Lá na Lua
Olá, Nos três últimos dias tenho pensado muito em você. Não! Por favor, deixa eu falar!
Eu não espero resposta sua, eu não espero que você diga que também tem pensado em mim. Na verdade, nos últimos três dias tenho percebido que não espero mais nada. No entanto, estou aqui querendo lhe dizer uma série de coisas, coisas que serão ditas em espera de nada.
Sabe esses dias quentes quando o céu é uma penumbra azul-marinho-quase-preto, salpicado de pontos brancos-luminosos?
Esses dias eu fico fitando o céu até dormir e imaginando figuras entre as estrelas e nos imaginando entre elas também.
Nessas noites penso em como seria perfeito tê-la aqui perto de mim, deitada no meu peito, meu queixo encostando em sua cabeça de modo que quando abaixo o rosto consigo beijar seus cabelos e você se sente protegida por mim.
Me deixa falar meu bem, eu só imagino! Imagino essas coisas com você! Me deixa terminar por favor.
Como dizia, nessas noites onde o céu está azul-marinho-quase-preto e você fica deitada no meu peito e eu beijo seus cabelos e dai você diz que eu sou seu herói, que eu te protejo. Nessas noites...
Eu gosto de ser seu herói, eu fico feliz em pensar que poderia ser o herói de alguém.
Meu bem, minha querida, eu imagino seus olhos olhando pra mim e chego a chorar pensando que você está realmente ali me olhando.
Eu tenho um segredo pra te contar, por que só contaria pra você.
Percebi, descobri uma coisa muito importante.
Não! Não! Você não consegue me ouvir sem me interromper! Meu anjo... tenha um pouco de paciência, eu estou tentando ser breve.
Então, falava de minha descoberta. Os homens ficam se perguntando de onde viemos e para onde vamos, ficam imaginando Deuses e criando crenças. E alguns desses homens acreditam que estamos sozinhos em meio ao Universo.
Pois bem, em uma dessas noites em que fitava o céu, a lua estava redonda, tão redonda e luminosa como nunca havia reparado antes. Era a última lua cheia do ano. Foi então que me dei conta. Em meio aquela vastidão de céu-negro, lá estava o que chamamos de lua. E ela nada mais era do que uma passagem. Sim! Exatamente! Um buraco no céu para um mundo que fica do outro lado. A lua é uma passagem que só se abre ao anoitecer, ela é como um olho mágico onde os outros - os que ficam do outro lado - nos observam e controlam o que a gente faz aqui.
Esse é o mistério da vida meu anjo... saber que do outro lado nunca escurece e que tem sempre alguém nos observando pelo grande olho mágico do mundo.
Agora, todas as noites fico deitado na grama úmida do quintal espiando o grande buraco do céu. E tem sido tão maravilhoso, tão excitante saber que descobri isso. tão tão tão tão maravilhosamente!
Nos últimos três dias tenho pensado muito em você e como seu rostinho se iluminaria e ficaria encantada quando lhe contasse isso. Foi a partir dai que pensei em você deitada no meu peito e em toda aquela história de herói.
Desculpe, comecei essa conversa dizendo que não espero mais nada.
Eu menti!
Desculpe, desculpe querida! deixa eu me explicar!
Eu menti porque queria poder te dizer essas coisas. Contudo, eu espero sim. Eu espero porque te imaginar faz meu coração bater tão rápido que parece que vai saltar do meu peito, por que imaginar seus olhos me faz lembrar dos pontos brancos-luminosos salpicados no céu, por que eu te carregaria no colo a vida inteira, eu te levaria café e te amaria pra sempre.
Eu espero meu bem, minha vida, meu anjo, que você aceite viajar pra lua comigo e que lá - do outro lado do mundo - a gente possa casar.
Isso... Pronto, consegui!
Espera, espera! Já estou indo!
Olá meu anjo. Desculpe, é o costume de te chamar de meu anjo. Não faço mais, prometo.
O que eu queria dizer? Não sei bem...nada... é só pra você pegar suas coisas, eu... eu estou precisando de mais espaço aqui.
Tá bem. Já está tudo ai? Você não quer sentar e conversar um pouco. Posso te fazer um café. Tá. tá bem então. Pressa, entendo.
Tá. Adeus. Adeus.