ali sozinha e vem cumprimentá-la.

Seus olhos ainda brilhavam da emoção de ter revivido aquele sentimento escondido. O amigo percebe e sorri como se lesse sua alma. Na verdade, talvez tenha lido mesmo, ele a conhecia muito bem. Cresceram junto, ninguém a conhecia melhor que ele. Poderia ser capaz de adivinhar seus pensamentos e antecipar a frase que ela iria dizer. ...

Continua...