As imagens desta página foram retiradas da busca Google, caso seja sua criação e não autorize postá-la, favor entrar em contato comigo que retirarei imediatamente. Obrigada!
O SEGREDO OCULTO NA CARTA.
Era a hora mais difícil. Desejou ter uma irmã para realizar aquela tarefa e não ele. Protelou por três semanas até resolver finalmente desfazer das lembranças, dos laços, dos objetos. Haveria de guardar alguma coisa de valor inestimável. Valor sentimental, não o preço.
Imaginou que estaria preparado quando a mãe tivesse que partir. Mas diante da morte, Max sentia-se como um garotinho indefeso mergulhado naquele sentimento que não sabia traduzir por nunca tê-lo sentido. Era a primeira vez que perdia alguém tão próximo e querido. Uma dor imensa, porém, apesar de cheio de dor, sentia-se vazio. Tinha a sensação de estar completamente só e o mundo parecia-lhe tão maior naquela hora. Ele, um serzinho reduzido a nada pela falta que sentia da mãe.
Apesar da mulher e do filho; a mãe, mesmo ali naquela casa distante, era presença viva no seu cotidiano. Ficar sem vê-la, sem tê-la dali para frente seria um sofrimento que deveria aprender a superar, era um novo sentimento que teria que conviver. A morte não tem jeito, não tem hora, nem piedade. Chega como sua foice e ceifa-nos a vida não se importando com a dor dos que ficam...
“-As roupas, os calçados, os medicamentos, doarei ao asilo. Aquela sanfona silenciosa que ninguém tocava, mas que a deixava orgulhosa pela recordação do pai, ficará comigo como herança dos bons momentos e a alegre lembrança da risada da mãe...” – Max pensava enquanto lágrimas fáceis escorriam pelo rosto.
Max se permitiu chorar todo aquele choro que estava travado. Único filho precisava se fazer de forte. Tudo ficou para ele resolver. O velório, a decisão do que seria feito com os pertences da mãe. O pai não tinha condições para pensar em nada. Estava muito triste além de perdido naquela solidão de causar compaixão em quem o visse pelos cantos da casa.
Aquela caixa num fundo do criado mudo, pesada, antiga. Lembranças da mãe, mimos, segredos. Pegou-a com cuidado. Destampou. Suspirou. Novamente lágrimas. Ah, lágrimas que desciam sem cerimônias deixando embaçadas as vistas e os brios do homem sério que não chorava... Isso, não chorava, porque naquele momento não havia homem. Era só um menino.
Uma carta selada, endereçada, mas sem carimbo e que por algum motivo não foi posta no correio.
“- Uma carta que não seguiu o seu destino... Qual será seu conteúdo? Por que ficou lacrada a tantos anos? Que segredos ela guarda?” – Perguntas sem respostas, dúvidas e curiosidades encheram a mente do Max.
Leu o nome do destinatário. “J. Pacheco do Amaral Filho”. “Quem seria? Algum parente? Amigo? Antigo amor? Amante?” - Mais dúvidas. Max sentiu o desejo de saber o teor da carta. Não seria correto! Se a mãe nunca lhe falara dela, certamente não era para ser do seu conhecimento.
Um frio cortante percorreu-lhe a espinha. Um medo, uma insegurança e aquela pergunta que grita por respostas. Tomado de insegurança, falou sozinho:
- E se ele for meu pai!?
Veio a mente aquela lembrança da vez em que o pai zangado proferiu:
“- Esse menino puxou o lado ruim da sua família, nunca vi tanta teimosia! Nem parece ser meu filho...”
“Será?” – Pensava atordoado. E revirava a carta. A consciência temia desrespeitar a memória da mãe. O lado racional do homem achava sensato abrir o envelope e desvendar de vez aquele mistério. Naquele momento a dor da perda deu lugar a insegurança, a indiscrição.
“- E se conter um segredo que eu deva saber? Talvez uma doença do pai que eu precise dar maior atenção?”- Na tentativa de diminuir-lhe a culpa pela aguçada curiosidade, Max imaginava mil razões para desvendar o que estava escrito naquele papel amarelecido.
Tinha uma certeza. A de não falar nada com o pai antes de descobrir o que havia inserido na carta. Talvez pudesse macular a imagem da mãe e isso não queria jamais!
“- A mãe foi uma mulher boa demais, caridosa, amiga e seja o que for que eu descobrir, vai ser enterrado junto com ela. Antes, vou ter que pedir licença para minha moral e abrir de e acabar com essa tensão que está me dando gastura!” Pensava enquanto decidia-se.
Aquele homem sério estava tremendo, era o segundo sentimento daquele dia que provara pela primeira vez. Antes, o medo da solidão, da perda. Agora, o medo do desconhecido, da invasão. Em vida jamais procederia assim, tinha ciência de que era inviolável o sigilo da carta.
Pensou na mãe. Como se fizesse uma prece, ele pediu perdão para ela pela incursão e desrespeito. Disse-lhe que era por boa causa. Talvez, depois que lesse pudesse salvar alguma vida. Era nisso que se detinha para ter coragem de concretizar o ato. Não é fácil para quem tem caráter cometer atos fora dos seus bons costumes.
Respirou fundo. Sentou-se no sofá. O local preferido da mãe Wilma. Era ali que sentava para conversar com ele. Na sua eterna ausência, Max se acomodou sentido o aconchego da mãe.
Foi abrindo com cuidado o envelope. Temia pelo que seus olhos iam ler. O que aquelas letras revelariam? Os olhos de Max brilhavam, as pupilas estavam dilatadas, o coração a mil. Começou a ler.
“Piraí do Sul, 10 de maio de 1967.
...
