Mundo Paralelo
MUNDO PARALELO
Acordei em uma manhã, ainda estava escuro, meus pensamentos não ficavam parados.
As horas passavam e eu procurava o que me faltava naquele momento. Abri a janela o dia começava a clarear, os primeiros raios do sol nas nuvens começam a tocar.
Começou aparecer imagens e meu pensamento, me levando a um tempo onde vivi quando criança era tão real que começou a fazer mal, senti a necessidade aquele lugar visitar.
Em alguns minutos me coloquei a caminho, em uma pressa inconseqüente, em coisa de uma hora já estava chegando, tudo já não era estranho, muitas coisas estavam mudadas, mas já era familiar.
De longe avistei a grande figueira que na época já era grande e elegante, hoje parece mais imponente.
Cheguei bem mais perto meus olhos ficaram parados no galho onde havia um balanço pendurado, muita lembrança começou aparecer em meus pensamentos.
A casa hoje só alguns tijolos pelo chão esparramado, vejo ali um pedaço da escada, vejo minha imagem de criança naquele lugar sentado, viro meu rosto e vejo que já não tem mais um lindo laranjal.
As imagens vão se formando no pensamento, posso ver ali onde existia um pé de caqui ao lado da estradinha aonde meu pai vinha da lida à tardinha, vejo minha imagem, saia correndo ao seu encontro, me jogava nos seus braços, mesmo cansado me rodava no ar como um avião.
A saudade parece não existir fico parado ali, vendo os momentos em meu pensamento.
O sol já e mais forte o calor fica mais intenso, uma brisa chama a atenção o barulho do riacho começo a ouvir, parece que chama venha me visitar.
Caminho pelo serrado por mais alguns minutos, vejo aquela imagem fico entristecido.
Um riacho que pra chegar ao outro lado tinha que ser a nado hoje pode fazer isso com um simples passo. O tempo não teve piedade o riacho foi assoreado, agora e um simples veio d’água.
Envolvido em meus pensamentos naquele tempo de criança, no serrado alguma coisa começa acontecer, um perfume leve e suave começa a aparecer, levanto a cabeça olho de um lado para o outro em uma busca inútil, aquele perfume fica mais forte e tão doce que meu corpo começa a anestesia.
Um vento gelado começa aparece pelo serrado, o sol que era forte se ameniza e fica mais brilhante e uma nevoa enfumaçada transforma o lugar.
A campina agora esta orvalhada reluz o sol brilhante como um tapete de diamante.
Fico com meus passos perdidos e começo a andar sem direção e o perfume se torna mais forte parece enfeitiça levando para um lugar desconhecido, ergo minha cabeça e na minha frente vejo um casarão e tão perfeito e um mundo real.
A sua frente um lindo jardim gramado, tem alguém ali cuidando desse jardim, uma escadaria, muitas janelas do deste lado, cercada de varanda e pilares arqueados.
Meus olhos ficam preso naquele casarão, sinto o chão balançar, me sinto mais alto não tenho os pés no chão, sinto rédeas não minhas mãos, o cavalo começa a andar, vejo sair de uma porta alguém caminhando devagar, parei o cavalo estou bem perto posso olhar.
Percebo que já não estou no cavalo, não tenho o controle do corpo por alguém está ocupa- do, estou do lado vejo e sinto os desejos do meu corpo que foi ocupado, fico a observa os acontecimentos do lugar, o sol esta do outro lado toca seus raios naqueles cabelos e reluz um tom dourados, tornando-a tão perfeita, como uma princesa.
Em um vestido armado bem rodado de uma cor rosada rodeado com uma renda branca e sua blusa branca como as nuvens em azul alguma coisa sob o ombro colocado.
Alguém anda mais atrás como sua companhia, olha para este lado acelera seus passos fi- cando do lado.
Com o barulho do cavalo ergue sua cabeça lentamente e por alguns instantes fica olhando, tempo suficiente para ver seus olhos verdes cor de esmeralda, percebe que fala alguma coisa para sua dama de companhia que olha novamente em minha direção.
Vira-se em direção a seu destino, fico ainda parado observando. Ela ergue com leveza sua mão retira da videira a fruta e novamente olha em minha direção.
Aquele ocupante estranho do meu lugar sai com o cavalo já tinha encontro marcado com uma boiada depois do varjão.
Desceu uma ladeira já não era a mesma coisa, já tinha uma marca no seu coração.
Em poucos minutos chegou onde estava combinado e já estava tudo preparado para a viagem. Ali tinha alguns amigos outros peões diferentes, foram jogados muita conversa fora com muita historia antes de seguir em frente, era serviço para dois ou três dias e aqueles que o conhecia em poucas horas notou que estava diferente, de um pião falante não se ouvia nem um grito na boiada. Seu pensamento tava naquela manha gelada e mais forte ficava quando aquele perfume aparecia e cobria o cheiro da boiada, o dia inteiro saia do caminho entrava na invernada soltava o cavalo no galope pra tirar ela do pensamento.
