MINHA ALMA CIGANA!!!

Ao soar do violino, o meu corpo estremecia querendo dançar, rodopiar mundo afora, a cada melodia, sentia teu cheiro, cheiro forte, cheiro de dança, de vinho, de alegria, de homem... não sentia vontade de cessar, já que minha alma cigana, queria mais. seus cabelos amarrados, seu peito semi desnudo, sua barba por fazer, sua palma forte a cada rodopio meu, me provocava ímpetos de abraça-lo forte. Por ti, largaria o acampamento, e viveria só tu e eu. Eu, uma pobre cigana apaixonada, com meu belíssimo vestido vermelho com lantejoulas douradas, pés descalços sentindo o mato macio, meus cabelos ondulados e compridos que, suados incomodavam-me a face, e meus olhos de um azul tão claro que fora copiado pelo céu. Enquanto todos bebiam aquele doce vinho, rodopiavam em meio aquela bela festa, liam as mãos de curiosos que se achegavam, cantavam e se divertiam, lá estava eu, só, somente com a lua cheia, e pensando em ti, meu cigano, meu amor. Quando pensava em ti, sentia um vazio, e esse vazio era a vontade de ter-lhe me meus braços, sentir a força cigana, a magia, a beleza, o amor... será que me amas cigano meu? Tua seriedade me maltratava a alma. E, sentada absorta em meus pensamentos, notei que estendia para mim uma rosa vermelha, tão vermelha como sangue, a peguei, senti seu aroma e conversamos somente com o olhar, nosso olhar... que somente nós dois entendíamos; sentaste a meu lado e abraçaste-me, deixei-me levar por seus fortes braços e um beijo brotou em nossos lábios. Pegaste o punhal que estava em minha perna e cortou o dedo pingando gotas de sangue naquele doce vinho, sem nada dizer estendi o meu dedo e fizeste o mesmo, bebemos aquele vinho, misturado ao nosso sangue, e passamos a ser um só, corre o nosso sangue pelo nosso corpo e nosso espírito corre o nosso amor. A carne e o espírito, o material e o imaterial,o constante e o inconstante... somos ciganos, nossos sorrisos, festas, amor, magia... percorrem o mundo, à busca de felicidade. Neste dia percebi que meu amor era correspondido, e ao som daquele violino e daquelas palmas dançamos como jamais, e cantamos como jamais e sorrimos como jamais... a força da vida, da natureza está ao nosso lado quando sentimos amor, o amor é o pulsar da vida, sem ele o coração pára, e morremos por dentro, morremos do abstrato, e do concreto só teremos a carne. somos energias propagadas ao mundo, somos seres imprevisíveis, ora amamos, ora odiamos, ora queremos ora não queremos... a vida é uma constante incosntância e devemos aprender a conviver com isso. hoje sofro, pois meu acampamento fora desfeito, e meu cigano não partiu comigo, foi embora levando-me a alma, e meu sangue que em teu corpo permaneceu, sinto que um pedaço de mim se fora e agora só possuo meu vinho doce, meus sorrisos, meus rodopios e meus conselhos para que tenhas cuidado com as paixões, elas são inconstantes, tanto constroem, quanto destroem. Leio a mão, jogo meu carteado, explico o que teu espírito por vezes não consegue entender, sorrio de ti, da tua paixão, do teu mundo, da tua vontade e espero que sejas feliz em tuas escolhas, porque eu cigana em vida, cigana em morte, cá estou trabalhando, orientando e emanando aquelas energias que o mundo me arrancou, quando me arrancaram a vida, a carne, o pulsar... e procuro meu cigano tão constante quanto procuras a felicidade, tão constante quanto anseia saber o teu futuro... vos digo, o futuro são vocês quem constroem, eu sofri de amor, morri por amor, de um apaixonado que eu enganei. Me arrependo de não ter seguido o acampamento de meu cigano, de não ter ido quando pude, me arrependo de ter seguido o mundo e ser revolta com suas regras, ora, sou cigana, não gosto de regras, gosto de alegria, de liberdade, e eu a perdi no momento que a encontrei. Hoje muito trabalho, porém, só serei feliz, quando encontrar o meu cigano. Me verão sorrir, cantar, dançar, aplaudir, orientar, beber... porém, para tentar esquecer aquele que procurarei por toda a eternidade de minha alma, o meu cigano. Um grande VIVA e PAZ à todos. Cigana.

Mariana Calçada
Enviado por Mariana Calçada em 28/10/2009
Código do texto: T1891277
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