JÚLIA E ADRIANO - O SENTIDO DA VIDA
Formavam um belo casal, estavam apaixonados e realmente se amavam de verdade. Conheceram-se ainda na Faculdade durante os primeiros anos de estudo e nunca mais conseguiram desgrudar-se um do outro, era o que poderia se chamar de “almas gêmeas”. Foi amor à primeira vista. Desde que o viu pela primeira vez Júlia sentira algo estranho, diferente das demais vezes em que flertara com alguém. Havia algo em seu olhar, em sua aura, em sua maneira de falar que a atraia. Tentara lutar contra isso, mas fora em vão. Achava que não deveria se envolver com ninguém até o final de seus estudos. Havia muito em jogo ali. Cada centavo economizado pelo seu velho pai para que a filha mais velha estudasse e tivesse um bom futuro, não poderia estragar tudo isso com namoricos e distrações, o seu foco era o seu curso. Mas Adriano mostrou-se tão cavalheiro apesar da pouca idade, tão delicado e amigo, que ao invés de atrapalhá-la nos estudos, pelo contrário, passou a ser sua ânfora de salvação. Ajudava-a em todos os seus trabalhos e nas horas vagas divertiam-se como dois grandes amigos e enamorados, como realmente deveriam ser todos os casais.
Por seu turno Adriano não se sentira muito à vontade quando seus olhos tímidos cruzaram com os lindos olhos de Júlia pela primeira vez no pátio da Universidade. Menino pobre e tímido se achou imerecedor daqueles olhos tão profundos, tão intensos, tão meigos e ao mesmo tempo, tão inebriantes. Tentara tirá-la da cabeça várias vezes, achava que só iria arranjar problemas por se interessar por uma garota tão bonita como aquela. No mínimo deveria ter um namorado rico ou um monte de carinhas atrás dela. Mas não era nada disso. Júlia não era assim, não era desse tipo de garotas e o encontro entre ambos foi a coisa mais bonita que podia acontecer aos dois. Brigavam às vezes, lógico, todo casal briga, mas logo estavam os dois morrendo de saudade um do outro e davam um jeito de fazerem as pazes. Ajudavam-se, fortaleciam-se, estimulavam-se e o tempo de faculdade passou rápido. Agora estavam realizando um sonho, estavam se formando e em breve iriam poder se casar e formar uma linda família como sempre desejaram.
No dia em que se cruzaram nos corredores da faculdade foi algo mais ou menos bobo, casual mesmo. Haviam saído de um seminário de sociologia onde um dos palestrantes havia exposto um trabalho sobre a ciência das religiões e por incrível que pareça os mais interessados no assunto foram Júlia e Adriano. Fizeram todo tipo de perguntas possíveis, responderam a algumas também, fizeram suas colocações e no final descobriram que tinham algumas idéias afins a respeito do tema e que iriam desenvolver um projeto de estudo sobre o assunto juntos já que era algo que interessava profundamente aos dois. Júlia percebendo a timidez de Adriano e tentando lhe dar coragem para iniciar um bom papo foi quem primeiro puxou conversa:
- Qual a sua religião Adriano?
- Nenhuma.
- Você é ateu?
- Não. Não sou ateu.
- Então no que você acredita?
- Eu acredito no Grande Ser.
- Não entendi muito bem, explique-se melhor!
E Adriano começou a falar, agora com mais naturalidade, como se já conhecesse Júlia a bastante tempo.
- É mais ou menos assim Júlia: cada minúscula partícula constituinte do meu corpo, cada pequena célula é ao mesmo tempo independente e ao mesmo tempo parte de mim, do meu ser. Elas possuem inteligência própria, pois antes mesmo do meu cérebro, que segundo os cientistas é quem controla tudo, pois bem, antes que o meu cérebro fosse formado no meu embrião, as células já existiam, possuíam um tipo de inteligência, alma, ânima, vitalidade, vida, um tipo de consciência, pois já sabiam exatamente o que tinham de fazer. Os antigos a chamavam de Consciência Cósmica, talvez por não terem um nome mais apropriado para a época. Mas o fato é que essa consciência existe. É ela quem pré-determina o que tem que ser feito. Pelo menos não sou eu quem lhes digo que elas têm que alimentar-se, que curar-se, rejuvenescer-se. São elas mesmas que sabem exatamente o que têm que fazer. Entende?
Assim sendo, cada ser neste planeta, no cosmo, no universo, possui um ânima, uma alma, uma inteligência própria, uma consciência. Pode até mesmo ser um mineral, um vegetal. Tudo, absolutamente tudo, possui vida. Tudo é parte desse imenso a quem chamam de Deus. Eu particularmente acho a palavra Deus um tanto arcaica e primitiva, prefiro chamá-lo de Grande Ser.
Da mesma que cada célula do meu corpo é parte integrante dele e desempenha uma função específica, cada parte do planeta e do universo é parte integrante de Deus, do Grande Ser.
A essa altura Júlia o interrompeu para perguntar:
- Mas Adriano, não foi Deus quem criou tudo?
- Sim e não! Na verdade ele não criou, mas se desdobrou em tudo. “...No princípio era o verbo e o verbo se fez carne.” - Preste atenção Júlia: se fez carne. Ele se fez, ou seja, se desdobrou em carne. Poderia ser também em minerais, vegetais, animais e até em outras formas que a nossa mente ainda não tem condições de compreender. Como é possível, por exemplo, que ele tenha dito: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” – Como isso seria possível se existem tantas raças diferentes, brancos, negros, amarelos, asiáticos, indígenas?
- È verdade! Já tinha parado para pensar nisso antes e sinceramente não obtive resposta satisfatória às minhas indagações.
- Pois bem, analise comigo: quando ele fala em imagem e semelhança ele está falando em essência. Somos todos iguais a Deus em tudo. Temos a essência divina em nós, em cada parte de nosso ser, é como se fosse o DNA divino. Somos Deus em miniatura. “O micro dentro do macrocosmo. Assim como é nos céus é na terra. O reino dos céus na terra. O que está dentro é como o que está fora. O que está embaixo é como o que está em cima. Homem conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses. Buscais e achareis, batei e vos serão abertas as portas, pedi e vos será dado.”
Assim, “ame o teu próximo como a ti mesmo,” pois o teu próximo na verdade é você mesmo. Somos todos uma coisa só, um ser só, um grande ser, Deus. Desse modo, aquilo que eu faço ao outro, ao planeta, aos bichos, aos animais, plantas, insetos, à água, aos rios, aos oceanos, enfim à natureza, a tudo de uma forma geral, eu estou fazendo a mim mesmo e a Deus.
