MEU AVÔ UMA LIÇÃO DE VIDA

= MEU AVÔ, UMA LIÇÃO DE VIDA =

Meu avô era um pequeno fazendeiro, próximo ao povoado de Marilandia, antigo Desterro. Ele casado como à senhora Esmeraldina Tavares “Naná”, tiveram seis filhos naturais e mais, nem sei quantos, que foram criados por eles.

Meu avô, Ziquinha Tavares, nesta ocasião, resolveu fazer uma viajem, até a cidade de Congonhas, para pagar uma promessa. Isto foi na década de vinte, quando não existia nem mesmo estradas.

Buscou a sua tropa de burros, carro de boi, três serviçais e partiram para tal viajem, ou melhor, aventura. Meu pai, na época, estava com sete meses de idade. Era uma longa jornada. Saíram, ao romper do dia, meu avô, com a sua vara de ferrão, deus início a viajem.

Eram seis juntas de bois, fortes e bem treinados. Burros e mulas repartiam a carga. Cheios de alegria, foram a fazer poeira pelas estradas carreiras. A noite já vinha caindo, quando meu avô, procurou um lugar onde pudesse descansar os animais e dormir. Chegaram a uma grande fazenda, com mais de dez janelas, só na parte da frente da casa, (naquela época importância se dava pelo número de janelas), “eira... pintado, eira... malhado”, era o meu avô dando a ordem de parada aos bois.

_Boa tarde, senhor! – cumprimentou ao dono da fazenda.

_Boa tarde! Onde então indo, seu moço?

_Vamos a Congonha, devo pagar uma promessa.

_Vocês tem muito chão pela frente, meu amigo.

_É certo! Será, que o senhor poderia nos arrumar um lugarzinho, no seu paiol, para eu agasalhar a minha família, tenho um menorzinho, com apenas sete meses, pode arrumar?

_Sabe moço, meu paiol esta cheio, não tem jeito, mas logo ali na frente, tem um grande bambual, os bambus se cruzaram e lá, dá para passarem a noite sossegados.

_Meu avô, não ficou muito contente, mas não insistiu, agradeceu e tocou seu carro, que saiu cantando até o lugar determinado. Armaram o acampamento, fizeram ali o jantar, prepararam a cama e levados pelo cansaço, não demoraram a pegar no sono.

Era uma noite estrelada, muito linda! Lá pelas tantas da noite, o fazendeiro chegou ao acampamento, com um lampião, chamou o meu avô:

_Sô Ziquinha! Ô sô Ziquinha! –gritava o homem, meio apavorado.

_Em que posso lhe ajudar?

_É meu filho, senhor, esta doente, parece muito grave, por um acaso, o senhor tem algum remédio que possa ajudá-lo?

_Tenho sim senhor, posso ir vê-lo, tenho muita prática com remédios homeopáticos, sou eu que trato das pessoas da minha região.

_Então vamos lá.

_Meu avô, era uma homem muito caridoso, que sempre cuidou dos menos favorecidos. Chegaram a casa grande, ele examinou a criança e detectou que a mesma, estava com crupe (obstrução na laringe), que podia levá-la a morte. Meu avô preparou o remédio e de hora em hora ministrava o dito cujo. Quando o sol clareava no horizonte, o menino respirava com alívio. Ele voltou ao acampamento e começou o preparo, para a longa jornada. O fazendeiro veio até o meu avô e disse:

_ Sô Ziquinha! Sei que vida, não tem preço, tudo que eu lhe der, não pagará, o bem que fez a nós, principalmente ao nosso filho! Quero que fale o quanto eu devo lhe pagar?

_Pode ter certeza meu amigo, eu darei o meu preço. Não será em espécie, mas em favor.

_Pode falar, eu faço qualquer coisa.

_Então moço, eu te peço, quando chegar uma família com crianças em sua porta, pedindo abrigo, não os negue, ainda que seja no paiol.

Que Deus, o abençoe sempre!

_ E assim, continuaram a sua viajem, certos de que, o santo padroeiro os levariam em paz.

.

Tonho Tavares

Tonhotav@yahoo.com.br

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 14/01/2010
Código do texto: T2029661