DUVIDO VI
ADVINHA QUEM VEIO PRO JANTAR?



De volta para suas cidades, Ana se manteve apreensiva ao mesmo tempo em que envergonhada com a cena de ciúmes que havia feito e mais ainda, por depois do feito, ter compreendido a nocividade que o seu descontrole causou à relação do casal.

Marcelo por sua vez, chega a Atibaia, certo de que aquele seria seu último encontro com Ana. Os ciúmes, o descontrole e principalmente a vingança, lhe proporcionaram a situação mais difícil de sua vida. Isso tudo havia lhe obrigado prometer para si mesmo que, jamais aconteceria de novo.

Na cama, antes de dormir Marcelo fica pensando de como tudo aconteceu. Irritou-se ao perceber que algo de pior poderia ter ocorrido se Ana, piorasse durante a noite e ele naquele lugar sem recursos médicos. Percebeu que nada ou muito pouco poderia ter feito para reverter uma tragédia e isso o marcaria para o resto da vida. Nesse momento, corre em seu rosto uma lágrima. Assim, reafirma sua decisão de não atender mais os telefonemas de Ana nem enviar para ela, algum tipo de mensagem.

Passados cincos dias de terem terminado o romance, Ana se enche de coragem e manda pelo celular uma mensagem: Pelo amor de Deus Marcelo, me perdoa! Mais tarde não obtendo nenhuma resposta, Ana dá um toque no telefone de Marcelo e envia outra mensagem. As pessoas que mais amo nessa vida são os meus filhos, agora só me resta o convívio de um deles. Pela felicidade do meu filho, juro que nunca mais farei nada parecido. Preciso de você!

Marcelo sentiu sinceridade nas palavras de Ana, mesmo assim, não estava acostumado voltar atrás nas suas decisões de vida, fossem elas profissionais ou pessoais. À noite em sua casa, Marcelo envia para a ex-amante um e-mail, reforçando tudo que aconteceu, tudo que poderia ter acontecido e tudo que ele sentiu com as atitudes descabidas de ciúmes. Disse que apesar de ainda gostar muito dela, decidiu que seria melhor que não se vissem nem se falassem mais.

Logo que lê o e-mail, Ana responde: Melhor para quem Marcelo?
Para mim, está sendo absurdamente dolorido passar por tudo que estou passando, sem poder dividir com quem eu amo minhas dúvidas, incertezas e decepções. Humildemente lhe peço amor, esquece tudo que fiz, nunca mais faço isso, vamos ser felizes!

Três semanas se passaram sem que Ana tivesse alguma notícia de Marcelo. Mais uma vez, se entope de coragem e manda uma mensagem pelo celular. Por favor, leia e responda meu e-mail. No e-mail ela diz estar preocupada, pois, sua menstruação parecia um relógio e que naquele mês, estava atrasada para mais de uma semana. Por favor, podemos conversar no (MSN), hoje à noite? Estou realmente muito preocupada.

Marcelo junta a preocupação do fato, com certa saudade que lhe incomodava o peito e responde o e-mail. Eu falei dos riscos de sexo sem camisinha e agora? Estarei no (MSN) por volta das vinte e uma horas.

No horário combinado os ex-amantes se encontram. Ana agradece, diz que Marcelo estava coberto de razão no decidir não querer mais o relacionamento, pois, o que ela havia feito em Mauá, não teve propósito nem cabimento e que reconheceu os riscos que lhe fez passar, com toda aquela situação.

Mas, estava mesmo apreensiva, não se lembrava mais qual fora à última vez que sua menstruação havia atrasado. Marcelo digitou: Eu avisei, mas, isso deve ser menopausa chegando. Ana riu, sou muito nova para isso lindo. Vou fazer o seguinte, esperarei por mais uma semana se não vier, procuro meu ginecologista.

Ana se aproveita da oportunidade para contar que o seu consultório vai de mal à pior e que havia recebido uma proposta de trabalho em uma Clínica Pediátrica na Barra da Tijuca, diz que ganharia a mesma coisa, talvez até um pouco mais do que estava ganhando no seu consultório.