- Se liga: o coelhinho come o capim, a onça vem e come o coelhinho, o homem vem e mata a onça, o vírus vem e mata o homem, o homem vai para o solo, as bactérias o decompõem, o transformam em nitrogênio, o nitrogênio alimenta a raiz das plantas, de um novo pé de capim, vem um outro coelhinho e come esse novo pé de capim, vem uma outra onça e come o coelhinho, vem um outro homem e mata a onça, vem um outro vírus e mata o homem, e assim continua o imenso ciclo da vida, a grande harmonia do universo, o equilíbrio da vida, o Imenso Ser.
Lembre-se: “...na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” Passamos de uma forma de vida a outra, de uma forma de energia a outra. Veja a palavra Jeová, o nome sagrado de Deus, ao contrário do que muitos pensam não é um nome, mas uma sigla, um conjunto de quatro nomes que se transformaram com o uso contínuo em um único nome. No início era IOD HE VAU HE, depois sofreu uma variação para IODEVÁ, e depois para JEOVÁ. Esse é um fenômeno muito comum no que se refere à língua, posto que ela é um fenômeno vivo se modifica com o tempo. Veja o caso, por exemplo, da palavra “Cine” - antes era cinema, “Moto”- antes era motocicleta, “televisor”- passou a ser apenas TV, “IBGE” – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é bem mais fácil chamarmos apenas IBGE, não é isso? E várias outras que poderíamos citar.
- Tá bom senhor sabe tudo, essa parte eu entendi, não sei se concordo com tudo, mas achei interessante suas colocações. Agora tem uma coisa que você não explicou, qual é mesmo o significado de IOD HE VAU HE?
- Ah tá, deixa eu explicar. IOD HE VAU HE significa: “princípio eterno masculino feminino.” Os quatro elementos, a força dos contrários: a terra – o ar, a água – o fogo. Falando de uma forma mais simples, o que tem o fogo? Energia. O que tem o ar? Energia. O que tem a terra, a água? Energia. Se decompusermos toda a matéria e até a “anti-matéria”, o que vamos encontrar no final? Energia. Energia vital, força vital, inteligente, consciente. O Ânima, a consciência cósmica, a força primária, o primeiro motor. “Sempre existiu e sempre existirá.” Não pode ser criado, nem destruído, não tem começo, nem tem fim. “Eu sou o Alfa e o Ômega o princípio e o fim de todas as coisas.” Tudo vem do pai e ao pai retorna. É tudo dele, por ele, para ele são todas as coisas.
Não existe essa história de bem, nem de mal, o que existe de fato, são manifestações do ser em maior ou menor grau de consciência de si mesmo, do todo, de evolução.Caminhando para se fundir, se mesclar com o Grande Ser, só que de consciência desperta, sabendo o que se estar fazendo.
- Legal! Acho que agora sim as coisas podem dá uma clareada na minha cabeça! E isso explicaria inclusive, por que tanta dor e sofrimento no mundo. Posso até concordar em mais coisas.
- Legal que você tenha entendido. Isso indica que você é uma pessoa de mente aberta, que está buscando compreensão e conhecimento. Quanto a questão de concordar ou não concordar com tudo, isso sinceramente Júlia, não é o mais importante. O interessante é se permitir questionar, buscar, procurar essas respostas dentro de si mesmo, ok?
Voltando um pouco à questão do “verbo.” O verbo é fala, a fala é som, o som é energia, energia em forma de ondas. Assim de novo o que resta é energia. O Big Bang, a Bíblia e também os outros livros sagrados, falam da mesma coisa, apenas com linguagens diferentes. Uns com sentido mais religioso, outros com sentido mais científico, mas no fundo, ciência e religião buscam a mesma coisa, a união, a religação, a compreensão do homem, das coisas e conseqüentemente de Deus, do Grande Ser.
Essa busca do “religare”, religação do homem a Deus, papel primordial da religião, nada mais é do que essa tomada de consciência, de consciência cósmica, dessa compreensão de que tudo é Deus e nós somos parte dele, logo também somos Deus. O grande mestre dizia: “Eu e o Pai somos Um.” Seria tão mais simples se o mundo acordasse para estas questões.
A ciência por sua vez nada mais é do que tornar-se “ci-ente” de alguma coisa, ou melhor, tomar “ciência” , “cons-ciência”, “consciência” de algo muitomaior e mais importante que é Deus.
Ame-se, ame ao próximo, ame ao planeta, ame tudo, pois tudo é Deus em menor ou maior grau de consciência. Quando os homens tomarem consciência disso, verão que não há mais motivo para tanta competição, para tantas maldades, para tanta, ganância, para tanta, crueldade. Verão que “há mais sentido em dar que em receber”, em dividir e colaborar que roubar, que tomar, que acumular, que guardar pra si sós. Que não existe mais motivo para tanto medo, mas para acreditar e viver em paz.
- Nossa que lindo Adriano! Poxa me emocionei com suas últimas palavras! Mas ainda tem uma coisinha me encafifando, e quanto à morte? Como é que fica essa questão?
- Não existe morte, mas apenas mudança de um estágio a outro. De uma forma a outra. Viemos ao mundo para compreendermos isso, para aprendermos com Deus, para compreendê-lo. Como um pai que envia o seu filho à escola porque quer vê-lo inteligente, instruído, sábio, o Grande Pai nos enviou a esse mundo e espera que aprendamos, que despertemos nossa consciência e um dia retornemos para casa, ou seja, para ele, ao seu seio, com consciência desperta, evoluída.
- Será que existem planetas mais evoluídos que o nosso?
- Claro! Lembra das palavras do Grande Mestre? “A casa do meu Pai possui muitas moradas”. O que seriam essas moradas Júlia? Não poderiam ser planetas mais evoluídos? De estágios de consciência mais despertos?
- E quanto à questão da reencarnação, a bíblia não fala nada disso?
- Fala sim Júlia! Olha a questão é que a bíblia é um livro velado, sagrado. Você sabe o significado de sagrado? Secreto. Ou seja, a bíblia nunca foi um livro escrito para todos. Imagine uma população com um mínimo de pessoas alfabetizadas e o restante, coitados, sem saberem ler nem escrever, é por isso que o grande mestre resumiu tudo: “Ame a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como ti mesmo, nisso se resume toda a lei e os profetas.” O amor Júlia, constrói, edifica, faz evoluir e traz a compreensão daquilo que está velado, escondido. A bíblia é um livro maravilhoso, porém muito difícil de ser compreendido sem uma preparação prévia, mas ela fala sim de reencarnação. Se é isso que você quer saber, pega a sua bíblia depois quando tiveres um tempinho e leia o capítulo dezessete do evangelho de Mateus, mais precisamente do versículo um ao treze e você mesma verá que João Batista na verdade era a reencarnação de Elias .
