Pasta de Dente
Ela acordou primeiro, com cuidado, se desvencilhou dos braços dele, levantou-se da cama e foi até o banheiro. Escovou os dentes. Voltou, deitou-se novamente. Arrumou os braços dele em volta do seu corpo.
Ele acordou em seguida, os braços doendo, tomou cuidado para não despertá-la, levantou-se da cama e foi até o banheiro. Escovou os dentes. Foi até a cozinha, preparou uma bandeja com suco, frios, pães. Retornou.
Ela se manteve deitada. Fingiu dormir. Sentiu falta dos braços dele. Dos beijos dele. Ouviu os passos do banheiro à cozinha. Da cozinha à sala. Da sala ao quarto, passando pela porta. Riu baixo, virou-se de lado.
Ele trupicou e de uma topada na porta, xingou baixo. Ouviu uma risada, mordeu o lábio inferior. Ignorou. Entrou no quarto e a observou de lado por alguns segundos – sorriu. Apoiou a bandeja sobre o edredom, sobre a cama.
Ela se mexeu, entreabriu os olhos, piscou várias vezes. O observou com os olhos semicerrados, sem camisa. Tomou cuidado para não derrubar a bandeja com os pés. Acompanhou a linha da coluna dele, de costas, e sentiu o ar tocar seu rosto.
Ele deu as costas, entreabriu a janela deixando a brisa da manhã varrer o quarto. Junto dela, o quarto se iluminou. Ele coçou a nuca, virou-se para a cama, seus olhos encontrando os dela, semicerrados. Sorriu.
Ela sentou-se na cama.
Ele sentou-se na cama.
Ela estendeu a mão.
Ele pegou a mão.
Ela se aproximou.
Ele a trouxe para perto.
Beijaram-se.
Gosto de pasta de dente.