SILENCIOSAMENTE AMOR

Outra vez se sentia observado, e apesar da curiosidade mórbida que o acercava se sentia lisonjeado por ser perseguido por aqueles faróis azuis.

Ela, do outro lado limitava-se à sua condição de observadora.

Suas mãos suavam, seu coração palpitava, estava apaixonada.

Ele, não se atrevia a aproximar-se dela, não saberia o que dizer, estava nervoso, o que diria? Teria namorado? Ela o mandaria para o inferno? Mas aqueles olhos, seus lindos olhos azuis, ah... Sim! Estava apaixonado.

Todos os dias no mesmo horário se observavam languidamente com uma paixão devastadora.

Ela, por sua vez, não tinha coragem de se aproximar, e se ele não gostasse dela? Se a achasse feia? Se fosse casado? Há muitos anos? 5 filhos?? Meu Deus!!

E assim com o passar do tempo, todos os dias no mesmo horário, eles se encontravam, aquele sentimento aos poucos cultivado, só aumentava.

Troca de olhares, desejos contidos, amor reprimido, suspiro daqui, acenos de lá, qual seria seu nome? Teria telefone? E se ele chegasse nela? E se ela se ofendesse? E se???

E entre tantas interrogações, eles jamais se conheceram, nunca se tocaram, nunca se falaram.

Sozinhos e infelizes, sonhando com a felicidade, o coração fervilhando de amor recíproco, perto e distante, envelheceram ali estáticos e mudos em suas janelas, um na frente do outro, todos os dias no mesmo horário.

Ele, a observava explodindo de amor, sempre por detrás da cortina;

E ela, o farol azul que o espreitava dia e noite, placidamente, por detrás da persiana.

Patricia Gosuen Rios

Patricia Gosuen Rios
Enviado por Patricia Gosuen Rios em 27/11/2009
Código do texto: T1947657
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