Enquanto o céu for o nosso limite - Quarto Capítulo
Todos os dias, ao regressar à pousada, acariciava sua nova amiga Margarida e ficava ali por muito tempo, apenas contemplando e deixando-se acariciar por aquela singela flor.
Um dia, ao retornar de um passeio, chegou perto do jardim de inverno, como de costume, olhou a florzinha e seus olhos viram algo bem ao lado. Com olhar investigativo viu logo que se tratava de uma folha de papel dobrada. Sua curiosidade feminina falou mais alto e pegou aquele papel nas mãos. Algo dentro de seu peito dizia-lhe que era endereçado a ela. Não teve dúvidas, desdobrou o papel e lá estava escrito um recado em letras masculinas.
Seu coração ficou aos saltos quando leu:
“Menina Flor...
Tua beleza confunde-se com as flores deste jardim!”
Rápido, ela levantou os olhos procurando ao seu redor alguém que pudesse estar olhando-a. Aquela sensação de estar sendo observada sem que soubesse, ao mesmo tempo em que a incomodava, deixava no ar uma sensação gostosa e fizeram de suas faces rubras, seus lábios rosados avermelharam-se e seu olhar brilhou.
Não viu ninguém. Guardou o papel, que estava perfumado pelas flores que lhe serviram de correio, e subiu a seu quarto. Lá, jogou-se em sua cama e ficou fitando o teto relembrando as palavras que acabara de ler.
Não entendia direito porque aquelas poucas letras haviam mexido tanto com seus brios.
E se não fosse para ela? E se aquilo fosse um mero acaso?
Não. Sentia que eram delas aquelas palavras...