AMOR DE VIDAS PASSADAS

Aquela manhã despontou mais fria do que se esperava.A paisagem parecia não ter fim quando se olhava pela janela e o verde havia dado lugar ao branco da geada.

Todos na pousada ainda dormiam e um presságio atravessou o quarto causando um calafrio...

O dia estava pedindo que se ficasse em casa, um livro por companhia e uma caneca de chocolate quente para esquentar os ossos e a alma...

Mas aquela janela...A visão dava direto no canyon. O que teria além dos campos, agora gelados?

O passeio havia sido cancelado pela equipe de lazer.O canyon teria que esperar...

Conter um desejo, quando ele bate forte e sem explicação, é difícil!

Por que aquele lugar, ermo, solitário ?

O que aconteceu ali , que parecia tão familiar ?

O canyon ...Lá deveria estar a resposta...

Entre o pensar e o agir há muito pouco tempo para se colocar um agasalho... Num instante, calças grossas, blusa de lã, luvas e botas de cano alto.

O caminho ñ era tão longo , mas parecia, talvez por conta do vento , que impedia uma caminhada mais rápida .

Atravessar o pequeno bosque , quem sabe , poderia ser a melhor trilha , as árvores fariam uma proteção natural.

Nada haviam dito sobre a cabana que se apresentou no meio do caminho.Parecia antiga e desabitada.

A porta entreaberta mostrava que mais alguém havia se aventurado por lá.Poderia ser um lugar de descanso ou depósito de ferramentas... só entrando para saber.

O interior estava escuro, mas parecia limpo.Dava para vislumbrar uma cama, uma pequena mesa, alguns utensílios de jardim, e, só depois de tropeçar num pequeno banco,..

De novo o calafrio...

Uma das janelas se abriu lentamente, e por ela , avistava-se majestoso, imponente e próximo, o canyon , e pela luz irradiada através dela , a silhueta se tornou real.

Era como acordar de um sonho para a realidade.

Era o fim da busca incessante de uma vida toda.

Era uma certeza absurda de sentimentos que pareciam ter sido experimentados antes.

Era coração pulsando forte, respiração ofegante...

Era o toque com o olhar...Era o sentir sem tocar...

Era quebra de estruturas...

Era somente duas pessoas nuas,sem máscaras, que se olhavam e se entendiam...

Era atração desmedida por alguém que não se conhece...

E foi no toque de mãos que se juntaram e se fundiram que tudo ficou claro...

Era mesmo um amor de vidas passadas ...

TANIA CLARA
Enviado por TANIA CLARA em 21/12/2009
Código do texto: T1988498
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