Remorso
Luiza chorava tanto, até os cabelos louros ao redor do seu rosto estavam umidos. Ela não sabia o que fazer, a razão do seu viver já não vivia mais, e uma culpa profunda crescia dentro dela.
- Você sempre faz tudo errado - murmurou entre soluços numa voz rouca.
- Cale a boca sua idiota, eu te avisei que não ia dar certo. Mas você nunca me ouve, sempre preferiu escutar essa coisa inútil que só serve pra pulsar seu sangue - gritava a sua mente furiosa.
- Ei não fale assim de mim, eu sou muito melhor que você que é fria e calculista. Você é programada, eu me guio pelos sentimentos, sabe o que é isso? - Rebateu o coração ofendido.
- Ah! Sim, sentimentos não sei e sinceramente não preciso saber. Essas coisas só prestam nos contos de fadas!
- Como você consegue ser tão cruel?
- Eu? Cruel? Não é por minha culpa que ela está derramando mares de lágrimas senhor sentimental. Então quem é fria agora?!
- Eu...
- Para! - Gritou ela, levantando-se subitamente da cadeira - Parem com isso já, os dóis! Essa disputa estúpida não vai mudar nada.
A mente e o coração se calaram assustados.
Com os olhos embaçados, ela se direcionou até o armário da cozinha, foi andando devagar. Abriu a gaveta e pegou uma faca enorme, fechou maquinalmente com um empurrão. E encostou-se ali, virando-se para o outro lado.
Viu seu rosto refletir na faca, com os olhos fixos e maléficos. E então teve uma espécie de deja vú. Seus pensamentos voltaram no tempo abrindo um buraco em sua alma:
Assim como naquele dia Luiza chorava, mas o motivo era porque tinha visto Rafael com outra menina e foi correndo pra casa, com ele atrás. Acelerada passou pela porta da cozinha e começou a berrar.
- Eu deixei tudo pra ficar com você. Tudo!
- Deixa de ser besta, vamos conversar...
- Eu não vou conversar com você!
Disparando para a faca que se encontrava em cima da pia, ela pegou e ameaçou acabar com a própria vida.
- Não faça isso - os olhos de Rafael eram arregalados de medo - Por favor!
Ele foi se aproximando cuidadosamente, enquanto ela estava presta a fazer uma besteira.
Mas ai ele agarrou a faca na mão dela que tentou lutar, mas a faca que era disputada desesperadamente atingiu alguém. E o mau estava feito. Rafael caiu no chão enquanto Luiza gritava igual uma louca.
- Chega! - Ela piscou tentando se livrar das lembranças e voltando ao presente.
Se posicionou atrapalhadamente perigosa.
- Pelo menos uma vez na vida me escuta, isso é loucura. Vai se arrepender - a mente voltou a falar rapidamente.
- Você não entende eu não vou viver sem ele, e é culpa demais pra mim.
- Faça alguma coisa para impedi-la seu pulsador de sangue inútil... - pediu ao inimigo.
- Por que faria? Não existe coisa mais nobre do que morrer por amor.
- Voc- c...
Tudo se calou, todo foi interrompido e rompido. a menina de cabelo liso e curto caiu no chão com um liquido vermelho saindo do seu corpo. Pronto, agora ela descansaria em paz, ou não.