A procura de um marido

Enza era uma jovem bonita, educada, residia em uma pequena cidade do sul da Itália. Não conhecia outro lugar.

Assumiu os cuidados com os pais idosos, com os quais era extremamente carinhosa e dedicada. Ela viveu para servir, era muito correta, nunca se viu Enza mal- humorada. Seus pais eram aposentados, com este rendimento viviam os três.

Enza não era vaidosa. Era conformada com a vida na companhia dos pais, mas naturalmente desejava se casar.

Conta-se que em um domingo do verão, Enza preparou-se a rigor, colocou o melhor traje, o belo calçado ganho em seu aniversario, dedicou bons minutos em suas lindas madeixas.

Tudo estava perfeito, os pais estavam prontos, idem Enza. Seguiram de ônibus para a cidadezinha vizinha, para a festa anual de Santo Antonio, o santo casamenteiro. Os pais dela apreciavam a agradável presença da filha, mas desejavam um casamento para ela. Dia de Santo Antonio era especial, quem sabe aconteceria um milagre! Enza precisava casar.

Era a primeira vez que a família visitava esta igreja, desconheciam o percurso. Surpresos descobriram que deveriam atravessar um trecho de barco, para chegarem ao destino.

Enza não concordou em adentrar no barco, preferiu seguir andando por terra. Parecia ser perto, mas o caminho foi demorado, era difícil caminhar com salto alto. Ela concluiu o percurso em mais de uma hora, entre a caminhada e as paradas para descanso. Quando chegou estava exausta, os pés machucados, batimentos do coração acelerados, suada, empoeirada.

Os fiéis que seguiram via barco assistiram a missa, já se despediam. Para Enza somente restou a possibilidade de cumprimentar algumas pessoas. Perdeu a missa, perdeu as bênçãos do Santo Antonio casamenteiro.

No retorno ela perdeu o medo, voltou de barco mesmo!

Alguns anos adiante idealizaram fazer outra tentativa de casamento para a filha Enza, a forçaram a viajar para a America do Norte, em um famoso transatlântico italiano. Enza partiu apesar do medo que tinha de água, mar!

Infelizmente quando estava apenas poucas horas para chegar nos Estados Unidos, ocorreu um acidente, ela salvou-se por sorte, Enza traumatizada jamais ousou adentrar em outra embarcação. Tomou aversão.

Regressou para o sul da Itália depois de alguns anos do acontecido, via aérea. Não conseguiu um esposo nos Estados Unidos, mas não desistiu de acreditar no casamenteiro, o Santo Antonio.

Praticamente a margem da terceira idade, a pretendente a casamento conheceu o seu amor, um viúvo, em uma das festas do santo em sua cidade. Finalmente casou.

Alguém disse a ela no dia do casamento:

- As pessoas não devem ficar ansiosas para atingir os objetivos, devem agir com sabedoria e tranqüilidade. O cansaço pode impedir de enxergar as bênçãos.

- O que é seu tem dia e hora para acontecer !

- Viu! O seu marido estava tão perto, você nem precisava passar pelo susto do navio.

obs: não é autobiográfico

Marina Gentile
Enviado por Marina Gentile em 11/02/2010
Reeditado em 25/04/2010
Código do texto: T2080694
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