E a flor aprendeu...
Ela sabia que seria inevitável: seu fim seria um fim qualquer, comum, sem nada extraordinário como havia planejado. Não haveria, sequer tristeza ou saudade: não deixaria ninguém que a prezasse...
Sempre fora solitária e, só agora, sentia o verdadeiro peso dos anos de amargura...
Agora, já murchando, é que via a importância do sentimento.
Sim, justo aquilo que ela sempre rejeitara, sempre julgara inútil, agora fazia-lhe fata.
Nunca havia demonstrado qualquer interesse quanto a eles, pois, para ela, se o dinheiro não poderia oferecer, era, decerto, ruim.
Pois só agora percebera seu engano...
E lamenta... "Se houvesse tempo, ah, se houvesse tempo..." Prometia si mesma: "Eu amaria. De todo o meu ser eu amaria. Amaria o mundo e a vida. Amaria as coisas e as pessoas. Ah, eu amaria!"
Assim, algumas gotas de chuva, milagrosamente surgiram no deserto. Nada esperado, algo sequer imaginado. Ainda mais naquele tempo... Já era milagre ter nascido ali. Vira água, em raríssimas ocasiões, quando o Sol resolvia descansar por alguns minutos. Mas aquilo era água e era uma sensação inconfundível. Vida!
A água trouxe-lhe de volta, e a profecia se cumpriu: ela enamorou-se da água, amou profundamente o mundo e, dali em diante, jamais murchara...