Enquanto o céu for o nosso limite - Sexto Capítulo

Abriu os olhos e, ainda com a vista embaçada pelo muito tempo em que ficara de olhos fechados, pôde ver a silhueta de um homem aproximando-se. Ajeitou suas roupas e sua postura. Passou as mãos pelos cabelos e olhou com mais atenção àquela figura altiva que se aproximava cada vez mais.

Ainda a certa distância, conseguia sentir o perfume com notas amadeiradas que vinha dele. Quando finalmente ele chegou próximo a ela, trazia consigo um sorriso sereno e doce, tanto quanto o perfume que, a essa altura, estava ainda mais marcante.

Seus olhos se fixaram nos dele numa longa busca por respostas.

Ele, homem de altura mediana, aparentando seus quarenta e poucos anos, trazia em seu sorriso a calma que há muito Rosa não vira em um rosto.

Finalmente aqueles segundos – que pareceram longos – foram quebrados pelas palavras daquele homem que havia despertado tanta curiosidade nela.

“Boa tarde. Agradável brisa hoje, não?”

Seu coração parecia que saltaria por seu peito e a sensação de dèja vú que

ele lhe causara tomava-lhe de assalto a serenidade que antes sentia.

Entre um risinho sem jeito, ela lhe acenou com a cabeça afirmativamente. As palavras pareciam-lhe terem sido roubadas e uma incapacidade de concatenar as idéias perturbava-a.

“O quê é isso? Tenha calma, Rosa!”, ela pensava numa busca por não parecer tão tola diante daquela situação inusitada.

Ele então, voltou seu olhar ao horizonte e ficou ali, parado, simplesmente fitando o entardecer que se aproximava.

Ela, visivelmente mexida com aquela situação e com aquele homem que lhe parecia ter surgido ao acaso, fitava-o cada centímetro do corpo procurando encontrar respostas para tamanha inquietação.

Não as achava e quanto mais tempo ele permanecia, mais incômoda sentia-se.

Foram alguns minutos somente, mas Rosa já tinha as mãos suadas e o coração ainda aos saltos.

Letícia Cesario
Enviado por Letícia Cesario em 23/01/2010
Código do texto: T2045878
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