AMOR VERDADEIRO



    Amanheceu... um dia tranquilo, o sol aquecia as flores... no jardim, borboletas coloridas a voar, enfeitando aquela manhã de primavera, seu João um senhor de 65 anos morava com sua esposa D.Maria numa casinha aconchegante...era visível o carinho que um tinha pelo o outro, palavras afetuosas, gestos amorosos...era possível sentir a felicidade no amor que tinham...Seu João cuidava da horta, e D. Maria cuidava da casa.
    Ela preparou o café, na mesa uma infinidade de delícias, festival de aromas...havia bolo de milho, queijo branco, pães, tapioca,mandioca cozida, café, leite quente, enfim gostosuras como só ela sabia preparar.
__João, meu amor...coma o bolo de milho, está do jeito que você gosta.

    Ela cortou um pedaço do bolo, colocou no prato dele e sabendo perfeitamente de seu gosto, passou a mão na faca, passou pela manteiga e colocando na fatia.
    Enquanto seu Joâo tomava seu café, olhava encantado para D. Maria, o amor que ele tinha ainda permanecia tão intenso ou maior que na época de sua juventude. Os dois conversavam durante o café, mãos sob as mãos um carinho desmedido, nos olhos ainda aquele brilho...Ao terminarem seu João antes de ir...ajudou a Maria a tirar a mesa, terminando a perguntou:
__Maria meu amor, você precisa de alguma coisa?

    Ela com o sorriso nos lábios disse que não.
    Ele então a beijou com ternura e se foi.
    Passado algumas horas João viu a fumaça subindo aos céus na direção de sua casa, correu para ver o que era, quando se aproximava, seu coração disparava e ele rezava para que tudo estivesse bem, quando chegou próximo a sua casa percebeu que os vizinhos estavam todos ali, e na frente da porta da entrada, uma ambulância...já com a respiração ofegante e desnorteado , grita:
__Maria, meu amor! Maria!

    Seu Gessy seu primo o segura e dizia calmamente, ela está bem...está sendo cuidada!
    Seu joão aflito, perguntava:
__Cadê a Maria, o que houve?

    Seu Gessy com muito cuidado, explicou:
__Olha João enquanto a Maria cozinhava no fogão de lenha, aconteceu um acidente, pegou fogo no avental da Maria...Mas não se preocupe, ela ficará bem!

Imediatamente as lágrimas rolavam pela face de João...ao ver a amada com a face, pescoço e parte dos seios queimados...se perdia em pensamentos, mesmo estando ela sedada de medicamentos, quando ela recobrasse a consciência, não suportaria olhar ao espelho, devido ser muito vaidosa...
    Seu joão foi para o hospital, sentado ao lado de Maria na maca, dentro da ambulância e, por todo o trajeto foi segurando a mão da amada, acariciando-a...
    Os médicos a trataram e , quando ela acordou ainda sem saber o que realmente havia acontecido...os médicos atenciosamente explicaram, já havia passado alguns dias do acidente...Maria chorava compulsivamente, pediu um espelho e, vendo sua imagem ficou horrorizada, neste instante seu amado João entrou no quarto, Maria trêmula e descompensada, tinha medo de olhar nos olhos do amado e vê neles estampado o desgosto pelas marcas do acidente. Mas estranhamente seu João se aproximou, com sua voz branda e suave, perguntou a amada.
__Maria meu amor, te amo tanto! Como está?

    Maria assustada, não entendia...por não vê reação no amado, parecia que ele não via o estrago que o fogo fizera. E carinhosamente beijou a testa da maria e a sua mão e, conversaram bastante...passaram-se os dias e ambos voltaram para casa, parecia que nada havia acontecido e, viveram bem felizes no suceder dos dias...
    Passados longos anos Maria faleceu aos 80 anos, exatamente 15 anos depois do acidente, morrera após uma parada respiratória enquanto dormia.
    No enterro seu João alisava a face da amada e derramava dolorosas lágrimas, sentia uma dor profunda por não ter mais a amada viva ao seu lado.
    Na volta pra casa, com seus filhos e netos ao redor, uma das crianças o Paulo, seu neto de 8 anos, perguntou:
__Vovô, eu achava que o Senhor era cego, mas percebi que o Senhor não é!

    E seu João com sua fala mansa, disse:
__Paulinho, eu nunca fui cego...apenas fingia que não via, para que sua vózinha não sofresse ainda mais com as marcas que lhe ficaram. Pois eu amava a sua avó pelo que ela era e, não pela beleza que nela transbordava.

    E assim passaram-se alguns dias e seu joão faleceu assim como a amada. Foi sepultado ao lado dela, seu desejo...pois nem na morte ele queria se afastar da mulher que tanto amou e foi feliz.
    Seu único amor...um amor verdadeiro!



Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 30/09/2009
Reeditado em 30/09/2009
Código do texto: T1840282
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