Na primeira noite deitou-se em um lugar mais afastado, e no meio da moçada se falava que ate o cavalo estava diferente, aquela noite foi curta não dormia de desespero só em pensa que tinha mais dois dias inteiro e seu pensamento era voltar só para ver ela outra vez.
Os dois dias seu coração se alegrava quando a noite chegava com ela podia sonhar.
Com o serviço acabado se passava mais do meio dia, despediu da moçada em seu pensamento a noitinha já estaria em casa.
Chegou a sua casa, tirou o pó da viagem pegou sua viola e em um tronco no quintal sentou-se iluminado por um luar cor de prata.
Fazia arranjos perfeitos com sua voz tentava cantar o que lhe agradava, mas seu pensamento saia de si e tudo se tornava em lindos dedilhados.
O som da viola ecoava naquele serrado parecia um lugar encantado, a brisa que ali passava no silencio da noite, aquele som transportava que se ouvia do casarão.
Seu pai o observava pela janela, como querendo lhe falar alguma coisa.
Cansado do dia de trabalho entrou para descansar, eu que estava ali do lado sentia tudo que se passava em seu coração, e uma parte do meu sentimento fazia parte daquele sofrimento que o corroia aquele ocupante do meu corpo.
Levantou bem cedinho, antes do sol nascer arriou seu cavalo e entrou para colocar seu par de esporas, e em uma cadeira seu pai sentado, sua mãe pegou uma xícara de café bem quen tinha e veio lhe entregar, colocou o par de esporas tomou o café pegou seu chapéu em uma das mãos e em direção a porta andou, quando ouviu a voz de seu pai dizer:
- Peão que não repica a viola e homem apaixonado.
Colocou o chapéu em sua cabeça e saiu em direção ao seu cavalo, seu pai levantou e andou ate a porta e tornou a falar:
- Peão não pode ser coronel e nem patrão por esse amor pode morrer.
Ficou calado em seu cavalo já montando saiu galopando.
O sol que já lançava seus raios fazendo clarear toda a pastagem e reluzia nas gotas de orva- lho daquela manhã fria, em seu desejo de ver novamente aquela princesa errante, colocou seu cavalo a cavalgar na direção daquele casarão. Em seu pensamento ouvia a voz de seu pai que ecoava em refrão, peão não pode ser coronel e nem patrão, aquilo o corroia por dentro, pois o amor era maior e começava se mudar essa tradição.
Andou alguns quilômetros, confiante no que estava fazendo, mas seu pensamento foi aos poucos mudando aquela atitude insana.
Mudou seu cavalo de rumo, sua cabeça tinha que colocar no lugar, para conquistar aquela princesa, sentou-se em um tronco na beira do riacho com seu pensamento vazio, jogava pedras na água parada para ela balançar, mas no fundo da sua alma aquele perfume voltava a sufocar, erguia seus olhos procurava o que pensar para fugir do desejo que está preso em seu coração. Horas ali sentado tomou uma decisão, iria morrer aos poucos com esse amor no coração.
Eu ali do seu lado senti um fecha ardente penetrando em seu coração, rasgando os sonhos desse peão.
Pegou seu cavalo e rumou para a cidade, queria beber para esquecer, cavalgava bem devagar e corria seu pensamento.
Mas aquilo não era a decisão do Sr destino, todo aquele pensamento e as peças começou-se a manipula, naquele trajeto ate a cidade outro encontro estava marcado.
A estrada passava do lado de um capão de mato, depois da curva uma ponte sob um pequeno riacho para atravessar.
Era uma paisagem linda, muitas arvores florida chamava a atenção. Fez à curva depois do capão de mato, La estava parado o trole sob a ponte impedindo sua passagem e do outro la- do três pessoas observando a paisagem.
Em alguns minutos chega à frente do trole, de moto educado pediu que tirasse e lhe dessem passagem. O cocheiro virou-se, respondendo: - Sim senhor nós já vamos sair.
Deu alguns passos para perto de uma mulher com uma sombrinha na mão e disse:
- Vamos senhorita alguém quer passar a ponte.
A dama de companhia que estava ao seu lado olhou, e ao ouvido da senhorita falou:
- Senhorita e aquele homem. E virou-se em direção ao trole e esperou que sua protegida caminhasse.
Sentado em seu cavalo olhava toda aquela movimentação ate reconhecer aquela que era a dama de companhia da sua princesa, ali todos os seus pensamentos e decisões perderam a razão.
Quando ela vira-se seu rosto para caminhar em direção ao trole e começa a andar, ele tenta arrancar palavras que fica enroscada em sua garganta.