- Mas e o livro de Hebreus, lá não está escrito que o homem nasce uma vez, morre e segue o juízo final?
- Olha Júlia, nós estamos falando de um contexto de época, de um povo que achava que tudo se resolvia através de julgamentos, porque foi isso que eles herdaram de seus antepassados, de Moisés. Mas veja bem, a todo o momento estamos sendo julgados por nossos atos, nossa consciência acusa, retrata, recorda, valores, padrões, nos pune, absorve, e, além disso, as leis divinas estão gravadas em nós, nos nossos corações, nas nossas mentes, nas nossas almas, em nosso DNA, que possui a essência divina que nos impele para o bem. E se isso não for o suficiente, depois que desencarnamos, esse código de quem nós fomos fica registrado em nós, em nosso campo energético para que numa posterior reencarnação passemos a vibrar exatamente de onde e como paramos para continuarmos aprendendo e evoluindo, esse é o tal julgamento final. Ou seja, o homem nasce, morre, passa por um julgamento final relativo àquela existência e aguarda um novo ressurgimento, um novo retorno, uma nova reencarnação, uma nova oportunidade de crescimento, de reparar seus erros e evoluir. Por que Deus em sua infinita sabedoria iria criar isso tudo, só para que você viesse aqui, tivesse aí alguns anos de vida, morresse e acabasse tudo. Isso é ilógico, não acha?
- È, até que as suas colocações fazem sentido.
- Pois é como eu falei a bíblia é um livro sábio, porém não é tão compreendê-lo. Existem muitos mistérios, cabala por exemplo, a bíblia está repleta dela.
- Cabala? Já ouvi algo a respeito mas não entendi muito bem.
- Numerologia. Vou lhe dar um exemplo. A bíblia diz que o Grande Mestre morreu aos trinta e três anos. Olha o número seis na Cabala representa a morte. E como eu encontro o número seis? Decompondo e somando os dígitos da sua idade. Veja: trinta e três ( 3+3=6), portanto aí está número seis que representa a morte. E por que ele ressuscitou ao terceiro dia? Porque se você pegar o seis e somar com três vai dar nove e o número nove representa a ressurreição, o ressurgimento, o renascimento, o novo homem. Observe: ele morre aos trinta e três anos (3+3=6) e ressuscita ao terceiro dia(6+3=9). Quer ver uma coisa interessante? Por que o Livro de Apocalípse no seu capítulo sete versículo quatro(Apoc 7:4) diz que o número dos escolhidos serão cento e quarenta e quatro mil? Vou explicar: são doze tribos de Israel cada uma com doze mil escolhidos, logo, doze vezes doze é igual a cento e quarenta e quatro(12x12=144). Agora decomponha e depois some: cento e quarenta e quatro(1+4+4=9), aí está o número dos escolhidos, ou seja, o arcano nove, o número daqueles que “encarnaram” o arcano nove, que encarnaram o “Cristo”, o amor, a bondade, a virtude, o novo homem, o ressurgimento, a ressurreição, o nascer de novo. Por isso o Grande Mestre sempre enfatizou o amor. O amor incondicional, o amor sem reservas, sem preconceitos, sem descriminação, sem acepção de pessoas, o amor total. O amor é tudo Júlia!
- Nossa isso tudo é muito interessante! Nunca havia parado para analisar as coisas por este lado. E o que você me diz sobre o número da besta, o número seiscentos e sessenta e seis? Nossa desde criança eu morro de medo só de ouvir falar nesse número.
- Não precisa ter medo Júlia! Eu explico. Olha o número seis simboliza a morte não é isso? Pois bem, a morte nada mais é do que aquilo nos faz involuir, que nos impede de crescer espiritualmente, tipo nossos defeitos, nossas falhas, erros e enganos, enfim, nossa ignorância e falta de consciência, nossa dormência espiritual. Logo o número seiscentos e sessenta e seis representa tudo isso de uma forma metafórica, é como se pegássemos a morte, nossos defeitos, o número seis e o repetíssemos três vezes(666). Agora veja uma coisa interessante Júlia. Se pegarmos o número seis e o somarmos três vezes encontraremos o número dezoito(6+6+6=18), se pegássemos o número seis e o multiplicássemos por três, também daria dezoito (3x6=18), não é isso? Agora decomponha o número dezoito e depois o some que você encontrará o número dezoito, quer ver? Então observe: seis mais seis, mais seis, igual a dezoito(6+6+6=18). Dezoito: um mais oito igual a nove(1+8=9), olha aí o nove novamente!
- O que isso quer dizer? Agora estou toda confusa!
- Quer dizer que até a besta fera, os maus, os que vivem no erro, os ignorantes, os perversos, os involuidos, “os perdidos” verão a luz. Basta apenas que queiram isso, que queiram evoluir. Ninguém será condenado perpetuamente a viver no fogo do inferno, onde a brasas e ranger de dentes, e sofrimentos e todo tipo de coisas ruins. Isso é só uma metáfora. Pode demorar bilhões de anos, mas todos terão uma chance de evoluir, de despertar a consciência, de crescer, de ascender, de retornar à casa paterna. O Pai, o Grande Pai, O Grande Ser, Deus, o Grande Deus, não quer que nenhum dos seus filhos se percam! Deus é amor. Amor incondicional. Aí você pode dizer, ah mas Deus também é justiça? Sim é justiça. Justiça verdadeira, daquela que os homens não conhecem. Daquela que não é só punir, mas é recuperar. Você acha que as prisões humanas onde o réu é apenas condenado a passar o resto da vida numa cadeia cheia de bandidos da pior espécie, sofrendo todo tipo de humilhação e sofrimento, sem chance nenhuma de aprender uma nova profissão, uma ocupação ou algo assim, irar conseguir recuperá-lo de alguma coisa? Acho difícil. O mais provável é que alguém nessas condições saia de lá pior do que quando entrou. Você acha que Deus, em sua infinita sabedoria, iria dar apenas uma única existência, uma única chance, para que um ser humano, feito à sua imagem e semelhança, viesse aqui, errasse e fosse condenado para toda a eternidade? Para todo o sempre? Isso é ilógico! Por isso é que a justiça de Deus é feita com amor. Por isso ele nos dar a chance de retornarmos e aprendermos com nossos erros e acertos, de crescermos, de evoluirmos, de procurarmos despertar a nossa consciência.
E o papo continuou noite adentro. Estavam tão envolvidos com a conversa que quase perderam o ônibus de volta para casa, mas prometeram se encontrarem novamente para continuarem a conversa e outros assuntos.
Júlia estava encantada com Adriano. Não era só um carinha bonitinho sem nada na cabeça. Não, ele tinha algo a mais, ele era especial, e também era bonitinho, ela também reparou nesses detalhes. Mulher sempre repara, sorriu consigo mesma e correu para pegar o ônibus.
