Desencontros... e encontros: A primeira noite
Logo na primeira frase deu pra perceber a vontade que estava de encontrar com alguém. Fosse quem fosse. Parou de teclar e virou-se pra ver a bagunça que estava sua vida. Lençol para um lado, edredon para outro, cadernos por toda parte, livros sem parte alguma para guardá-los. Uma zorra não, uma desordem. Visitas, nem pensar. Mas elas chegam. Quando menos esperamos lá estão elas, sentadas em nossas cadeiras, disparando frases contra nós. Mas o que fazer quando se é simpático e implora por uma companhia.
Chegou e sentou-se. Na cama. Estava à vontade, afinal de contas, nem cadeira tinha para oferecer-lhe. Era da casa já. Amigo de anos... décadas... É sempre bom tê-los por perto. Não tirara o olho da tela do computador. A cada frase escrita, um suspiro de esperança. Mas nada. Seu amigo estava ali para trabalhar. Assuntos importantes. Mas nada de desgrudar do computador.
De repente um 'oi'! Logo respondido. Prontamente respondido. Ligeiramente respondido com outro 'oi'. Assim foram, até darem-se por conta de que não estavam sozinhos. Havia um amigo junto de um deles. Logo em seguida um convite. Convidara para ir até sua casa. Mas como receber alguém com o amigo lá dentro? Não teve importância, logo tratou de finalizar o trabalho e partir para o ataque. O amigo fora-se.
O relógio gritava meia-noite. Ficou combinado de ir até o outro. Encontrar a tal felicidade. Era tarde demais. nem ônibus tinha. Mas queria chegar lá. E foi.
Pegou uma condução qualquer que levasse aonde seu coração estava levando. Lá estava, um ser sentado em alguns degraus, apertando os braços de frio. A noite calou-se. E só se ouviam as vozes vibrantes de ambos.
Chegaram. Estava na companhia de seu quarto. De um lado lençol para um lado, edredom para o outro, cadernos por toda parte, livros em parte alguma. Uma zorra não, uma desordenzinha.
À vontade. Algumas palavras sobre a sonorização do ambiente. Um adicionava o outro nos sites de relacionamento. E os dois ainda assim pareciam amigos.
A noite calava-se cada vez mais. E já não aguentava o cansaço e sono. Forar dormir. Cada um para um lado da cama. Separados, porém, inseparáveis.
O silêncio já não era mais suficiente para a sintonia do quarto. Alguns suspiros de cada lado e permaneciam ali, inertes. Alguns poucos movimentos, e ali estavam, silenciosos.
Tão grande era a falta de som que sua mentes calcularam o momento exato de se encontrarem. O corpos já não tinham a mesma temperatura. Havia a necessidade de unirem seu calor.
"Dá a tua mão aqui."
E mão foi parar entre suas pernas aquecidas.
"Tá com frio?"
"Sim"
"Vem cá"
Depois daí, a temperatura de seus corpos nunca mais foi a mesma. Principalmente naquela noite. Naquela primeira noite!
(to be continued)