O amor corre em suas veias e incendeia seu coração, e em um súbito minuto começar a falar: - Senhorita perdoa-me, pode olhar a paisagem em não tenho pressa.
Ela para e faz um elogio ao lugar:- Esse lugar e encantado, todos os dias eu venho aqui.
Sua dama de companhia a chama para entrar no trole, ele em galanteios menciona a beleza nas noites de luar:
- Venha conhecer toda a beleza e o encanto em uma noite de lua, cobre todo o lugar em uma chuva de prata, talvez a lua se esconda atrás das nuvens enciumada por sua beleza neste lugar.
O cocheiro balança as rédeas sob o lombo dos cavalos fazendo os andar, e ao passar ao seu lado ele olha toda a beleza da sua princesa e pergunta:
- Senhorita perdoa-me qual e seu nome?
Ela com um lindo sorriso na sua face deixa sair seu nome: - Alicia.
Parado em cima de seu cavalo fica olhando o trole na curva se esconder. Sai com seu cavalo com os pensamentos acorrentado naquele momento, seus olhos brilham e ganha vida, enche seu peito alegria e começa a galopar.
Em pouco tempo chega à cidade que era seu destino, onde queria beber para esquecer,
Agora o faz para comemorar, os amigos que o viu calado no ultimo trabalho não consegue entender tanta alegria em um ser, falante que às vezes ficava parado em seu pensamento. Estava inquieto e ali não ficou muito tempo anunciou a todos sua partida tinha alguma coisa para fazer, alguém da mesa com toda a liberdade disse que era coisa de homem apaixonado.
Com um sorriso acanhado virou o copo de cachaça e disse: - Se estou apaixonado para os braços da minha princesa vou. Pegou seu cavalo, começou a galopar, chegou à ponte desceu do cavalo sentou-se, ficou a lembrar, se apaixonava pelos momentos que vinha em seu pen- samento. O sol forte era quase o meio da tarde, montou seu cavalo e a galope foi para casa.
O sol vermelho deitava em seu leito no horizonte para seu descanso, e a noite já arrastava seu manto escurecendo a paisagem.
Ele entrou para dentro da casa, eu fiquei do lado de fora, já podia entender essa nossa ligação, quanto mais eu me afastava daquele corpo tudo escurecia e se tornava gelado, eu era obrigado a fazer parte daquela vida.
Ouvia muita conversa dentro da casa, seu pai não queria aquele amor entre os dois, mas nada adiantou.
Depois de algum tempo saiu com sua viola em seus braços, sentou-se no tronco no quintal, suas mãos arrancava das cordas da viola som do verdadeiro amor que ecoava no serrado, e por horas não parava de fazer melodia.
Na manhã seguinte pegou seu cavalo e foi encontrar seu amor na ponte onde estava marcado
Quando o trole fez a curva seu coração já estava acelerado, a moça chegou com seu sorriso singelo parecia mais linda era harmonia na paisagem. O cocheiro colocou o trole mais adiante em uma sombra e os dois ficaram na ponte conversando, o amor era declarado em toques carinhos e longos beijos e seus lábios ficavam colados.
E todos os dias se encontravam naquele lugar, e pela noite onde o luar refletia na pradaria o mais belo amor entre os dois acontecia.
Uma tarde o coronel pai da linda princesa mandou colocar o cavalo no trole para ir à cidade, sempre andava protegido por dois capangas.
Aquilo deixou a Jovem moça desesperada, seu amado estaria na ponte a sua espera e ela não estaria no trole, e seu pai ficaria desconfiado por ela sair todas as noites.
Escreveu um bilhete e mandou sua dama de Campania que mandasse alguém entregar na casa de seu amado.
A mulher pediu a seu filho mais velho fizesse o que foi ordenado, o menino foi as carreiras com aquele bilhete escrito no desespero, o menino chegou a casa do rapaz mas seu pai disse que ele já tinha saído para a cidade.
O menino trouxe a noticia, e a moça sabendo o que podia acontecer aos prantos se fechou no quarto.
Na ponte quando o trole fez a curva, o rapaz em cima de seu cavalo já estava esperando para se encontrar com seu amor, estranhou a presença de dois cavaleiros do lado, sabia que alguma coisa estava errada. Começou andar em direção ao trole devagar, viu que seu amor não estava, olhou para o coronel e o cumprimentou em um gesto, e não foi respondido, como se por ele ninguém tinha passado, os dois capangas que acompanhava tinham olhares de abutres famintos, que com os olhos pareciam querer devorar, sem muito que fazer pôs se a galope para sua casa voltar.
O coronel chegou à cidade e como fazia quando por ali passava, no armazém entrou, e o dono já arrumava uma mesa perto da escadaria que subia para os quartos.
