DEPOIS DO TEMPORAL
Naquela tarde na orla de Icoaracy onde há tantas barracas que vendem peixe fritos e cerveja como todos os bares , Jeany aproximou-se , caminhou entre elas e foi para a última das barracas.
Trajava macacão jeans e camiseta branca. Tinha os cabelos escuro que desciam como cascatas até a cintura. Seus olhos claros ,de rosto fino e nos lábios um tom róseo de batom.
Seu corpo esbelto de estatura mediana devia ter uns vinte e três anos trazia uma mochila nas costas.
Quando chegou ,sentou-se numa cadeira que a mesa ficava com uma visão ampla da praia.
Tirou um caderno e começou a escrever.
Ao largo, os navios seguiam seus destinos em busca de outros portos.
Os pescadores em suas canoas remavam a procura de peixes. As crianças divertiam-se dentro da água com a maresia que os barcos deixavam.
Passado alguns minutos ela estava tão absorta no que estava fazendo que não percebera que o tempo fechara-se e que um turbilhão de ondas começara a explodir com fúria na praia devido o vento que tornara-se cada vez mais forte.
Ela as vezes , olhava a sua volta ,depois voltava a escrever. Estava ali apenas o seu corpo porque seu olhar denotava ausência .
Com a mudança do tempo a neblina começara a invadir o espaço, trazendo um vento frio que vinha da baía e se propagava por todo o lugar.
O vento veio seguido pela chuva.
Na barraca onde se encontrava , havia um casal e mais dois homens de meia idade ,que bebericavam conversando animadamente, era o que compunha o total de clientes naquela hora.
O garçom sempre solícito enxugava a mesa que devido o vento da chuva ,estava molhada
_ Por favor traga um refrigerante – pedira. No que foi prontamente atendida.
Nesse momento um vendaval irrompeu arrastando mesas e cadeiras derrubando garrafas num barulho terrível.
O casal e os dois homens levantaram-se assustados e procurando outro lugar para sentar.
Enquanto isso ela permanecia no mesmo lugar, fixava o olhar nas águas, parecia inabalável..
Ao longe os navios desapareciam envolvidos pela neblina que descia cada vez mais.
O temporal desabara, as águas revoltas explodiam na praia. Os pescadores que tinham saído de canoa remavam para a praia e tentavam colocar a rede de pescar na canoa .Depois de várias tentativas conseguiram.
Chegando na praia suspenderam a rede para ver se havia algum peixe mas, logo constataram que apenas pedaços de pau, folhas era o que havia .Limparam-na ,e um dos pescadores ficou a enrolar enquanto os outros dois puxavam a canoa para um lugar seguro amarrando- a , feito isso foram embora carregando a rede nos ombros .
A chuva descia torrencial, o silvo do vento zunia no ouvido.
Jeany permanecia quieta apenas a observar o que acontecia ao seu lado enquanto as pessoas comentavam sobre o temporal.
Um dos guarda chuva que ficava nas mesas em frente a barraca saiu rodopiando ao sabor do vento.
_ Ó menino corre , traz o guarda chuva – gritou a dona da barraca para um dos meninos que se encontrava tomando banho na chuva.
O menino saiu correndo em busca do guarda sol porém quando estava preste a agarrá-lo uma rajada de vento o levava para longe e ele punha-se a correr atrás do guarda sol até que depois de várias tentativas conseguiu agarra-lo enfim entregando para sua dona , ela agradece e então ele retorna para sua brincadeira.
Um dos senhores que estava bebendo aproxima-se de Luana e perguntou:
_ Posso sentar ? Ela o olha e faz um gesto negativo com a cabeça .o outro parceiro dele chega e diz :
_ Não! Não a incomode. Vamos prá lá.- e apontou para mesa em que antes estavam. Ele o atendeu e foram conversar para onde antes tinha indicado.
Jeany olhou o casal que se abraçavam e pensou- Eles estão aquecidos e ,bem aquecidos a julgar pela quantidade de garrafas de cerveja vazia que se encontram embaixo da mesa.
Verifica o relógio e olha para a água.
A chuva e o vento estavam cada vez mais forte, a neblina mais densa, dava a impressão que as nuvens tivessem descido do céu e encontravam-se paradas ali, pois não se tinha visão mais das ondas apenas se ouvia o barulho com que eram lançadas na praia.
Sentira frio revelada pelo leve estremecimento do seu corpo, o vento desalinhava seus cabelos voltou a apatia de antes.
Após quase duas horas de chuva intensa começa a diminuir, ficando apenas uma chuva fina, que aos poucos foi parando totalmente.
Aos poucos o sol infiltra seus raios entre as nuvens derramando nas águas que fica numa tonalidade azulada que depois do temporal voltou a sua placidez
Embora o sol estivesse brilhando ela continuava no mesmo local. Sabia que deveria esperar, apenas esperar.
Após alguns minutos dirigiu-se para o mesmo local um rapaz aparentando uns trinta anos ,esguio , cabelos louros que chegavam até os ombros , olhos azuis e tinha um cavanhaque . seu rosto revelava altivez , seus traços finos denotavam uma educação esmerada. Trajava um bermudão e camiseta branca.
Era Márcio que se aproximava. Num dado momento ela levanta o olhar e o vê: seu rosto se iluminou seus olhos brilhavam de felicidade .Quando ele chegou ao seu lado ela levantou- se abraçou-o como para Ter certeza que ele realmente estava ali.
_ Pensei que não iria encontra-la .A chuva não deixou que eu chegasse antes- falou..
_ Eu te esperaria o tempo que fosse preciso- respondeu.
_ E se nós fossemos para bem longe daqui irias comigo Jeany?
_ Sim eu iria – respondeu olhando- o sorrindo .
_Existe uma ilha aqui próximo se chama Cotijuba ,você iria agora comigo? – perguntou .
_Sabes que eu iria para qualquer lugar desde que estivesse comigo- respondeu.
_Então vamos. – disse.
Ele pegou sua mão e saíram caminhando pela orla apreciando as águas agora calmas e tranqüilas iluminadas pelo raios do sol.
Passaram por algumas barracas que vendiam cocos debaixo de frondosas árvores onde as pessoas desfrutavam da maravilhosa paisagem que o entardecer proporcionava.
_Vamos Jeany precisamos comprar as passagens – falou.
Apressaram o passo desviando- se dos carros que passavam seguindo para o cais.
_ Preciso dar um telefonema- ela falou indo para o telefone público. Enquanto isso Márcio foi comprar as passagens.
_ Já estou com as passagens mais temos que nos apressar porque o navio está para sair ,e como foi deu tudo certo ?– ele perguntou,
_ Tudo certo ! respondeu.
Desceram o trapiche, havia um rebuliço de pessoas que iam e vinham. Subiram no navio e aguardaram .
Os tripulantes tiraram as amarras que prendia ao cais e enquanto isso ouviu-se o som sonoro que anunciava a partida.
O navio distanciava- e cada vez mais do porto.. ao longe notava-se duas silhuetas abraçadas na amurada da proa delineada pela luz do sol que declinava enquanto o navio singrava o leito da baía.
Belém,17/7/98 – 15h