Adriano estava encantado com Júlia. Ela não era uma típica patricinha desmiolada, com titicas de minhoca na cabeça. Pô, ela era legal e bem gostosinha. - Caramba! Gostosinha é? Ela era linda cara, muita areia pro seu caminhão! Ficou sem graça ao lembrar desse detalhe, mas logo se alegrou de novo. - Bom pelo menos ela gostou do meu papo se não, não teria marcado outro encontro! Correu e pegou o seu ônibus para casa.
A partir daquele dia não se desgrudaram mais. Estavam sempre juntos na universidade, em casa, nos trabalhos, nas festas e passeios. Aprenderam tanto um com o outro sobre tantas coisas. Sobre o amor, sobre sexo. Tiraram tantos tabus, tantos grilos da mente um do outro que quando menos perceberam estavam namorando. Namorando de verdade, não só ficando. Um amor lindo e romântico. Sem pressa nem atropelos. Sem forçar a barra.
Júlia se lembra das primeiras intimidades, dos primeiros toques, os primeiros beijos e quando finalmente aconteceu, foi lindo, fizeram amor de verdade também. Não apenas sexo, mas amor com paixão, coisa de pele mesmo. Cheiro, suor, química, afinidades e muito, muito prazer, sem culpas nem grilos.
Os pais de Júlia estavam viajando, passando o final de semana no litoral aproveitando o feriadão prolongado e ela havia ficado sozinha, pois tinha um monte de trabalhos para fazer e entregar na semana seguinte. Ela agora estava trabalhando para ajudar nas despesas da Universidade de forma que o tempo livre era quase todo utilizado para a realização dos benditos trabalhos acadêmicos. Adriano sempre estava por ali para lhe dar uma força, uma mãozinha. Naquela noite haviam chegado da Universidade e estavam conversando um pouco num barzinho próximo a casa de Júlia como sempre faziam às sextas-feiras. Depois Adriano a levaria para casa, se despediriam com beijos e abraços de saudades antecipadas e ele correria para pegar seu ônibus e voltar para sua república.
Àquele dia, porém, algo inusitado aconteceu. Enquanto os dois caminhavam alegremente para casa, uma chuva de verão daquelas rápidas e fortes os pegara de surpresa. Tentaram correr para ver se não se molhavam, mas foi em vão, a chuva foi mais rápida que eles e os pegou de cheio deixando-os completamente encharcados.
Ao chegarem na varanda, ambos estavam ofegantes e tremendo de frio. Ela passou as mãos pelos cabelos que a essa altura estavam completamente desalinhados enquanto ele a olhava e tirava a camisa, torcia e oferecia a ela para que se enxugasse. A blusa dela molhada colava-se ao corpo deixando marcado o seu belo corpo e os seus seios praticamente a descoberto. Olhou para ele e viu seus olhos fitos nos seus com uma expressão que revelava beleza, chama e desejo. Ele a olhava com paixão. É claro que também estava molhado e com frio, mas havia fogo em seu corpo. Ela como se estivesse hipnotizada com a visão do seu corpo másculo, suado e molhado ao mesmo tempo, estendeu a mão e o chamou para perto de si.
- Estou com frio, por que você não vem me aquecer?
Ele aproximou-se a envolvendo pela cintura com uma das mãos enquanto que com a outra acariciava seu belo rosto. Ela fechou os olhos ao seu toque e lhe ofereceu a boca em retribuição. O beijo foi suave, porém intenso. Enquanto a tempestade caia ao seu redor eles continuaram ali, protegidos da chuva, mas completamente perdidos em seus desejos e carícias que aos poucos foram se tornando mais intensas e fortes. As bocas se encontravam, as línguas se tocavam com ânsia e volúpia, enquanto mãos exigentes tateavam seus corpos em busca do prazer. Quando ele a tocou lá embaixo ela soltou um gemido e agarrou-se a ele mais sedenta, mais perdida de sentidos e juízo. Queria mais. Era tão bom está ali com ele àquele momento. Apenas se ouvia a chuva e os seus sussurros e respiração ofegante, o cheiro dele a inebriou por completo, tocá-lo, senti-lo era tão bom e ela se entregou de vez.
Ele retirou a sua blusa e os seus seios molhados e túrgidos praticamente saltaram diante de seus olhos. Ele os acariciou com as mãos curtindo cada detalhe, depois substituiu as mãos pela boca e ela deu gemido de puro prazer. Agarrou-se aos seus cabelos enquanto todo o seu corpo tremia intensamente. Ele continuou a explorá-la. Agora descera suas mãos à região da saia e com um pouco de esforço conseguiu livrá-la daquela prisão incômoda. Ela retribuiu desabotoando suas calças e tocando seu sexo viril, que a essa altura já estava doendo de tanto tesão. Ele a carregou até uma poltrona que havia na varanda, colocou-a no colo devagarzinho para que ela fosse se ajeitando sobre si aos poucos e se preparasse para recebê-lo. Por um segundo teve medo de estar sonhando. Para ter certeza de que ela estava pronta ele desceu as mãos até a sua calcinha acariciando o seu sexo e livrando-a da pequena peça. Sim ela estava pronta. Completamente umedecida e quente. Ele a deitou de costas no sofá e deitou-se sobre ela com carinho e jeito ela abriu bem as pernas e o puxou para si.
- Ah eu te quero a tanto tempo. Eu te amo tanto.
- Eu também esperei tanto por esse momento minha Linda.
E ele a penetrou firme e pausadamente acompanhando cada reação do seu corpo que se contorcia e delirava embaixo de si. Quando finalmente percebeu que podia ir mais rápido ele acelerou os movimentos ela o puxou com força para mais dentro de si. Queria senti-lo por completo. A onda de calor era imensa. O desejo extasiante. Tudo girava. Girava e explodia como um imenso carrossel de energia e prazer. Até que a tensão e os espasmos dos corpos deram sinais de que se aproximava o clímax supremo e explodiram em um alucinante orgasmo. Abraçaram-se mais forte. Ficando assim um longo tempo até que a respiração e os sentidos retornassem ao normal. Nunca imaginara que fazer amor fosse tão bom. Quando ele se levantou para deixá-la mais á vontade do abraço sufocante. Percebeu que ela chorava. Ficou apavorado. E começou a se culpar.
- Desculpa meu amor eu fui um grosso eu a machuquei, eu não soube esperar, eu fui um egoísta!
- Psiu! Calado seu bobão! Nunca ouviu dizer que as mulheres também choram quando estão felizes?! Você foi tudo de bom, foi tudo que eu sempre sonhei.
Do meu livro "O Cheiro".
