A lenda
A briga avançou pelo sonho da meia noite rompendo a madrugada, numa queda de braço robusta até o alvorecer, na casa do acaso com telhado de vidro quebrado pelas pedras de melindres atirando estilhaços de palavras meio falsas, “meias verdades” em cômodos vastos espalhados num caixote lajeados, refrigerados por abastadas janelas de pinho e jatobá.
O piso ladrilhado de granitinhos arrancado do barranco as margens do ribeirão das pedras, sofre com as passadas firmes e cadenciadas pelo desespero da realidade, ali perto do corredor ouvem-se o som do pranto silenciado pela a angústia, o sim e o não se confrontando como o bem e o mal atrelado num abraço fatal.
A partida dando adeus para quem fica na penumbra do seu ébrio sentimento envenenando o coração embrutecido pelo véu do ciúme desenfreado, estrangulando a confiança quebrantada ferindo o orgulho próprio.
Hoje percebo que o amor sem dúvidas virou bagagem de historia românica onde cada um levou o sentimento que se achou por direito de carregar para onde cada um for, a cama desfeita num quarto desfeito e coberto pela ira, pelo ódio e por rancor com tamanha desilusão, pulsa enfraquecido o desiludido coração.
Este que diversas vezes sem durabilidade bate forte com a excitação entre beijos e desejos ardentes indecentes maquinados pela reciprocidade inexistente.
A paixão minguada, enfraquecida, no ato de dor fora arrancando a cortina da falsidade dos cônjuges, máscaras caíram por terra no respirar ofegante donde antes? Fulguras. Repetiram inúmeras noites, o único laço carnal entre almas e corpos e o sorriso mudo da vingança que ainda não se vingou do êxtase triunfou sem piedade.
Tirando-se as sentimentalidades de lado, escaldam-se apenas homem e mulher falseados na ilusão da volta por cima fervilhando os olhos no altar da igreja perante o padre que ouve um par de sins para o posterior sacramento até que a morte os separe. Quem vai dizer certo ao duvidoso, coragem ao medroso que desconhece o amanhã?
- E se não tentar, continuamos na mesma realidade perdida. Num mundo de sonhos empacotados na esperança