Marcelo como sempre, pensou rápido. Se for ganhar o mesmo, então aceite o convite, assim, em deixando de ter os gastos e as responsabilidades administrativas que um estabelecimento requer, somados ao que receberá de aluguel do imóvel que alugaste para a dermatologista, acabará com muito mais dinheiro no bolso e com muito menos preocupações. Ana continua a conversa, dizendo que está trabalhando demais e se aceitar o convite, passará a trabalhar bem menos, apenas dois plantões semanais (segunda e quinta feira) e dois domingos no mês.

Ana diz estar se sentindo muito cansada e que precisava descansar um pouco, pergunta para o ex-namorado se poderia conversar no dia seguinte, no mesmo bat horário. Marcelo se lembra daquele modo carioca de dizer as coisas e diz tudo bem.

 Dia seguinte Marcelo no (MSN), vê Ana chegando e já chega digitando: Boa noite meu amor! Advinha quem veio pro jantar? Marcelo sem saber direito o que dizer digitou seu ex-marido? Ela riu... Deus me livre... Foi a minha menstruação, lindo!

Marcelo respira mais aliviado e digita: Graças a Deus, não imaginas minha angústia de ontem para cá, só pela possibilidade de você estar grávida. Nossa diz Ana, vira essa boquinha para lá. Filhos, já tive todos que queria ter. Agora o que mais quero é ficar bem com você, provar que posso lhe dar muitas alegrias e que todas as bobagens que fiz no passado, ficarão por lá. Por isso queria te fazer uma proposta indecente e ri mais uma vez.

E qual seria essa proposta, pergunta Marcelo curioso. Ah! Isso só ficará sabendo quando estivermos juntos, quero olhar bem nos seus olhos quando te perguntar e quero que esteja olhando nos meus quando responder. Marcelo não disse nem que sim nem que não.

Era quinta-feira da semana santa e Ana pergunta. Vai viajar? Ele responde que não, justamente por ser semana santa as vendas no sábado, costumam aumentar e por isso, não poderia viajar. Trabalharei no sábado até as dezoito horas. Ana diz que não poderia falar com ele na noite de sexta, pois, assistiria no Colégio Brasileiro dos Cirurgiões em Botafogo, uma palestra das dezoito as vinte e duas horas e que a palestra se estenderia pela manhã de sábado das nove até as dezesseis horas. Mas, poderia conversar no sábado à noite por volta das vinte e uma horas. Estarei por lá te esperando disse Marcelo. Ana considerou aquilo como uma reconciliação entre o casal e logo perguntou. Então estamos namorando de novo não é? Marcelo apenas sorri e se despede de Ana.

Sábado de aleluia, faltavam quinze minutos para as dezoito horas, quando no telefone de Marcelo aparece uma mensagem. Tem presente de páscoa para você lá na rodoviária de Atibaia. RSRSR. Estou chegando às dezenove horas, amor.

Marcelo leva um susto, telefona para Ana a seguir e quando atende ela diz: Isso mesmo amor vim pessoalmente entregar para você seu ovo de páscoa não se lembra? Está fazendo dois anos que nos encontramos pela primeira vez. Foi logo depois da páscoa e eu quero comemorar isso junto de você.

Mas Ana, você ficou louca? Como vou fazer para ficar no de repente contigo? Sem deixar Marcelo terminar a frase ela apenas diz, dá um jeito amor, porque de hoje para amanhã vou ser sua coelhinha da páscoa.

Marcelo ainda de sua loja, telefona para casa, diz que um amigo do clube de pesca havia  telefonado aventando a possibilidade dele o acompanhar num festival de pesca em duplas que aconteceria logo cedo da manha de domingo numa cidade a duzentos e vinte quilômetros de Atibaia, disse também que o amigo passaria por volta das dezenove horas em sua casa para pegá-lo. Rita achou estranho de ele ir pescar logo na páscoa, mas, não quis atrapalhar o marido. Marcelo telefona para um colega, conta sua situação e pede para que ele passe em sua casa por volta das dezenove horas e assim, Marcelo, reencontra Ana na rodoviária antes mesmo das vinte horas.

