Vote No Final - Rogério deve assumir Felipe como seu filho? - CAP II

Problemas familiares

Quando chegaram do hospital todos estavam na sala esperando ansiosos por Felipe, fizeram uma festa para recebê-lo e distraí-lo do curativo que o tiraria da piscina por alguns dias, estragando as férias de todos. Rogério subiu direto para seu quarto, queria tomar um banho e tirar o cheiro do hospital que impregnara em sua roupa, mais que isso, deixar a ducha escorrer e afastar de sua mente as palavras angustiadas de seu sobrinho, que agora via, sofria muito com a falta que uma família tradicional fazia. Porque eles não pesaram isso, porque não procuraram outras alternativas na época, não deviam ter levado à sério aquela criancice, não era justo com a criança.

A porta do banheiro foi aberta e Soraya entrou, estava com um copo de bebida destilada na mão, parecia um pouco fora de si.

- Satisfeito agora? Eu sempre soube que isso um dia iria estourar na cara de vocês, oito anos, Rogério, oito anos e já estamos enfrentando cobranças.

Rogério saiu da ducha furioso e ainda molhado avançou na mulher.

- Não diga mais nenhuma palavra, você também é parte disso. Você também tem sua parcela de culpa nessa história e sabe muito bem o que aconteceria se não tivessémos tomado essa decisão, agora tome uma ducha, fique sóbria e desca para jantar, não quero que meus filhos conheçam a mãe que eles tem.

- Eles já conhecem, e você sabe disso, conhecem até mesmo do que o pai deles é capaz.

Rogério a soltou, pegou uma toalha e passou para o quarto.

No jantar todos estavam mais alegres, pareciam outras pessoas, as crianças se provocavam e os adultos conversavam sobre vários assuntos, de negócios à programas de tv, após a sobremesa, os adolescentes Fernanda e Ronaldo pediram para irem até a praça da cidade, queriam rever aos amigos que sempre encontravam nas férias e o pequeno Felipe acabou adormecendo no colo da avó, Solange o levou para o quarto e Soraya subiu logo atrás queixando-se de dores de cabeça.

- Que bom que estamos à sós Rogério, queria mesmo falar com você, é sobre essa angústia que temos observado em Felipe, essa constante curiosidade dele em querer conhecer seu pai.

Rogério se aproximou e sentou-se ao lado da matriarca.

- Sei que você é um homem de negócios, muito ocupado, mas queria lhe pedir um favor pessoal, preciso muito de sua ajuda - pegou em sua mão com firmeza - me ajude a encontrar o pai dessa criança.

- Bem, D. Marguarida, não sei bem por onde começar, na época Solange morava conosco mas sempre foi muito discreta com seus namoricos...

- Eu sei que dinheiro não é problema para nós, gaste o que for, contrate detetives, pessoas especializadas, descubra, dou toda minha fortuna para descobrir o paradeiro desse canalha que abandonou minha filha e meu neto. No começo achei bom, a tinha por perto, pude dar uma educação valiosa ao garoto, sem interferência externa, mas agora, sem o avô. Vejo quanto ele sofre. Se ao menos você estivesse por perto. Ele te respeita muito, te adimira muito, tem você como um pai ideológico, se morasse aqui, não estou lhe pedindo isso, sei dos seus negócios, mas se estivesse por perto, seria menos doloroso.

- Entendo D. Margarina, entendo, farei o que puder para resolver isso. Mas diga, porque não procuremos uma ajuda para ele, derepente um psicólogo, alguém que possa ajudá-lo a entender que infelizmente ele não....

- Meu neto não é nenhum doente, e você me ofende quando diz isso, porque? você sabe de algo? Por acaso Solange se envolvia com drogados ou pessoas pertubadas?

- Desculpe, não foi essa minha intenção. Bem, vou me deitar

Rogério subiu desconcertado para o quarto, pensando em toda a conversa que tivera com a sogra, e se realmente conseguisse se mudar para aquela cidade, mas e seus negócios? Sua família, para eles seria muito difícil a adaptação em uma cidade pequena, afinal estavam acostumados a agitação da cidade grande, nem gostavam mais de passar tanto tempo assim no casarão, só vinham para as férias forçados, Rogério via a hora que não iriam mais conseguir nem isso. Deitou. Soraya já tinha pego no sono profundo, eram 23:30, esperaria meia hora e desceria para saber o que Solange queria com ele, o dia estava mesmo exaustivo.

Quando chegou a varanda a cena era lúdica, contra o luar Solange o esperava com um robe branco transparente e uma taça de vinho na mão, ela estava de costas, e olhando o horizonte, não percebeu sua aproximação. Ele pôde admirar sua silhueta atravês do robe que esvoaçava levemente por causa da brisa quente que dominava as noites no interior, conseguia enxergar o corpo esguio daquela morena que sempre mexia com sua libido e tomava o lugar de sua esposa em suas fantasias eróticas na madrugada solitária de suas viagens à negócio, será que era pura fixação ou uma paixão velada, platônica, que nunca poderia ser vivida. Ele se aproximou e chamou por ela.

- Não está com frio? - Sua garganta secou.

- Frio? parece que não conhece mais o interior Rogério, frio aqui só em julho mesmo, daí só a lareira pra esquentar, quer vinho?

- Não obrigado. - Ela se virou para ele. - Você queria falar comigo?

Quando ele olhou em seus olhos, percebeu que ela havia chorado, eles estavam tristes e úmidos, ela baixou a cabeça e se aproximou ainda mais dele, quase que pedindo um abraço.

- Na verdade, sinto falta das nossas conversas, de quando acabávamos nos esbarrando na cozinha de sua casa e conversávamos madrugada adentro, por isso que pedi que viesse aqui hoje. Tem tanta coisa acontecendo Rogério, preciso muito de sua ajuda. - Ela baixou a cabeça e quase enconstou no peito dele.

Rogério estava ofegante, a vontade dele era de agarrá-la em seus braços e colocar em prática tudo o que sonhara nesses oito anos em que ficaram longe, tocou seu queixo e levantou seu rosto, olhou em seus olhos.

- Você sabe que pode sempre contar comigo, já provei a você isso.

Um carro se aproximou, pelo giroflex ligado percebeu-se que era da polícia, Rogério se assustou e lembrou-se logo de seus filhos, desceu as escadas que davam acesso ao jardim e Salange voltou ao parapeito da sacada, um policial desceu do carro.

- Sr. Rogério?

- Sim sou eu, aconteceu alguma coisa a meus filhos?

- Preciso que o sr. me acompanhe até a delegacia.

- Sim, mas preciso saber, eles estão bem?

- O sr. tem advogado? Ligue para ele, seu filho está preso por porte de drogas.

Você acha que Rogério deveria assumir Felipe como seu filho?