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CORAGEM PARA VIVER UM GRANDE AMOR...


 
Acordou achando tudo sem graça. As cores eram cinzas. Gosto azedo na boca. Na imagem refletida no espelho não era ele. Para onde foram seus sonhos? Quem os roubara? E a esperança do “tudo bem vai melhorar”?  Por onde se enfiara a tal senhora esperança? Quem sabia dela? Até o império imaginário havia sumido da mente. Estava triste. Não! Tristeza não era a palavra certa. Estava nada. O nada havia preenchido seu dia de desesperança, de desânimo, de vontade nenhuma. Vazio. Prostração.

Tinha tanto o que fazer, mas o nada foi o que preferiu:

- Não quero fazer nada e não quero nada... Nada de nada!

A ausência de desejos é algo perigoso, porta aberta para pensamentos nocivos. Não havia o que lhe melhorasse o humor.

O motivo era ela, digo, a ausência dela. Não teve forças de conservá-la a seu lado e agora estava naquele estado lamentável sentindo-se um covarde. Sim! Era um covarde por desistir daquela mulher que foi o amor mais bonito, mais forte, mais verdadeiro e completo da sua vida...

“-Eu sou um covarde... Eu não consegui gritar para o mundo que o meu mundo era ao lado dela. Ela é a minha mulher e eu o homem dela. Ela sabe disso... Como a amo, meu Deus!” – Vivia pensando assim.

Passou-lhe pela cabeça os mais sórdidos pensamentos para poder ficar ao lado dela para sempre. Tê-la todos os dias, desnudar-lhe os segredos da alma e as vestes do corpo. A amava assim nua, de corpo e alma e tudo o que via naquela mulher lhe era deveras agradável. Se existisse mulher perfeita, certamente seria ela.

Bastaria um gesto de coragem para mudar toda a sua vida e poder assim ficar ao lado do seu grande amor. Mas a covardia em tomar decisões freava seus desejos. E se calava. Um mundo de sonhos realizados apenas em sua mente, onde ela se fazia presente em todos os minutos dos dias. Não havia um dia em que não a tivesse na cabeça.

Ao mesmo tempo em que a imagem dela era conforto era também uma tortura. Desejava não amá-la, não ter provado seu amor ao mesmo tempo em que desejava ter coragem de ser dela e ela dele. Pensamento contraditório. A única certeza que tinha naquele momento angustiante era que nunca amara alguém tão grande assim. Embora duvidasse, às vezes, do amor que lhe dizia sentir, ela não mostrava sinais de contrariedade. Uma das suas últimas falas:

“(...)- Não o culpo, não o considero covarde e, sim uma pessoa nobre que pensa mais na família do que na própria felicidade. Não sentirei raiva de você, nem mágoas levarei... O meu amor por você é mesmo imenso, só sei amá-lo. De você só boas lembranças ficarão comigo guardadas... Fique bem.”

Depois de ouvir aquelas palavras ditas pela mulher amada, Joshua ficou pensando:

“- Maldita! Por que você tem que ser tão doce assim? Quão mais fácil seria se me odiasse, a dor da sua ausência seria aplacada! Agindo assim só me faz sentir ainda mais covarde por perceber a grande mulher que estou  me permitindo perder... A sua hombridade torna tudo ainda mais difícil para mim e aumenta por você o meu amor, o meu encanto...”

Aquelas palavras faziam com que se sentisse ainda mais covarde. E Joshua chorou. Por isso amanhecera calado, de alma cinzenta. Recluso.

Apesar da aparente compreensão, em secreto a sua amada torcia para que ele tivesse um pouco de coragem para enfrentar a situação e ficar finalmente só com ela. Ele também...