Frio a sós
Éramos dois.
Unidos de corpo e alma por uma linha tênue chamada amor. Amor de verão, quente e molhado. Embalado pelo calor de dois corpos que insistiam em se atrair.
Éramos dois na primavera de flores e rosas perfumadas.
Éramos ainda dois, eu e ela, no outono de cores pálidas e sem vida. Na turbulência dos ventos e na reconciliação iminente.
Mas eis que de súbito ela se foi.
E então veio o inverno.
Foi-se o calor do amor de verão, também o perfume das rosas e as noites pálidas de brigas e conciliações.
Restou-me a saudade, restou-me o frio.
(Este é um dos textos que se encaixa numa modalidade de contos da qual eu sou fã: os microcontos. É uma forma de narrativa incrível, onde mundos, personagens e suas tramas ou sentimentos devem ser descritos em poucas palavras de forma concisa. Um exercício e tanto. Obrigado aos que lerem e os comentários serão aproveitados.)