Ali com pessoas importantes daquele lugar conversava e seus capangas em uma mesa do lado, tinham na mesa uma garrafa de aguardente e a todos olhava.
Alguém que a muito estava ali já embriagado encostado no balcão ouvia a coronel que dizia: – Depois que deram liberdade aos negros, por aqui muitas coisas tem mudado.
O bêbado virou-se para o coronel e na sua embriaguês fala:
- Sim senhor muitas coisas estão mudadas ate filha de coronel se apaixona por pião de gado.
O coronel se levanta já com seu revolver empunhado, e do jovem quer uma explicação.
Seus capangas pulam em cima daquele coitado fazendo falar o que tinha começado, com o revolver engatinhado colocou no meio dos olhos do rapaz ali era o fim daquele coitado.
Aos gritos o dono do estabelecimento implora a vida daquele rapaz, o coronel voltou sua arma na cintura, enlouquecido pela porta saiu e em galopes pós o trole na estrada.
Chegou ao casarão, já era tarde todos já tinha se recolhido, ficou na sala andava de um lado para o outro e de longe se ouvia o barulho das botas em seus passos pesados.
Sua mulher acordou e veio ate ele e em perguntas queria saber o fato acontecido.
Não disse nada só falou de forma irada.
- Amanha quero falar com todos os empregados.
Saiu da sala em passos acelerados e se trancou em um quarto que não era usado.
Na manha acordou todos da casa e lá fora já estavam todos os empregados, sua filha estava ao lado da mãe e de cabeça baixa, e também estava sua protetora.
O coronel disse à moça que ela voltaria para a capital e isso seria o mais breve possível e em voz firme aos empregados que qualquer estranho que entrasse em suas terras era para atirar sem piedade, eram suas ordens e para ser seguidas.
Sua filha sabendo do que se tratava em lagrimas implorou para que ele voltasse atrás naquela decisão.
O coronel virou-se e saiu andando sem dar-lhe atenção.
Sua mulher vendo que não podia fazer nada pegou sua filha pelas mãos e a levou para dentro do casarão.
Vendo sua filha em prantos, pediu a ela que escrevesse uma carta ao rapaz explicando toda a situação.
Alicia pegou um papel e começou a escrever, com a letra tremida e gotas de lagrimas que manchava o papel, foram escritas linhas de amor, e imediatamente mandou entregar nas mãos do rapaz.
O rapaz que já estava montado em seu cavalo para ir ao seu matinal encontro viu aquele menino correndo vinha em sua direção, parou e ficou esperando.
O menino já não tinha forças para correr, entregou lhe a carta e voltou, mas sempre olhava para traz.
Ele desceu do cavalo e encostou-se a uma arvore e a carta começou a ler.
Ate se via a tristeza e o desespero avançar lentamente a cada linha que seus olhos liam.
Seu olho se enchia de lagrimas e pelo seu rosto ralavam, sua alma entristeceu.
Eu que estava ali do seu lado percebi que aquela luz que me deixava dele se afastar, ficou menor e tinha que ficar muito próximo, para não ficar no mundo escuro e gelado.
Ele olhava para todos os lados, eu podia ver com seus olhos os lugares onde olhava era só escuridão.
Por alguns minutos ficou neste estado de loucura, seu pensamento se formou em um desespero e só encontrou aquela imagem formada do seu amor, montou em seu cavalo e pós a correr em direção ao casarão.
A estrada que passava por uma pequena mata parecia não ter fim, depois da ladeira se via o casarão quase no pé da montanha. Seu cavalo de cor preta estava soado reluzia o sol em seu pelo molhado.
O barulho daquele cavalo em disparada chamou a atenção das pessoas do casarão, já estava na janela à moça olhando aquele peão desesperado.
Parou seu cavalo a poucos passos da escadaria do casarão, quando ele chegou ao primeiro degrau eu senti minhas costas arder, um disparo ecoa no serrado, vejo na minha frente ajoelhado o peão sangrando, aquele tiro tinha acertado suas costas, sua amada abre a porta e olha seu amor em suspiros para morrer.
No desespero desce a escada toma em seus braços e em prantos não sabe o que fazer.
Olha seus olhos deixando a vida, como em ultimo desejo se encontram aqueles lábios em um beijo demorado.
E uma lagrima dos seus olhos caem naqueles lábios, alimentando o amor do espírito que deixa aquele corpo morrer.
Aquele espírito não consegue ficar naquele lugar, começa a subir me arrastando preso a ele ainda. Vejo seu cavalo sua cela com detalhes em prata tudo começa a escurecer.
Eu acordo no riacho onde tudo começou acontecer, estou em p é no meio do veio d’água atordoado sinto minhas costas ainda arder, levo minha mão e vejo que não estou sangrando, sento em um gramado para entender um pouco desse mundo estranho um mundo paralelo que temos que viver.