Orgulho e egoismo de mão atadas.

Há muito tempo, vivia senhor Francisco, numa sociedade onde a lei era viver a qualquer custo. Ele era um jovem, (fruto dessa sociedade) que lutava bravamente para sobreviver. Seu pai, que também era parte dessa sociedade, comentava com os outros orgulhosamente: “este garoto vai longe”!

....Criado desta maneira, no mundo que dizia apenas “mais!” desconhecia por completo algumas palavras como: dividir, amar, dar e receber. Ele, na verdade, conhecia o “toma lá e dá cá”. O único objetivo era o poder. “Faça isso, faça aquilo, eu mando, pois sou eu quem está pagando”. Seu egoísmo era uma rocha. Cego e surdo, jamais teve tempo para alguém e, em pouco tempo, chegou ao ápice. Seu pai, agora idoso, polido pelo majestoso e poderoso tempo, formado na faculdade do sofrimento, tentava, inutilmente, ensina-lo, para que eu não sofresse tudo que havia sofrido, por desconhecer os verdadeiros valores da vida. Nessa altura dos acontecimentos, havia em seu pensamento apenas uma meta: o poder. Foi então que idealizou a construção desta casa.

Seu velho pai, antes da grande e última viagem, certamente, em suas orações, pedira ao Pai que o mostrasse o sentido da vida. É, meu amiguinho! Ele realmente completou sua obra. Tudo começou quando resolveu construir a sua fortaleza. Queria um lugar onde ninguém ousasse importunar-lo. Construio a sua casa toda fechada; os muros com mais de três metros de altura, que garantiriam a sua santa privacidade. Ele não percebia que aquilo não era privacidade. Era, na verdade, a mais completa solidão.

Arborizou seu pomar com árvores frutíferas e arbustos ornamentais, para enfeitar de flores aquele paraíso somente seu. O tempo passou, suas árvores frutíferas cresceram, mas não davam frutos; as ornamentais, nem botões de flores, por incrível que pareça, nem mesmo os passarinhos cantavam ou faziam ali os seus ninhos. Realmente, era a mais triste solidão. Resolveu fazer uma longa viagem. Queria fugir para longe, tentando procurar, seja lá onde fosse, a tal de ‘felicidade’. Rodou meio mundo, procurou aqui e ali, mas, nada de felicidade. Pensou consigo mesmo: _‘Meu velho pai devia estar caducando, antes de passar para o outro lado da vida, disse que eu precisava mudar de vida, e eu mudei. Estou viajando há tempos, coisa que jamais fiz. Procurei conhecer todas as Sete Maravilhas do Mundo e, na verdade, não me empolguei.’ Comecei a questionar: porque todos estão maravilhados e só eu não consigo ser feliz? _Resolvieu voltar para casa. Não adiantava procurar este obscuro Deus de que seu pai falou tanto antes de partir. Se este Deus quiser, Ele mesmo o encontraria.

Naquele mesmo dia, juntou suas tralhas frustrado e sentindo-se o mais infeliz dos homens, voltou para continuar sobrevivendo, até o final de seus dias.

Quando cheguou a sua casa, deparou-se com um quadro que jamais pensará que pudesse acontecer: uma grande tempestade havia derrubado o muro e, mesmo com toda estrutura e tamanho, ele não resistira à força da natureza. Meus amigos, isso ainda era pouco, diante do que ainda viria a acontecer. Quando chegou ao quintal, pude ver suas árvores cheias de frutos e flores, crianças que brincavam subindo e descendo das árvores, pássaros que fizeram ali seus ninhos, fixando aqui suas moradas. Ele experimentou naquele momento, uma sensação indescritível. Passou então a contemplar a importância das crianças, dos pássaros e também a sua. Perceberá que, involuntariamente, havia proporcionado a pintura de um belo quadro, com que jamais sonhara.

Olhou para uma jabuticabeira, onde uma pequena criança se esforçava para subir. Pode reparar que aquela criança estava com o cotovelo e antebraço machucados e sujos de sangue. Ficou com muita pena, sentimento estranho para ele. Então, foi em direção a ela, para ajudá-la a subir na árvore. Quando se aproximou daquela pequena criaturinha, comentou: _‘Filho, você se machucou todo. Por que não pediu para que o ajudassem subir?’ Ele surpreendeu-me com sua resposta:

_Não, tio Francisco, na verdade, não me machuquei tentando subir em sua árvore! Estes arranhões em meus braços, eu os consegui há tempos, quando tentava pular o seu muro! Eu sou aquele que o procura para lhe dar felicidade. Eu sou o filho de Deus.”

Ao ouvir esta narrativa, chorei.

O egoismo constroe muros enorme envolta de nós. Devemos deixar sempre um grande portão, aberto, para que entre Deus, atravez da humildade.

Tonho Tavares

Tonhotav@yahoo.com.br

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 19/01/2010
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