Leia também: O caminho, A carta aos hebreus, Rosinha e Screbow o mensageiro da paz e A biblia e a r.
Formavam um belo casal, estavam apaixonados e realmente se amavam de verdade. Conheceram-se ainda na Faculdade durante os primeiros anos de estudo e nunca mais conseguiram desgrudar-se um do outro, era o que poderia se chamar de “almas gêmeas”. Foi amor à primeira vista. Desde que o viu pela primeira vez Júlia sentira algo estranho, diferente das demais vezes em que flertara com alguém. Havia algo em seu olhar, em sua aura, em sua maneira de falar que a atraia. Tentara lutar contra isso, mas fora em vão. Achava que não deveria se envolver com ninguém até o final de seus estudos. Havia muito em jogo ali. Cada centavo economizado pelo seu velho pai para que a filha mais velha estudasse e tivesse um bom futuro, não poderia estragar tudo isso com namoricos e distrações, o seu foco era o seu curso. Mas Adriano mostrou-se tão cavalheiro apesar da pouca idade, tão delicado e amigo, que ao invés de atrapalhá-la nos estudos, pelo contrário, passou a ser sua ânfora de salvação. Ajudava-a em todos os seus trabalhos e nas horas vagas divertiam-se como dois grandes amigos e enamorados, como realmente deveriam ser todos os casais.
Por seu turno Adriano não se sentira muito à vontade quando seus olhos tímidos cruzaram com os lindos olhos de Júlia pela primeira vez no pátio da Universidade. Menino pobre e tímido se achou imerecedor daqueles olhos tão profundos, tão intensos, tão meigos e ao mesmo tempo, tão inebriantes. Tentara tirá-la da cabeça várias vezes, achava que só iria arranjar problemas por se interessar por uma garota tão bonita como aquela. No mínimo deveria ter um namorado rico ou um monte de carinhas atrás dela. Mas não era nada disso. Júlia não era assim, não era desse tipo de garotas e o encontro entre ambos foi a coisa mais bonita que podia acontecer aos dois. Brigavam às vezes, lógico, todo casal briga, mas logo estavam os dois morrendo de saudade um do outro e davam um jeito de fazerem as pazes. Ajudavam-se, fortaleciam-se, estimulavam-se e o tempo de faculdade passou rápido. Agora estavam realizando um sonho, estavam se formando e em breve iriam poder se casar e formar uma linda família como sempre desejaram.
No dia em que se cruzaram nos corredores da faculdade foi algo mais ou menos bobo, casual mesmo. Haviam saído de um seminário de sociologia onde um dos palestrantes havia exposto um trabalho sobre a ciência das religiões e por incrível que pareça os mais interessados no assunto foram Júlia e Adriano. Fizeram todo tipo de perguntas possíveis, responderam a algumas também, fizeram suas colocações e no final descobriram que tinham algumas idéias afins a respeito do tema e que iriam desenvolver um projeto de estudo sobre o assunto juntos já que era algo que interessava profundamente aos dois. Júlia percebendo a timidez de Adriano e tentando lhe dar coragem para iniciar um bom papo foi quem primeiro puxou conversa:
- Qual a sua religião Adriano?
- Nenhuma.
- Você é ateu?
- Não. Não sou ateu.
- Então no que você acredita?
- Eu acredito no Grande Ser.
- Não entendi muito bem, explique-se melhor!
E Adriano começou a falar, agora com mais naturalidade, como se já conhecesse Júlia a bastante tempo.
- É mais ou menos assim Júlia: cada minúscula partícula constituinte do meu corpo, cada pequena célula é ao mesmo tempo independente e ao mesmo tempo parte de mim, do meu ser. Elas possuem inteligência própria, pois antes mesmo do meu cérebro, que segundo os cientistas é quem controla tudo, pois bem, antes que o meu cérebro fosse formado no meu embrião, as células já existiam, possuíam um tipo de inteligência, alma, ânima, vitalidade, vida, um tipo de consciência, pois já sabiam exatamente o que tinham de fazer. Os antigos a chamavam de Consciência Cósmica, talvez por não terem um nome mais apropriado para a época. Mas o fato é que essa consciência existe. É ela quem pré-determina o que tem que ser feito. Pelo menos não sou eu quem lhes digo que elas têm que alimentar-se, que curar-se, rejuvenescer-se. São elas mesmas que sabem exatamente o que têm que fazer. Entende?
Assim sendo, cada ser neste planeta, no cosmo, no universo, possui um ânima, uma alma, uma inteligência própria, uma consciência. Pode até mesmo ser um mineral, um vegetal. Tudo, absolutamente tudo, possui vida. Tudo é parte desse imenso a quem chamam de Deus. Eu particularmente acho a palavra Deus um tanto arcaica e primitiva, prefiro chamá-lo de Grande Ser.
Da mesma que cada célula do meu corpo é parte integrante dele e desempenha uma função específica, cada parte do planeta e do universo é parte integrante de Deus, do Grande Ser.
A essa altura Júlia o interrompeu para perguntar:
- Mas Adriano, não foi Deus quem criou tudo?
- Sim e não! Na verdade ele não criou, mas se desdobrou em tudo. “...No princípio era o verbo e o verbo se fez carne.” - Preste atenção Júlia: se fez carne. Ele se fez, ou seja, se desdobrou em carne. Poderia ser também em minerais, vegetais, animais e até em outras formas que a nossa mente ainda não tem condições de compreender. Como é possível, por exemplo, que ele tenha dito: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” – Como isso seria possível se existem tantas raças diferentes, brancos, negros, amarelos, asiáticos, indígenas?
- È verdade! Já tinha parado para pensar nisso antes e sinceramente não obtive resposta satisfatória às minhas indagações.
- Pois bem, analise comigo: quando ele fala em imagem e semelhança ele está falando em essência. Somos todos iguais a Deus em tudo. Temos a essência divina em nós, em cada parte de nosso ser, é como se fosse o DNA divino. Somos Deus em miniatura. “O micro dentro do macrocosmo. Assim como é nos céus é na terra. O reino dos céus na terra. O que está dentro é como o que está fora. O que está embaixo é como o que está em cima. Homem conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses. Buscais e achareis, batei e vos serão abertas as portas, pedi e vos será dado.”
Assim, “ame o teu próximo como a ti mesmo,” pois o teu próximo na verdade é você mesmo. Somos todos uma coisa só, um ser só, um grande ser, Deus. Desse modo, aquilo que eu faço ao outro, ao planeta, aos bichos, aos animais, plantas, insetos, à água, aos rios, aos oceanos, enfim à natureza, a tudo de uma forma geral, eu estou fazendo a mim mesmo e a Deus.