Continuação e fim, clique aqui...
www.recantodasletras.com.br/visualizar.php
O SEGREDO OCULTO NA CARTA.
Era a hora mais difícil. Desejou ter uma irmã para realizar aquela tarefa e não ele. Protelou por três semanas até resolver finalmente desfazer das lembranças, dos laços, dos objetos. Haveria de guardar alguma coisa de valor inestimável. Valor sentimental, não o preço.
Imaginou que estaria preparado quando a mãe tivesse que partir. Mas diante da morte, Max sentia-se como um garotinho indefeso mergulhado naquele sentimento que não sabia traduzir por nunca tê-lo sentido. Era a primeira vez que perdia alguém tão próximo e querido. Uma dor imensa, porém, apesar de cheio de dor, sentia-se vazio. Tinha a sensação de estar completamente só e o mundo parecia-lhe tão maior naquela hora. Ele, um serzinho reduzido a nada pela falta que sentia da mãe.
Apesar da mulher e do filho; a mãe, mesmo ali naquela casa distante, era presença viva no seu cotidiano. Ficar sem vê-la, sem tê-la dali para frente seria um sofrimento que deveria aprender a superar, era um novo sentimento que teria que conviver. A morte não tem jeito, não tem hora, nem piedade. Chega como sua foice e ceifa-nos a vida não se importando com a dor dos que ficam...
“-As roupas, os calçados, os medicamentos, doarei ao asilo. Aquela sanfona silenciosa que ninguém tocava, mas que a deixava orgulhosa pela recordação do pai, ficará comigo como herança dos bons momentos e a alegre lembrança da risada da mãe...” – Max pensava enquanto lágrimas fáceis escorriam pelo rosto.
Max se permitiu chorar todo aquele choro que estava travado. Único filho precisava se fazer de forte. Tudo ficou para ele resolver. O velório, a decisão do que seria feito com os pertences da mãe. O pai não tinha condições para pensar em nada. Estava muito triste além de perdido naquela solidão de causar compaixão em quem o visse pelos cantos da casa.
Aquela caixa num fundo do criado mudo, pesada, antiga. Lembranças da mãe, mimos, segredos. Pegou-a com cuidado. Destampou. Suspirou. Novamente lágrimas. Ah, lágrimas que desciam sem cerimônias deixando embaçadas as vistas e os brios do homem sério que não chorava... Isso, não chorava, porque naquele momento não havia homem. Era só um menino.
Uma carta selada, endereçada, mas sem carimbo e que por algum motivo não foi posta no correio.
“- Uma carta que não seguiu o seu destino... Qual será seu conteúdo? Por que ficou lacrada a tantos anos? Que segredos ela guarda?” – Perguntas sem respostas, dúvidas e curiosidades encheram a mente do Max.
Leu o nome do destinatário. “J. Pacheco do Amaral Filho”. “Quem seria? Algum parente? Amigo? Antigo amor? Amante?” - Mais dúvidas. Max sentiu o desejo de saber o teor da carta. Não seria correto! Se a mãe nunca lhe falara dela, certamente não era para ser do seu conhecimento.
Um frio cortante percorreu-lhe a espinha. Um medo, uma insegurança e aquela pergunta que grita por respostas. Tomado de insegurança, falou sozinho:
- E se ele for meu pai!?
Veio a mente aquela lembrança da vez em que o pai zangado proferiu:
“- Esse menino puxou o lado ruim da sua família, nunca vi tanta teimosia! Nem parece ser meu filho...”
“Será?” – Pensava atordoado. E revirava a carta. A consciência temia desrespeitar a memória da mãe. O lado racional do homem achava sensato abrir o envelope e desvendar de vez aquele mistério. Naquele momento a dor da perda deu lugar a insegurança, a indiscrição.
“- E se conter um segredo que eu deva saber? Talvez uma doença do pai que eu precise dar maior atenção?”- Na tentativa de diminuir-lhe a culpa pela aguçada curiosidade, Max imaginava mil razões para desvendar o que estava escrito naquele papel amarelecido.
Tinha uma certeza. A de não falar nada com o pai antes de descobrir o que havia inserido na carta. Talvez pudesse macular a imagem da mãe e isso não queria jamais!
“- A mãe foi uma mulher boa demais, caridosa, amiga e seja o que for que eu descobrir, vai ser enterrado junto com ela. Antes, vou ter que pedir licença para minha moral e abrir de e acabar com essa tensão que está me dando gastura!” Pensava enquanto decidia-se.
Aquele homem sério estava tremendo, era o segundo sentimento daquele dia que provara pela primeira vez. Antes, o medo da solidão, da perda. Agora, o medo do desconhecido, da invasão. Em vida jamais procederia assim, tinha ciência de que era inviolável o sigilo da carta.
Pensou na mãe. Como se fizesse uma prece, ele pediu perdão para ela pela incursão e desrespeito. Disse-lhe que era por boa causa. Talvez, depois que lesse pudesse salvar alguma vida. Era nisso que se detinha para ter coragem de concretizar o ato. Não é fácil para quem tem caráter cometer atos fora dos seus bons costumes.
Respirou fundo. Sentou-se no sofá. O local preferido da mãe Wilma. Era ali que sentava para conversar com ele. Na sua eterna ausência, Max se acomodou sentido o aconchego da mãe.
Foi abrindo com cuidado o envelope. Temia pelo que seus olhos iam ler. O que aquelas letras revelariam? Os olhos de Max brilhavam, as pupilas estavam dilatadas, o coração a mil. Começou a ler.
“Piraí do Sul, 10 de maio de 1967.
...
Continuação e fim, clique aqui...
www.recantodasletras.com.br/visualizar.php