Meu Céu

Faz duas semanas que o homem que preenche o vazio do meu coração me deixou, mais a culpa foi minha e tão somente minha por não deixar que ele me tornasse parte dele. Lembro-me das noites vazias que foram tomadas. Tomadas pelo céu dos olhos de meu Caim. Aqueles dois cristais que passaram a me observar toda noite como se tivessem a obrigação, não, obrigação não, tivessem o prazer de cuidar do que realmente ama.

Seria uma noite como qualquer outra, se aquelas safiras não estivessem me observando. Jurei que nessa mesma noite o farol de um carro bateu de relance na janela do pequeno quarto e eu pude ver parte de seu belo rosto sob a luz fraca. Foi quando decidi tomar uma atitude.

- Oi... – Falei com a voz tremula, sem ter certeza do que esperar. (Louca? Talvez.) E um silêncio mórbido se seguiu, mas eu continuei a falar, eu sabia que ele estava lá, a noite era diferente quando ele estava eu podia sentir o cheiro de rosas.

- Eu sei que está ai! Bem, já tem um tempo que eu percebi que você me observa e pensei se não poderíamos... – Fui interrompida por uma voz masculina e forte.

- E não sentiu medo? – A curiosidade na voz daquele desconhecido era quase imperceptível, era decidida e fazia-me sentir segura.

Sentei-me na cama de solteiro, afagando um lugar vago a minha frente, sugerindo que se sentasse ali. Ele veio sem ao menos pestanejar, e pude então ver os traços finos e marcados de seu rosto. Eu olhava inebriada com sua beleza, enquanto pensava o quanto ele era lindo, e forte, em seus cabelos loiros, e sua postura robusta. Meus pensamentos foram interrompidos pelo som de minha voz desengonçada.

- Acho que não, eu deveria ter medo do meu Anjo da Guarda? – Fui interrompida com uma gostosa gargalhada. Era incrível, tudo nele me atraía.

- Não sou um Anjo madimosele, sou um vampiro, um vampiro apaixonado. Chamo-me Caim. – Ele sorria e olhava nos meus olhos esperado minha reação. Meu lindo vampiro francês.

Era impressionante como ele em uma frase conseguiu suprir meu coração. Eu não me lembro de ter sentido medo. Ficamos juntos por quatro meses, doze dias e três horas, quando me recusei a virar uma vampira, pedi que fosse embora e lembro-me de minhas palavras.

- Não se arrependa Sofie, sou orgulhoso e não pretendo voltar jamais, petit. – Olhava triste em meus olhos.

Escutei a porta bater. Não o vê sair, pois sei que me jogaria nos braços dele pedindo que voltasse, como já tivera o feito muitas vezes antes. Todas as vezes que brigávamos era assim. Lembro-me que em uma das vezes ele abriu os braços e me recebeu com carícias irresistíveis e nos amamos como dois apaixonados inveterados, os dois com desejos desconhecidos.

Todas às vezes me fazia sentir mulher, me sentir amada e única, eu o olhava nos olhos e mais uma vez via o CEO nos olhos de meu Caim. Mas não naquela noite.

Hoje eu vejo que ele só queria me dar o que eu pedia, aliás, implorava com cada beijo que eu lhe dava. Não sei como eu pude ser tão cega. Não sinto mais meu Caim. Sinto-me vazia, inócua, sem esperança. Fui tola e hoje pago pelos meus atos, uma coisa que ele me ensinou, uma das muitas coisas.

Pensei em seu nome, que me veio a boca como um veneno. Já faz duas semanas que o homem que preenche o vazio do meu coração me deixou. Sentada na varanda observando as estrelas, não as dos olhos de meu amado, e sim a dos céus, sinto meus lábios proferirem as palavras do meu incosciênte.

- Caim, onde está você? Onde está o meu Caim? Eu o amo, és minha vida, você me tem, sou tua! Já não tem mais sentido viver sem te ter.

Senti dedos frios me tocarem, seus lábios roçarem em minha nuca e mais uma vez me senti completa e segura. Só acreditei quando ouvi sua voz e senti o cheiro de seu hálito doce.

- Estou aqui meu amor. Sempre estive. Desculpe-me pela demora! – Falou em Frances gaiato, fazendo com que me derretesse.

Esbocei um sorriso nos olhos cheios de lágrimas, palavras já não eram necessárias, as saudades se foram no instante em que meu mundo se fez ao lado de Caim. O tempo não importava.

As carícias eram mútuas, sentindo sua mão fria tirar minha blusa e desabotoar minhas calças. Cravei minhas unhas em suas costas arrancando-lhe gemidos e sorrisos. Nos amamos mais uma vez. E mais uma vez eu sentia suas presas afiadas perfurarem a ele macia o meu colo nu junto ao seu peito. Mais ele não parou. Roçou o rosto no meu e voltou a sugar.

Sentia meu sangue se esvair em pequenas ondas e mais uma vez não senti medo. Sentia meu coração bater junto ao dele só que mais fraco. Escutei sua doce voz ao meu ouvido me acalmando.

- Calma minha doce Julieta, isso logo acabará. Logo estaremos juntos por toda a eternidade. – Sempre romântico e carinhoso como ninguém teria sido.

O vê cortar seu peito nu e saciar minha fome com seu sangue. Eu já não era antiga e frágil Sofie. Estava nova.

Ele me tocou o rosto e eu senti como se milhões de fios desencapados tocassem meu corpo. Abri meus olhos e me inebriei mais uma vez com sua beleza, mais uma vez o agarrei sem pudor, já não via mais problemas nisso, eu era dele, pertencia a ele. Fui censurada, mais ele foi tão doce!

- Teremos toda a eternidade pra isso Sofie. – Ele me olhou fascinado e eu não entendendo nada, ele continuou.

- Estou admirando como ficou bela a minha menina. Diga-me mon amour, vai me perdoar pela demora?

- Não tem que se desculpar, fui eu quem te mandou embora, eu que não queria. Eu te amo Caim, sou tua! – Ficamos nos olhando, nem sei por quanto tempo ao certo, parecia estar sonhando.

Pouco tempo depois voltamos a nos amar, como se fosse a primeira vez. Foi tão gostoso, inexplicavelmente prazeroso.

Eu sabia que agora eu era de Caim e ele era meu, e aquela dor no peito, a saudades não ousariam a voltar, porquê estaremos juntos e agora é pra toda a eternidade, todo o sempre.