Filosofia

Um trago no cigarro enquanto pensa o que poderia ter acontecido se...

Mas logo tenta parar de pensar nisso... Tenta mas não consegue.

Durante a noite, em sua cama vazia, ele apenas espera o toque do telefone... Um único telefonema que poderia mudar tudo o que sente...

A solidão o incomoda: a falta dela. Durante a noite mal consegue dormir... Sabe que algo muito importante escapou por seus dedos, talvez o mais importante, e não pôde fazer nada a respeito...

Estava cansado: outras vezes tentara de todas as maneiras, conseguira o que queria, mas desta vez era final... No fundo ainda achava que algo poderia mudar, que tudo voltaria ao que era antes... Que ela voltaria...

Andava a esmo, na casa de amigos, nunca falava sobre o que lhe afligia, apenas queria ter a certeza que tinha alguém ao lado caso não conseguisse suportar. Foi seu maior amor, sua paixão... Nada restara...

Pensamentos o atormentavam a todo instante: ela com outro, o desprezo por ele, sua própria morte em frente a ela como uma última chance de contato, de carinho...

Nada compreendia, nada escutava, nada falava... Tudo perdera encanto, tudo perdera cor...

Mas uma obstinação em aceitar o real, não o deixava desistir... Não importaria o que dissesse, o que fizesse, não poderia mudar o que aconteceu... Não sabia o quê, mas algo acontecera...

"Amor fati". Lembrava do conceito de Nietzsche: amor ao destino, aceitação jubilosa do trágico.

Filosofia, sempre a filosofia. O que podia ela frente à um amor como o que ele sentia? Não sabia.

Estava prestes a descobrir.

Daniel Rossi
Enviado por Daniel Rossi em 22/01/2010
Código do texto: T2043785
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