Por toda a vida...

Vai passar rápido, é só você dormir bem cedinho e acordar bem tarde, enquanto isso eu vou correndo contra o tempo para dar tempo de realizar todas as minhas obrigações, assim o tempo voa e chega finalmente o dia em que nos veremos novamente..

Há tempos Rosa ouvia a mesma frase dita pelo namorado, sempre as sextas feiras.

Na altura do campeonato Rosa já detestava os fins de semana, sentia uma enorme dor de cabeça quando se aproximava a sexta feira e os dias que para a maioria das pessoas são aguardadas com ansiedade e cheia de expectativas, pra Rosa era martírio, quase que uma tortura já que passava sempre sozinha e aflita na companhia da tia avó assistindo a programas de auditório e arrumando as gavetas de seu quarto com seu fone de ouvido tocando sempre as mesmas músicas que falam de saudade.Invejava todas as amigas que tinham companhia para sair aos sábados, que podiam marcar um cinema para o domingo, um passeio no shopping,uma manhã na praia ou no clube,uma festa para o sábado à noite.

Invejava até mesmo Sabrina que tinha um namorado cafajeste e mal educado, mas na ocasião Rosa achava que o mais importante era a companhia, mesmo que no momento aquela não fosse a companhia ideal.Nos últimos dias a moça passou a acreditar que valia mais uma má companhia do que a falta dela.Detestava sair sozinha, dormir sozinha e saber que não poderia contar com Edu nos finais de semana, lhe trazia uma enorme angustia e terríveis crises de ciúmes.

Para as amigas Jose e Clara, o final de semana era uma ótima oportunidade pra Rosa organizar festinhas no seu apartamento com toda a liberdade, muita comida, muita bebida... E uma ótima chance pra reencontrar aqueles amigos que costumamos abandonar quando nos julgamos apaixonados.

Mas na cabeça de Rosa isso não funcionava.Sabia de suas qualidades.Era atraente, bem humorada e sabia há tempos que Rodolfo a paquerava,uma festinha em seu apartamento no sábado à noite e tendo como convidado o gato do Rodolfo era um convite para a traição,seria o fim de seu namoro com quem a tanto tempo amava e tinha a maior paciência do Mundo.

Mesmo compreendendo sua situação, queria que o namorado a percebesse também, sentisse sua falta e que tivesse o mesmo medo de perdê-la também.E se sumisse e fizesse mesmo o que Jose e Clara tanto a aconselhavam?

E se desse uma chance pra Rodolfo?Talvez Edu também não estava mais tão envolvido assim e como dizia a mãe, homem é tudo igual e quando quer aprontar, inventa mil e uma desculpas e suas mentiras são tão convincentes que até ele mesmo acredita.Resolveu não ligar naquele final de semana.Precisava mesmo de um tempo sozinha, pra pensar, pra refletir e fazer tudo aquilo que não fazia há tempos, desde que conheceu Edu.

Acordou cedo no sábado, ligou pra Clara e Jose, o Sol estava brilhante, colocou o biquíni azul, aquele do verão passado, tomou coragem, desligou o celular, não ligou o computador, se ele quiser que corra atrás do prejuízo agora.

Foi a manhã mais mágica de sua vida, depois de tantas manhãs de sábado debaixo de uma coberta em cima da cama.

- Como pude ter perdido tantas manhãs, tanto Sol, essa praia ma-ra-vi-lho-sa!Pensou.

À tarde também foi bastante agitada, combinou um cinema com Jose, queria assistir a uma comédia romântica e a noite foi fazer compras com Clara.O sábado passou tão rápido que só se deu conta que ele tinha ido embora no domingo, quando foi acordada pela tia avó para preparar o café.O domingo também não foi diferente.Foi visitar uns parentes no interior que não via há alguns meses.Fez o que não fazia desde a infância, tomou banho no lago, subiu em arvores, comeu goiaba no pé, andou a cavalo, aprendeu a fazer doce de abóbora, mamão e coco. Antes de ir embora ganhou um presente da tia, um conjunto de panos de prato.-E pra você começar a fazer seu enxoval!Exclamou a tia Flora com a mesma ansiedade que tem uma mãe quando quer ver sua filha realizando seus sonhos.

Edu também morria de preocupação e saudades de Rosa.A namorada não era de desaparecer assim nos finais de semana.Passava sempre os dois dias mandando torpedos, e-mails, recadinhos e depoimentos no orkut, ligando o dia inteiro e repetindo sempre o quanto morria de saudades e pedindo para se cuidar e não dar confiança para Alice, a secretária oferecida e que causava tanto ciúmes.

Desta vez não.O telefone não tocou nem uma só vez, no computador ela estava offline, nenhum sinal de Rosa, nenhum torpedo, nada...

Era hora de voltar pra casa, repensar na vida e se valia mesmo a pena deixar de lado pessoas tão importantes e que o amavam, assim, em segundo plano... Tinha que resolver o que fazer da vida, não tinha mais tempo a perder, e tinha que ser agora...

Quando Rosa abriu a porta e se deparou com Edu, não conseguiu se conter.As lágrimas que caiam de seus olhos se misturavam com o calor de seu corpo e com seus beijos molhados.

O abraço apertado conseguiu dar a certeza de que o que sentiam um pelo outro era verdadeiro.

-È amor, agora eu sei.Tenho certeza-dizia Edu chorando e sorrindo ao mesmo tempo enquanto acalentava a namorada que no momento também se derramava em lágrimas. Edu olhou fixamente para Rosa, tirou do bolso uma caixinha vermelha que continha duas lindas alianças.Pronto, estavam noivos.Era tudo o que Rosa queria depois de cinco anos de namoro.Queria tranqüilidade, queria paz, queria a segurança que só sentia ao lado de Edu.E queria pra sempre, por toda a vida...

magnoliajasmin
Enviado por magnoliajasmin em 12/10/2009
Código do texto: T1862037
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