O Entardecer de uma Paixão
Agora aquelas paredes guardam apenas um imenso vazio. O romper dos sentimentos esvaziou os amantes, tirou o significado dos objetos.
Aquele espaço mágico converteu-se numa caixa desabitada. Vaga sobre o ambiente semi-iluminado uma silhueta masculina que move-se a passos lentos.
São lembranças tão desejadas quanto rejeitadas, que imperativamente existem e que, mesmo fazendo parte do passado, têm força suficiente para delinear o presente.
A vida parece cobrir-se de uma estranha sonolência, contrapondo-se a momento anterior, quando tudo parecia coberto de luminosidade e graça.
Busca uma solução. Tenta desesperadamente diferenciar a realidade da fantasia. No entanto, sente-se como uma criança que foi abruptamente acordada de um sonho bom.
Pode-se sentir o nada? Se isso for possível, é assim que se sente, mergulhado num vazio, num algo oco, numa indiferença e desinteresse que o assustam.
Neste caso, nem tanto viver, mas é necessário sobreviver, emergir do abismo íntimo.
Agora a lentidão é nervosa, faz do silêncio um confissionário. Ao mesmo tempo, traveste-se de herói e canalha.
Tenta encontrar em si alguma energia que possibilite vencer a morbidez compulsória. De nada adianta. Parece soterrado numa pilha de escombros resultante do choque entre a realidade e as ilusões.
Não desiste. O olfato busca um perfume longínquo. A boca imagina-se próxima de outra. Os olhos visualizam, felizes, a imagem desejada. Busca socorro no cérebro, mas a razão está dinamitada por sensações. Domina-o, agora, uma amnésia de si.
Impossível empreender uma fuga. Curva-se à predestinação. A silhueta converte-se em vulto, e este desmorona seus músculos sobre a cadeira da sala, de tal forma que homem e objeto mutam-se num único ser. A vida parece perdida por entre gavetas desarrumadas.
A janela entreaberta vê o tempo esvair-se por seu vão. As horas deixam de ter qualquer valor.
A tarde envelhece rapidamente, transformando-se em noite.
O quadro é tingido totalmente pelo manto noturno. Hoje logo deixará de existir.
Os dias passarão, até que a razão humana sobreponha-se à saudade.
Agora aquelas paredes guardam apenas um imenso vazio. O romper dos sentimentos esvaziou os amantes, tirou o significado dos objetos.
Aquele espaço mágico converteu-se numa caixa desabitada. Vaga sobre o ambiente semi-iluminado uma silhueta masculina que move-se a passos lentos.
São lembranças tão desejadas quanto rejeitadas, que imperativamente existem e que, mesmo fazendo parte do passado, têm força suficiente para delinear o presente.
A vida parece cobrir-se de uma estranha sonolência, contrapondo-se a momento anterior, quando tudo parecia coberto de luminosidade e graça.
Busca uma solução. Tenta desesperadamente diferenciar a realidade da fantasia. No entanto, sente-se como uma criança que foi abruptamente acordada de um sonho bom.
Pode-se sentir o nada? Se isso for possível, é assim que se sente, mergulhado num vazio, num algo oco, numa indiferença e desinteresse que o assustam.
Neste caso, nem tanto viver, mas é necessário sobreviver, emergir do abismo íntimo.
Agora a lentidão é nervosa, faz do silêncio um confissionário. Ao mesmo tempo, traveste-se de herói e canalha.
Tenta encontrar em si alguma energia que possibilite vencer a morbidez compulsória. De nada adianta. Parece soterrado numa pilha de escombros resultante do choque entre a realidade e as ilusões.
Não desiste. O olfato busca um perfume longínquo. A boca imagina-se próxima de outra. Os olhos visualizam, felizes, a imagem desejada. Busca socorro no cérebro, mas a razão está dinamitada por sensações. Domina-o, agora, uma amnésia de si.
Impossível empreender uma fuga. Curva-se à predestinação. A silhueta converte-se em vulto, e este desmorona seus músculos sobre a cadeira da sala, de tal forma que homem e objeto mutam-se num único ser. A vida parece perdida por entre gavetas desarrumadas.
A janela entreaberta vê o tempo esvair-se por seu vão. As horas deixam de ter qualquer valor.
A tarde envelhece rapidamente, transformando-se em noite.
O quadro é tingido totalmente pelo manto noturno. Hoje logo deixará de existir.
Os dias passarão, até que a razão humana sobreponha-se à saudade.