- Se liga: o coelhinho come o capim, a onça vem e come o coelhinho, o homem vem e mata a onça, o vírus vem e mata o homem, o homem vai para o solo, as bactérias o decompõem, o transformam em nitrogênio, o nitrogênio alimenta a raiz das plantas, de um novo pé de capim, vem um outro coelhinho e come esse novo pé de capim, vem uma outra onça e come o coelhinho, vem um outro homem e mata a onça, vem um outro vírus e mata o homem, e assim continua o imenso ciclo da vida, a grande harmonia do universo, o equilíbrio da vida, o Imenso Ser.
Lembre-se: “...na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” Passamos de uma forma de vida a outra, de uma forma de energia a outra. Veja a palavra Jeová, o nome sagrado de Deus, ao contrário do que muitos pensam não é um nome, mas uma sigla, um conjunto de quatro nomes que se transformaram com o uso contínuo em um único nome. No início era IOD HE VAU HE, depois sofreu uma variação para IODEVÁ, e depois para JEOVÁ. Esse é um fenômeno muito comum no que se refere à língua, posto que ela é um fenômeno vivo se modifica com o tempo. Veja o caso, por exemplo, da palavra “Cine” - antes era cinema, “Moto”- antes era motocicleta, “televisor”- passou a ser apenas TV, “IBGE” – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é bem mais fácil chamarmos apenas IBGE, não é isso? E várias outras que poderíamos citar.
- Tá bom senhor sabe tudo, essa parte eu entendi, não sei se concordo com tudo, mas achei interessante suas colocações. Agora tem uma coisa que você não explicou, qual é mesmo o significado de IOD HE VAU HE?
- Ah tá, deixa eu explicar. IOD HE VAU HE significa: “princípio eterno masculino feminino.” Os quatro elementos, a força dos contrários: a terra – o ar, a água – o fogo. Falando de uma forma mais simples, o que tem o fogo? Energia. O que tem o ar? Energia. O que tem a terra, a água? Energia. Se decompusermos toda a matéria e até a “anti-matéria”, o que vamos encontrar no final? Energia. Energia vital, força vital, inteligente, consciente. O Ânima, a consciência cósmica, a força primária, o primeiro motor. “Sempre existiu e sempre existirá.” Não pode ser criado, nem destruído, não tem começo, nem tem fim. “Eu sou o Alfa e o Ômega o princípio e o fim de todas as coisas.” Tudo vem do pai e ao pai retorna. É tudo dele, por ele, para ele são todas as coisas.
Não existe essa história de bem, nem de mal, o que existe de fato, são manifestações do ser em maior ou menor grau de consciência de si mesmo, do todo, de evolução.Caminhando para se fundir, se mesclar com o Grande Ser, só que de consciência desperta, sabendo o que se estar fazendo.
- Legal! Acho que agora sim as coisas podem dá uma clareada na minha cabeça! E isso explicaria inclusive, por que tanta dor e sofrimento no mundo. Posso até concordar em mais coisas.
- Legal que você tenha entendido. Isso indica que você é uma pessoa de mente aberta, que está buscando compreensão e conhecimento. Quanto a questão de concordar ou não concordar com tudo, isso sinceramente Júlia, não é o mais importante. O interessante é se permitir questionar, buscar, procurar essas respostas dentro de si mesmo, ok?
Voltando um pouco à questão do “verbo.” O verbo é fala, a fala é som, o som é energia, energia em forma de ondas. Assim de novo o que resta é energia. O Big Bang, a Bíblia e também os outros livros sagrados, falam da mesma coisa, apenas com linguagens diferentes. Uns com sentido mais religioso, outros com sentido mais científico, mas no fundo, ciência e religião buscam a mesma coisa, a união, a religação, a compreensão do homem, das coisas e conseqüentemente de Deus, do Grande Ser.
Essa busca do “religare”, religação do homem a Deus, papel primordial da religião, nada mais é do que essa tomada de consciência, de consciência cósmica, dessa compreensão de que tudo é Deus e nós somos parte dele, logo também somos Deus. O grande mestre dizia: “Eu e o Pai somos Um.” Seria tão mais simples se o mundo acordasse para estas questões.
A ciência por sua vez nada mais é do que tornar-se “ci-ente” de alguma coisa, ou melhor, tomar “ciência” , “cons-ciência”, “consciência” de algo muitomaior e mais importante que é Deus.
Ame-se, ame ao próximo, ame ao planeta, ame tudo, pois tudo é Deus em menor ou maior grau de consciência. Quando os homens tomarem consciência disso, verão que não há mais motivo para tanta competição, para tantas maldades, para tanta, ganância, para tanta, crueldade. Verão que “há mais sentido em dar que em receber”, em dividir e colaborar que roubar, que tomar, que acumular, que guardar pra si sós. Que não existe mais motivo para tanto medo, mas para acreditar e viver em paz.
- Nossa que lindo Adriano! Poxa me emocionei com suas últimas palavras! Mas ainda tem uma coisinha me encafifando, e quanto à morte? Como é que fica essa questão?
- Não existe morte, mas apenas mudança de um estágio a outro. De uma forma a outra. Viemos ao mundo para compreendermos isso, para aprendermos com Deus, para compreendê-lo. Como um pai que envia o seu filho à escola porque quer vê-lo inteligente, instruído, sábio, o Grande Pai nos enviou a esse mundo e espera que aprendamos, que despertemos nossa consciência e um dia retornemos para casa, ou seja, para ele, ao seu seio, com consciência desperta, evoluída.
- Será que existem planetas mais evoluídos que o nosso?
- Claro! Lembra das palavras do Grande Mestre? “A casa do meu Pai possui muitas moradas”. O que seriam essas moradas Júlia? Não poderiam ser planetas mais evoluídos? De estágios de consciência mais despertos?
- E quanto à questão da reencarnação, a bíblia não fala nada disso?
- Fala sim Júlia! Olha a questão é que a bíblia é um livro velado, sagrado. Você sabe o significado de sagrado? Secreto. Ou seja, a bíblia nunca foi um livro escrito para todos. Imagine uma população com um mínimo de pessoas alfabetizadas e o restante, coitados, sem saberem ler nem escrever, é por isso que o grande mestre resumiu tudo: “Ame a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como ti mesmo, nisso se resume toda a lei e os profetas.” O amor Júlia, constrói, edifica, faz evoluir e traz a compreensão daquilo que está velado, escondido. A bíblia é um livro maravilhoso, porém muito difícil de ser compreendido sem uma preparação prévia, mas ela fala sim de reencarnação. Se é isso que você quer saber, pega a sua bíblia depois quando tiveres um tempinho e leia o capítulo dezessete do evangelho de Mateus, mais precisamente do versículo um ao treze e você mesma verá que João Batista na verdade era a reencarnação de Elias .
