O Garoto do Tênis Marrom e Branco
Primeiro dia de aula, e fazia frio lá fora, tinha uma leve garoa caindo. Então, decidi esperar minha amiga na praça de alimentação da faculdade. Era a primeira vez que ia vê-la. Entrei e sentei-me na mesa da frente, e fiquei observando a movimentação até ela chegar.
Professores passavam por mim, via alguns rostos conhecidos, sentia a brisa gelada cortando meu rosto, e apesar de estar bem agasalhada não me sentia tão quente. Pensava em como seria o semestre, nas coisas que estava prestes a descobrir.
De repente, meus pensamentos entraram em colapso. Meus olhos ficaram vidrados em uma imagem que parecia vir em minha direção. A imagem possuía uma pele de cor caucasiana, rosto com semblante tímido, com olhos que provavelmente ficavam cor de mel quando expostos à luz do sol, um cabelo louro escuro com um penteado um pouco diferente. Vestia uma blusa listrada de marrom e bege, uma calça jeans azul clara, mochila preta com uma espécie de instrumento de estudo que ficava para fora, e por fim, um tênis marrom e branco.
Fiquei perplexa, encantada, foi como um... Como um amor platônico! Pelo fato do campus ser imenso, pensei que não fosse vê-lo tão cedo, e só de pensar, já senti um aperto dentro do meu peito.Não compreendi o porquê, já que ele era simplesmente um desconhecido, e que a probabilidade de nos conhecermos era mínima. Permaneci viajando em meus pensamentos, tentando imaginar seu curso, pensava que era Arquitetura, pelo fato de ter visto aquele objeto estranho pra fora de sua mochila, talvez eu estivesse certa, talvez enganada, não sei. O que sei, é que havia me esquecido completamente de coisas que não poderia me esquecer. Continuei completamente paralisada até perder sua pessoa de vista, seguiu na direção em frente, e obviamente, não me notou sentada ali. Seguiu seu rumo, sem que eu ao menos tivesse tempo de dar um jeito de puxar assunto.
Senti a tristeza tomar conta de mim novamente, mas logo ela foi coberta por meu sorriso ao ver minha amiga com um imenso sorriso e caminhando em minha direção. Uma amizade ali então acabara de começar, e a tristeza, pouco a pouco esquecida.
Conversamos um pouco, logo, o sinal bateu e nos dirigimos ao nosso prédio. Ao entrar na sala, já havia me esquecido um pouco do ocorrido e lembrei-me das coisas que não poderia ter me esquecido. Concentrei-me nas aulas e segui meu dia com um último desejo: Encontrá-lo novamente. [Continua]