Espanto
Quimera, quem me dera... GARDÊNIA
Fui andando, caminhando no sonho de papel e pisei numa borboleta azul.
Ela me olhou entristecida e eu a trouxe para minha filosofia.
Por força do destino e pela fragilidade e beleza da pequenina, abri minhas asa, voei com ela, para sugar as flores que ainda temem em fecundar outro jardim.
o pensamento me absorveu de pronto ,e pude abrir os olhos para contemplar o inimaginável.
Eu me vi criança, pegando o doce de leite do armário da cozinha; vi minha amada avozinha fritando os bolinhos de rosa.
Senti o perfume da maturidade e o sabor da minha infância resguardada...
A borboleta, então, desprendeu-se ,e sua figura ficou pairando na minha ingênua vontade de levá-la comigo.
Queria eu que a humanidade voasse pelo arco-íris e se comprometesse a reinventar a própria infância perdida.
Respingos de velada saudade borrifaram as lentes de meus óculos de sol.
A noite veio imune, teimosa,cantarolando uma ciranda melosa.
Borboletas são azuis, são azuis!
GARDÊNIA SP 13/10/2009