O Reino das Andorinhas

Em uma terra distante, à beira mar, onde o sol brilhava sobre a areia branca, ficava o Reino das Andorinhas. Um lugar onde reinava a paz. As andorinhas, além de alegrarem o reino com sua beleza e seu canto, tinham poderes mágicos, sendo seu principal dom de ajudarem as pessoas na busca pela felicidade. Lá quase todos eram felizes, menos o Príncipe. Um belo e jovem rapaz dos olhos verdes como o mar e cabelos dourados como o sol. Inteligente e forte tinha tudo o que queria. Mas faltava-lhe um amor.

Caminhava pensativo por entre os jardins de seu palácio, não notando a presença de seu grande amigo, o escudeiro de seu pai com quem cresceu e aprendeu sobres todos os mistérios. Quando o príncipe fez 12 anos, o escudeiro lhe ensinara: “Agora estás ficando um rapaz, deixando sua infância, por isso hoje vais aprender a mais sábia lição. Um dia sentirás um grande vazio no peito e falta de alguém ao seu lado. Nesse dia, terás um sinal. Uma das andorinhas lhe falará. E ao ouvi-la você está preparado pra buscar seu amor.”

Depois de ouvir o cumprimento cortês do escudeiro, que nada falara, e apontando com o dedo, mostrou-lhe a andorinha que saiu do ninho para alimentar seus filhotes. Em um vôo rasante,a pequena andorinha cantou em seu ouvido “Amor” e saiu voando com mais pressa ainda. O príncipe sorrindo assustado olhou para o escudeiro que simplesmente gritou: “Vá, e não volte aqui sem seu amor”.

Ele correu o mais rápido que podia, embrenhou-se pelas matas, montou seu cavalo, seguiu andorinha até o entardecer. A noite, adormeceu de cansaço, e logo pela manhã, já com o primeiro raio de sol, acordou com o passarinho que piava: “Vamos ao amor”.

De novo galopou, e assim foi por dias, aos chegar a uma terra muito distante de seu reino. Era um lugar de céu muito azul e cercado por altas montanhas. A andorinha pousou a sua frente e disse-lhe: “ Daqui segues sozinho, terás que atravessar as montanhas para achar seu amor”.

Um pouco desanimado, mas ainda esperançoso, o príncipe seguiu. No meio do caminho viu uma camponesa que com um cesto colhia flores do campo. Era bronzeada pelo sol e tinha longos cabelos. Resolveu pergunta-la sobre onde ficava o fim das montanhas, mas achou seus olhos tão iluminados que por um instante perdeu a voz. Voltando,obteve como resposta: “Você terá que galopar muito, pois aqui há muitos quilômetros de montanhas.” Ele agradecendo, seguiu seu caminho.

De repente, sentiu um peso em seu chapéu. Outra andorinha, dessa vez preta com o peito branco, fazendo-o parar, disse: “O seu amor irá aparecer logo, mas não está no final da montanha. O príncipe pensativo perguntou: “ Então, onde está?”. Você vai encontra-lo logo que aquela jovem encha cinco cestos desses de flores do campo”. Ao olhar as pequeninas mãos e passos lentos da jovem camponesa,e o tamanho dos cestos, sendo que o primeiro não estava nem na metade e a tarde já caíra, o príncipe sentou no chão e com as mãos no rosto suspirou: “Ela não vai terminar nunca”. E a andorinha rapidamente replicou: “Vai terminar bem mais rápido se com seus braços ágeis e fortes você ajudá-la.”.

Ele voltou em direção da jovem pensando em terminar aquele serviço o mais cedo que fosse para enfim encontrar o amor. Ao se aproximar escutou o canto que saia e notou sua voz suave. Pediu licença e contou tudo que a andorinha disse. Ela somente respondeu: “Será um prazer estar com você”. Ele começou calado e com pressa, até que resolveu perguntar: “ Por quando vendes essas flores?”. Ela sorrindo respondeu: “Eu não as vendo. Eu levo-as para as pessoas doentes e para as solitárias, para todos aqueles que se alegrem com elas”. Comovido com tanta solidariedade, ele começou a colher as flores em ritmo mais lento e desfrutar de diálogos agradáveis com a jovem. Os dias se passaram e cada dia começavam uma nova colheita. Na hora do almoço descasavam na sombra das árvores, recitam poemas, lavavam o rosto no riacho. Passaram-se os dias,até que o ultimo cesto se encheu. Ele eufórico, comemorou dizendo: “Acabou, enfim, encontrarei meu amor”. Viram um ponto vindo do sol que aproximava na direção deles. A andorinha retornou cantava e gritava forte: “É hoje, hoje a noite encontrará seu amor”. Subiu correndo em seu cavalo e despediu da jovem com tanta pressa, esquecendo de olha-la nos olhos. A garota, virando as costas, sentou-se por entre as flores e chorou profundas lágrimas de amor. Gritando para andorinha lamentava :”Eu vou morrer de tanta saudades dele”. Ao notar que caiu a noite, o príncipe sentiu muito frio. Aquela terra era bem mais fria que a sua. O vento cortava seu rosto e ele abrigou-se em um cabana. Andava aflito, pensava nas horas e no amor que não vinha. “A andorinha disse hoje a noite, ela disse, será que tudo isso é uma grande bobagem?” Deitou-se e fechou os olhos consumidos por grande frustração, até que a andorinha invadiu a cabana pelas fresta do forro. Carregando uma perfumada flor do campo pelo bico, soltou-a bem sobre o nariz do príncipe para que sentisse seu perfume. Despertando, pegou a pequena flor, e ao sentir seu perfume, eis que sentiu uma imensa saudade da camponesa. Lembrou dos momentos doces, do seu rosto, da sua voz. Lembrou da maneira como a deixara e levantando-se da cama exclamou: “Meu Deus, era isso! Durante a colheita dos cinco cestos eu aprendi a amá-la e nem me dei conta. Estava tão distraído em terminar que nem notei que era ela o meu amor”. Pegou o seu cavalo e partiu em disparada. Encontrou a jovem na janela cantando uma canção que falava de saudade. Ao se olharem, seus corações dispararam. Se abraçaram fortemente e rodopiando-a em seu colo, selaram um beijo de amor. O mais lindo beijo que se viu na terra. Eles voltaram juntos para o Reino das Andorinhas. Tornaram-se rei e rainha do reino e claro, como em todas histórias de príncipes e princesas, viveram felizes para sempre.

DEDICO ESSE TEXTO AO MEU QUERIDO JOSÉ ANTÔNIO, OU MELHOR, MEU JUNINHO, LUZ DE MINHA VIDA E PRINCIPAL FONTE DE INSPIRAÇÃO PARA ESSE CONTO, QUE, COM CERTEZA,SEM SUA PRESENÇA EM MINHA VIDA, O REINO DAS ANDORINHAS NUNCA EXISTIRIA. ADORO-TE HOJE E SEMPRE E ESPERO ESTAR LONGE E DO SEU LADO SEMPRE E JUNTO ETERNAMENTE....

Lídia Maria
Enviado por Lídia Maria em 11/11/2009
Código do texto: T1916746
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