- Mas e o livro de Hebreus, lá não está escrito que o homem nasce uma vez, morre e segue o juízo final?
- Olha Júlia, nós estamos falando de um contexto de época, de um povo que achava que tudo se resolvia através de julgamentos, porque foi isso que eles herdaram de seus antepassados, de Moisés. Mas veja bem, a todo o momento estamos sendo julgados por nossos atos, nossa consciência acusa, retrata, recorda, valores, padrões, nos pune, absorve, e, além disso, as leis divinas estão gravadas em nós, nos nossos corações, nas nossas mentes, nas nossas almas, em nosso DNA, que possui a essência divina que nos impele para o bem. E se isso não for o suficiente, depois que desencarnamos, esse código de quem nós fomos fica registrado em nós, em nosso campo energético para que numa posterior reencarnação passemos a vibrar exatamente de onde e como paramos para continuarmos aprendendo e evoluindo, esse é o tal julgamento final. Ou seja, o homem nasce, morre, passa por um julgamento final relativo àquela existência e aguarda um novo ressurgimento, um novo retorno, uma nova reencarnação, uma nova oportunidade de crescimento, de reparar seus erros e evoluir. Por que Deus em sua infinita sabedoria iria criar isso tudo, só para que você viesse aqui, tivesse aí alguns anos de vida, morresse e acabasse tudo. Isso é ilógico, não acha?
- È, até que as suas colocações fazem sentido.
- Pois é como eu falei a bíblia é um livro sábio, porém não é tão compreendê-lo. Existem muitos mistérios, cabala por exemplo, a bíblia está repleta dela.
- Cabala? Já ouvi algo a respeito mas não entendi muito bem.
- Numerologia. Vou lhe dar um exemplo. A bíblia diz que o Grande Mestre morreu aos trinta e três anos. Olha o número seis na Cabala representa a morte. E como eu encontro o número seis? Decompondo e somando os dígitos da sua idade. Veja: trinta e três ( 3+3=6), portanto aí está número seis que representa a morte. E por que ele ressuscitou ao terceiro dia? Porque se você pegar o seis e somar com três vai dar nove e o número nove representa a ressurreição, o ressurgimento, o renascimento, o novo homem. Observe: ele morre aos trinta e três anos (3+3=6) e ressuscita ao terceiro dia(6+3=9). Quer ver uma coisa interessante? Por que o Livro de Apocalípse no seu capítulo sete versículo quatro(Apoc 7:4) diz que o número dos escolhidos serão cento e quarenta e quatro mil? Vou explicar: são doze tribos de Israel cada uma com doze mil escolhidos, logo, doze vezes doze é igual a cento e quarenta e quatro(12x12=144). Agora decomponha e depois some: cento e quarenta e quatro(1+4+4=9), aí está o número dos escolhidos, ou seja, o arcano nove, o número daqueles que “encarnaram” o arcano nove, que encarnaram o “Cristo”, o amor, a bondade, a virtude, o novo homem, o ressurgimento, a ressurreição, o nascer de novo. Por isso o Grande Mestre sempre enfatizou o amor. O amor incondicional, o amor sem reservas, sem preconceitos, sem descriminação, sem acepção de pessoas, o amor total. O amor é tudo Júlia!
- Nossa isso tudo é muito interessante! Nunca havia parado para analisar as coisas por este lado. E o que você me diz sobre o número da besta, o número seiscentos e sessenta e seis? Nossa desde criança eu morro de medo só de ouvir falar nesse número.
- Não precisa ter medo Júlia! Eu explico. Olha o número seis simboliza a morte não é isso? Pois bem, a morte nada mais é do que aquilo nos faz involuir, que nos impede de crescer espiritualmente, tipo nossos defeitos, nossas falhas, erros e enganos, enfim, nossa ignorância e falta de consciência, nossa dormência espiritual. Logo o número seiscentos e sessenta e seis representa tudo isso de uma forma metafórica, é como se pegássemos a morte, nossos defeitos, o número seis e o repetíssemos três vezes(666). Agora veja uma coisa interessante Júlia. Se pegarmos o número seis e o somarmos três vezes encontraremos o número dezoito(6+6+6=18), se pegássemos o número seis e o multiplicássemos por três, também daria dezoito (3x6=18), não é isso? Agora decomponha o número dezoito e depois o some que você encontrará o número dezoito, quer ver? Então observe: seis mais seis, mais seis, igual a dezoito(6+6+6=18). Dezoito: um mais oito igual a nove(1+8=9), olha aí o nove novamente!
- O que isso quer dizer? Agora estou toda confusa!
- Quer dizer que até a besta fera, os maus, os que vivem no erro, os ignorantes, os perversos, os involuidos, “os perdidos” verão a luz. Basta apenas que queiram isso, que queiram evoluir. Ninguém será condenado perpetuamente a viver no fogo do inferno, onde a brasas e ranger de dentes, e sofrimentos e todo tipo de coisas ruins. Isso é só uma metáfora. Pode demorar bilhões de anos, mas todos terão uma chance de evoluir, de despertar a consciência, de crescer, de ascender, de retornar à casa paterna. O Pai, o Grande Pai, O Grande Ser, Deus, o Grande Deus, não quer que nenhum dos seus filhos se percam! Deus é amor. Amor incondicional. Aí você pode dizer, ah mas Deus também é justiça? Sim é justiça. Justiça verdadeira, daquela que os homens não conhecem. Daquela que não é só punir, mas é recuperar. Você acha que as prisões humanas onde o réu é apenas condenado a passar o resto da vida numa cadeia cheia de bandidos da pior espécie, sofrendo todo tipo de humilhação e sofrimento, sem chance nenhuma de aprender uma nova profissão, uma ocupação ou algo assim, irar conseguir recuperá-lo de alguma coisa? Acho difícil. O mais provável é que alguém nessas condições saia de lá pior do que quando entrou. Você acha que Deus, em sua infinita sabedoria, iria dar apenas uma única existência, uma única chance, para que um ser humano, feito à sua imagem e semelhança, viesse aqui, errasse e fosse condenado para toda a eternidade? Para todo o sempre? Isso é ilógico! Por isso é que a justiça de Deus é feita com amor. Por isso ele nos dar a chance de retornarmos e aprendermos com nossos erros e acertos, de crescermos, de evoluirmos, de procurarmos despertar a nossa consciência.
E o papo continuou noite adentro. Estavam tão envolvidos com a conversa que quase perderam o ônibus de volta para casa, mas prometeram se encontrarem novamente para continuarem a conversa e outros assuntos.
Júlia estava encantada com Adriano. Não era só um carinha bonitinho sem nada na cabeça. Não, ele tinha algo a mais, ele era especial, e também era bonitinho, ela também reparou nesses detalhes. Mulher sempre repara, sorriu consigo mesma e correu para pegar o ônibus.
