Um grande amor
Alice saiu do cemitério, sentindo-se completamente só.
A sua frente o sol se punha no horizonte cor de rosa como se nada tivesse acontecido, e ela não entendia como tudo parecia tão igual à ontem, se seu mundo havia ruído, se nada mais restava para viver.
Seu companheiro de todas as horas se fora para sempre, seu passado estava ali naquele cemitério, onde ela acabara de enterrar. Ela não chorava mais, as lágrimas secaram todas.
Andou a esmo por algum tempo sem pensar para onde ia e quando viu estava na praça onde conhecera seu marido.
Sentou-se num banco talvez o mesmo de vinte anos atrás, quando ali ele a pedira em casamento e fez dela a mais feliz das mulheres.
Vinte anos, passou tão depressa que nem deu tempo de sentir.
Para ela tudo era recente e belo como no primeiro dia, ficou a olhar o crepúsculo sonhando acordada como se pudesse voltar no tempo.
Aos poucos o passado foi tomando conta daquele coração e de repente seu amor estava ali sentado a seu lado, lhe dizendo tudo o que ela precisava ouvir. Alice não viu o tempo passar, tão entretida estava em seu diálogo interior com seu amor.
Deixou-se ficar ali naquele banco de praça e nunca mais saiu dali.
Na manhã seguinte alguém que a viu tão imóvel, estranhou e pondo a mão em seu ombro notou que estava morta.
Todos que passam por aquela praça não podem deixar de lembrar de Alice, a mulher que amou muito e venceu a distância e conseguiu encontrar o seu amor mesmo alem da vida.
Com certeza seu marido não quis deixá-la só nesse mundo e viera buscá-la.
E agora os dois deviam estar felizes e continuariam assim para sempre.
Essa é a história de um amor que venceu tudo, até a barreira da morte.