A moça com o recém-nascido
 
 
Não era aquilo que eu esperava ver em seus olhos! Não era mesmo!
Ela carregava um recém-nascido nos braços e acabava de sair do hospital, caminhando desajeitada com a bolsa azul dependurada.
Gostava de passar por ali e me deparar com essas belas cenas, as novas ou experientes mamães saindo com seus bebês, rumo ao lar, levando consigo o belo trabalho de nove meses e que geralmente era fruto do mais puro amor.
Mas naquele início de tarde foi diferente! Toda aquela alegria que eu esperava ver nos olhos dessa mãe aparentemente tão jovem não existia. Em seu lugar uma tristeza enigmática era exibida, para quem quisesse ver.
Pensei a princípio que poderia ser somente por um segundo de dor que estivesse passando, e logo sua face mudaria, mas nada feito, ela estava realmente triste!
Comecei então a imaginar qual seria o motivo.
Poderia ter sido uma gravidez indesejada. Ou quem sabe de um pai irresponsável?
Será que a criança nascera com algum problema? Ou será ainda que a família não aceitara tal nascimento?
Falando em família, vi que estava completamente só! Onde estavam os parentes da criança, pai, avós, tios, uma amiga sequer. Cadê o apoio que certamente ela estava precisando naquele momento.
Eu não tinha filhos, mas se tivesse com toda a certeza sairia com ele ou ela do hospital, a não ser que um impedimento muito grande existisse...
Certo, poderia ser isso, algum problema fizera com que todos que poderiam estar ali se ausentassem. Mas todos! Não me enganei...
Vi que ela caminhava até o ponto de ônibus com ainda mais dificuldade então resolvi usar da minha solidariedade e lhe propus ajuda, a qual ela aceitou.
Levei sua bolsa pesada e me sentei ao seu lado dentro de um abrigo de um ponto de ônibus. Lá pude saciar todas as minhas curiosidades no pouco tempo em que ficamos sentados.
Ela agora era mãe solteira, o pai fora um namorado de semanas, a família a colocara para fora, o neném era um menino, saudável como um leãozinho. Ela tinha um emprego num supermercado, colocaria seu filho na creche daqui a alguns meses e retornaria ao trabalho! E não, jamais pensou em abortar nem em doar seu filho, isso ela considerou impensável! -- me disse ela sem eu ao menos perguntar.
quis saber o nome que ela colocaria no menino e me respondeu que não sabia ainda, mas perguntou meu nome.
-- Cláudio! – eu lhe disse brincando com o menininho.
-- Um belo nome! Acho que já achei o nome perfeito para o meu filho!
E não é que sem querer já ganhei um afilhado. Foi presente de um simples olhar de amor e felicidade que procurei e não encontrei.
Hoje o menino Cláudio está com quatro anos e já está me chamando de novo, ô menino apressado!
-- Papai, me leva pra escola!


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Este texto é ficção, mas com certeza já aconteceu várias vezes à nossa volta!

Abraços renovados!


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JGCosta
Enviado por JGCosta em 09/02/2010
Código do texto: T2078233