Adriano estava encantado com Júlia. Ela não era uma típica patricinha desmiolada, com titicas de minhoca na cabeça. Pô, ela era legal e bem gostosinha. - Caramba! Gostosinha é? Ela era linda cara, muita areia pro seu caminhão! Ficou sem graça ao lembrar desse detalhe, mas logo se alegrou de novo. - Bom pelo menos ela gostou do meu papo se não, não teria marcado outro encontro! Correu e pegou o seu ônibus para casa.
A partir daquele dia não se desgrudaram mais. Estavam sempre juntos na universidade, em casa, nos trabalhos, nas festas e passeios. Aprenderam tanto um com o outro sobre tantas coisas. Sobre o amor, sobre sexo. Tiraram tantos tabus, tantos grilos da mente um do outro que quando menos perceberam estavam namorando. Namorando de verdade, não só ficando. Um amor lindo e romântico. Sem pressa nem atropelos. Sem forçar a barra.
Júlia se lembra das primeiras intimidades, dos primeiros toques, os primeiros beijos e quando finalmente aconteceu, foi lindo, fizeram amor de verdade também. Não apenas sexo, mas amor com paixão, coisa de pele mesmo. Cheiro, suor, química, afinidades e muito, muito prazer, sem culpas nem grilos.
Os pais de Júlia estavam viajando, passando o final de semana no litoral aproveitando o feriadão prolongado e ela havia ficado sozinha, pois tinha um monte de trabalhos para fazer e entregar na semana seguinte. Ela agora estava trabalhando para ajudar nas despesas da Universidade de forma que o tempo livre era quase todo utilizado para a realização dos benditos trabalhos acadêmicos. Adriano sempre estava por ali para lhe dar uma força, uma mãozinha. Naquela noite haviam chegado da Universidade e estavam conversando um pouco num barzinho próximo a casa de Júlia como sempre faziam às sextas-feiras. Depois Adriano a levaria para casa, se despediriam com beijos e abraços de saudades antecipadas e ele correria para pegar seu ônibus e voltar para sua república.
Àquele dia, porém, algo inusitado aconteceu. Enquanto os dois caminhavam alegremente para casa, uma chuva de verão daquelas rápidas e fortes os pegara de surpresa. Tentaram correr para ver se não se molhavam, mas foi em vão, a chuva foi mais rápida que eles e os pegou de cheio deixando-os completamente encharcados.
Ao chegarem na varanda, ambos estavam ofegantes e tremendo de frio. Ela passou as mãos pelos cabelos que a essa altura estavam completamente desalinhados enquanto ele a olhava e tirava a camisa, torcia e oferecia a ela para que se enxugasse. A blusa dela molhada colava-se ao corpo deixando marcado o seu belo corpo e os seus seios praticamente a descoberto. Olhou para ele e viu seus olhos fitos nos seus com uma expressão que revelava beleza, chama e desejo. Ele a olhava com paixão. É claro que também estava molhado e com frio, mas havia fogo em seu corpo. Ela como se estivesse hipnotizada com a visão do seu corpo másculo, suado e molhado ao mesmo tempo, estendeu a mão e o chamou para perto de si.
- Estou com frio, por que você não vem me aquecer?
Ele aproximou-se a envolvendo pela cintura com uma das mãos enquanto que com a outra acariciava seu belo rosto. Ela fechou os olhos ao seu toque e lhe ofereceu a boca em retribuição. O beijo foi suave, porém intenso. Enquanto a tempestade caia ao seu redor eles continuaram ali, protegidos da chuva, mas completamente perdidos em seus desejos e carícias que aos poucos foram se tornando mais intensas e fortes. As bocas se encontravam, as línguas se tocavam com ânsia e volúpia, enquanto mãos exigentes tateavam seus corpos em busca do prazer. Quando ele a tocou lá embaixo ela soltou um gemido e agarrou-se a ele mais sedenta, mais perdida de sentidos e juízo. Queria mais. Era tão bom está ali com ele àquele momento. Apenas se ouvia a chuva e os seus sussurros e respiração ofegante, o cheiro dele a inebriou por completo, tocá-lo, senti-lo era tão bom e ela se entregou de vez.
Ele retirou a sua blusa e os seus seios molhados e túrgidos praticamente saltaram diante de seus olhos. Ele os acariciou com as mãos curtindo cada detalhe, depois substituiu as mãos pela boca e ela deu gemido de puro prazer. Agarrou-se aos seus cabelos enquanto todo o seu corpo tremia intensamente. Ele continuou a explorá-la. Agora descera suas mãos à região da saia e com um pouco de esforço conseguiu livrá-la daquela prisão incômoda. Ela retribuiu desabotoando suas calças e tocando seu sexo viril, que a essa altura já estava doendo de tanto tesão. Ele a carregou até uma poltrona que havia na varanda, colocou-a no colo devagarzinho para que ela fosse se ajeitando sobre si aos poucos e se preparasse para recebê-lo. Por um segundo teve medo de estar sonhando. Para ter certeza de que ela estava pronta ele desceu as mãos até a sua calcinha acariciando o seu sexo e livrando-a da pequena peça. Sim ela estava pronta. Completamente umedecida e quente. Ele a deitou de costas no sofá e deitou-se sobre ela com carinho e jeito ela abriu bem as pernas e o puxou para si.
- Ah eu te quero a tanto tempo. Eu te amo tanto.
- Eu também esperei tanto por esse momento minha Linda.
E ele a penetrou firme e pausadamente acompanhando cada reação do seu corpo que se contorcia e delirava embaixo de si. Quando finalmente percebeu que podia ir mais rápido ele acelerou os movimentos ela o puxou com força para mais dentro de si. Queria senti-lo por completo. A onda de calor era imensa. O desejo extasiante. Tudo girava. Girava e explodia como um imenso carrossel de energia e prazer. Até que a tensão e os espasmos dos corpos deram sinais de que se aproximava o clímax supremo e explodiram em um alucinante orgasmo. Abraçaram-se mais forte. Ficando assim um longo tempo até que a respiração e os sentidos retornassem ao normal. Nunca imaginara que fazer amor fosse tão bom. Quando ele se levantou para deixá-la mais á vontade do abraço sufocante. Percebeu que ela chorava. Ficou apavorado. E começou a se culpar.
- Desculpa meu amor eu fui um grosso eu a machuquei, eu não soube esperar, eu fui um egoísta!
- Psiu! Calado seu bobão! Nunca ouviu dizer que as mulheres também choram quando estão felizes?! Você foi tudo de bom, foi tudo que eu sempre sonhei.
Do meu livro "O Cheiro".
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