Epílogo
Marina desceu as escadas da estação do metrô, com o coração apertado. Não queria acreditar que tudo acabara. Não podia chorar. Gritar, arrancar toda aquela dor . Lembrava do dia no qual se encontraram pela primeira vez. Não deveria lembrar. Se voltasse ao tempo e apagasse aquele episódio de sua vida, agora poderia não estar sofrendo.Restava aniquilar a memória. Não pensar nele. Mas como não pensar se seu corpo ainda queimava levando os vestígios daquela tarde que passaram juntos? Seria a última tarde, o último encontro?
Lágrimas escorriam e ela esfregava as mãos nos olhos. Ninguém poderia perceber. Seria terrível ,estranhos compartilharem da sua dor.Lembrou do filme Ana Karenina . Poderia fazer igual a protagonista. Mas seria covardia. O que fazer então? Tentar , tentar até esgotarem as possibilidades ou se conformar? Se ao menos tivesse a certeza de que ele dissera tudo somente para afastá-la, que estava sofrendo também, que a queria de volta...
Ela saberia esperar . Esperaria por ele , a vida toda se fosse preciso. Mas estas coisas só existem em romances, na sua vida não poderia haver espaço para emotividades . Lembrou que ele dissera “meu coração é um Iciberg”, mas seus olhos e seu corpo não diziam isto.Havia ternura em sua voz, em seu olhar, no jeito que arrumava os cabelos dela, na maneira que a abraçava.Ela na verdade não o esqueceria. Ele ficaria sempre com ela em sua alma. Marina não seria triste, nem carregaria raiva por ele ter a abandonado. Seria feliz, pois raras pessoas têm a sorte que ela teve, de encontrar um amor verdadeiro.Pensando nisto, enxugou as lágrimas, respirou fundo e seguiu seu caminho.