Enquanto o céu for o nosso limite - Quinto Capítulo
Agora queria descobrir quem havia escrito, mas, como faria isso?
Não sabia. Apenas sentia que de uma forma ou de outra, isso aconteceria.
No dia seguinte, ao retornar de seu passeio e fazer o que lhe era de hábito, parou em frente à flor e sentia que seu novo admirador a olhava.
Não podia vê-lo, mas sentia-o. E era uma sensação gostosa e de bem estar. Embora não soubesse de onde vinha, sentia e isso a assustava ao mesmo tempo. Dessa vez, não se demorou com sua amiga. Despediu-se logo de sua florzinha, acariciou-lhe as pétalas e subiu ao quarto.
Àquela altura, nem se lembrava mais de Carlos e de suas palavras rudes. Tudo ficara no passado e apenas refletia no acaso do momento atual.
E agora pensava em como aquela separação conturbada era melhor para ela. Viver as inconstâncias de outra pessoa havia deixado-a esgotada e naquele lugar onde podia respirar tranquilidade, tudo havia se acalmado e seu pensamento estava novamente em ordem. Não que ela fosse esquecer-se de Carlos e de todo o amor que ainda resistia em seu peito. Mas já olhava para aquela história, como uma página virada.
“Ah! Como me fez bem respirar novos ares!”, arfava o peito e dizia isso em voz quase imperceptível.
Mas sua mudança saltava aos olhos e as cores já haviam retornado em sua face.
No dia seguinte faria diferente: conversaria com sua amiga Margarida ainda antes de sair. E tanto bem lhe fez aquela troca de sensações, que se resolvera por ficar. Hoje deitaria na rede da varanda, apenas sentindo a brisa refrescante do local e ouvindo o chacoalhar das folhas dançando ao som do vento.
Estava ali, de olhos cerrados, absorta em sensações que há muito não se lembrava de sentir quando foi arrancada de seu interior ao ouvir passos em sua direção.