[Continuação do conto "O Garoto do Tênis Marrom e Branco"]
[...] Algumas semanas se passaram, não sei exatamente quantas, cheguei à faculdade no mesmo horário de costume, o dia até estava um pouco mais agradável, não chovia, porém o frio continuava. Sentia o vento bagunçar meus cabelos, fazendo com que eu me sentisse meio atrapalhada. Comecei a rir de mim mesma tentando tirar os cabelos dos olhos e da boca, consegui dar um jeito nele. Continuava caminhando em direção à praça de alimentação, pelo mesmo caminho de todos os dias, extremamente cansada e sonolenta, mas algo aconteceu no meio do caminho. Era ele, ele mesmo! O garoto que havia visto há algumas semanas atrás, o qual havia me apaixonado platonicamente por ele! Um sorriso estampou meu rosto de uma forma que não percebi, senti vontade de sair correndo atrás dele e falar com ele, me apresentar, mas claro que não mencionaria o fato do meu amor platônico por ele, ou ele me acharia uma completa maluca e problemática. Parei no meio do caminho, vi que ele também estava parado. Ele estava longe de mim, mas mesmo assim eu o reconheci. Ele estava usando uma camisa preta, calça jeans clara, e o tênis marrom e branco. Seu cabelo ainda tinha o mesmo penteado e com a mesma mochila e o mesmo objeto estranho.
E pouco a pouco meu sorriso foi se apagando, pois ele estava partindo novamente. Partindo para um lugar que eu nem ao menos sabia. Na verdade, eu não sabia de absolutamente nada, não sabia se tinha namorada, a idade, o curso, e nem o principal que era o seu nome. Eu queria tanto falar com ele e saber de tudo, mas minhas pernas me impediam a locomoção. Ele partiu. Eu fiquei.
Senti aquele aperto dentro do coração, parecia que ele ia parar, meus olhos foram se enchendo de lágrimas, e então, fiquei nervosa. Não compreendia o porquê daquilo tudo. O porquê de ter me apaixonado (platonicamente) por alguém estranho, desconhecido; E principalmente o porquê de ter sentido uma emoção tão forte a ponto de me fazer “cair ciscos” nos olhos.
Parei. Respirei fundo, e então, continuei caminhando para a praça. Dessa vez, senti que iria encontrá-lo em breve, ou em alguma hora, e faria o possível para fazer contato. Se faria ou não, não sei, mas meu maior desejo era esse.
Cheguei à praça, esperei minha querida amiga. Ela chegou, conversamos, ao soar do sinal, seguimos nosso caminho, felizes. E eu, ainda pensativa sobre o garoto desconhecido que tanto me fascinava. Pensei comigo: Vou te encontrar, não sei como, mas vou.