Ao ver o namorado, Ana corre em sua direção, abraça-se com ele e fala em seu ouvido, hoje vou ser sua coelhinha e você meu coelhão. Marcelo fica meio atordoado com tudo aquilo e trata de sair daquele lugar onde era facilmente reconhecido. Procura um motel próximo a entrada da cidade com Ana dizendo: Jantamos, tomamos café da manhã e almoçamos amanhã por aqui amor. Não quero sair nem um minuto do seu lado.

Já no motel, Ana diz que precisava de um bom banho, tinha ido para a tal palestra no sábado pela manha, mas ao chegarem sua casa, resolve pegar algumas roupas e seguir para rodoviária, alguma coisa lhe dizia que ainda encontraria passagens para o mesmo dia, dito e feito. Às onze horas e dez minutos já estava dentro do ônibus para São Paulo.

Tomando banho, Ana pede para o namorado colocar uma música bem suave e baixar um pouco as luzes. Ao sair do banho, Ana se apresenta vestida num espartilho vermelho, na cabeça como adereço, duas orelhas enormes brancas.



Ana sobe na cama olha pro namorado e diz: Vem comer sua coelhinha vem! Marcelo se excita em ver aquela coelha linda dançando em sua frente, nem sabia por onde começar e resolve começar pela parte que mais lhe agradava, foi tirando a calcinha vermelha, desprendendo as cintas que prendiam as meias, deixando-a somente de meias e com aquelas orelhas enormes. Começa então a beijá-la, esfregando seu nariz com o nariz da namorada mostrando para ela, o tamanho da excitação que aquela fantasia de coelhinha havia lhe provocado.

Marcelo abraça a amante de modo a suspendê-la do chão, cola seu corpo ao dela e vai andando com ela da cama até uma das paredes do quarto. Desce o corpo da amante lentamente a beijando intensamente, explorando com suas mãos cada pedaço do seu corpo.

Ana se mostra faminta! Sedenta de amor suspira, geme dizendo em sussurros, vem meu coelhão! Marcelo posiciona o corpo da namorada de modo a deixá-la de costas, comprime seu corpo ao dela, enquanto fala ao seu ouvido.

Hoje você vai ser a coelhinha mais feliz de toda a páscoa! E vai impulsionando seu corpo contra o dela, Ana já nas pontas dos pés, ouvindo seu amor lhe dizendo... Hoje você vai subir por essas paredes literalmente e naqueles movimentos frenéticos de vai e vem, Ana explode num orgasmo impressionante. Marcelo mais uma vez, havia lhe presenteado com orgasmos múltiplos que Ana, nem imaginava existir antes de conhecê-lo.

Marcelo desce o corpo de Ana vagarosamente, deitam-se num tapete generoso que a suíte lhes proporcionava, com Ana exausta lhe confidenciando: Você faz de mim, a mulher mais feliz do mundo!

Como havia prometido Ana não desgruda do namorado um só instante. Mais tarde, bem mais tarde, próximo da meia-noite pedem o jantar. Marcelo vai ao frigobar, abre uma garrafa de vinho e serve uma taça para a namorada. Ana espera Marcelo se servir também, se aproxima dele e diz que havia chegado a hora, daquela proposta indecente e olhando nos olhos do amante pergunta. Você quer que eu seja sua coelhinha todos os dias da sua vida? Marcelo, você me ama de verdade?

Por tudo que havia passado juntos, Marcelo estava mais que certo do amor que sentia, olha nos olhos da namorada e diz: Sim, eu te amo! E como num pensar alto, continua dizendo... Meu Deus!

Que amor é esse?

Tão forte, tão certo, tão longe... Um amor tão pouco, tão perto, tão louco! Que amor é esse que não acaba nunca, maior que os ciúmes, maior que a fúria. Ana abraça-se com Marcelo, encosta a cabeça em seu peito e choram meio as alegrias e impossibilidades.

Marcelo não comenta nada, mas, pela primeira vez se sentiu incomodado por estar casado e não poder ficar mais tempo ao lado de Ana. A campainha toca os amantes se assustam, era apenas o garçom anunciando o jantar.

O casal janta um mostrando para o outro o tamanho da felicidade que sentiam, conversaram um pouco sobre coisas boas que aconteceram entre os dois. Após o jantar, Marcelo sentindo sua namorada um tanto cansada, faz o convite para que fossem para a cama e brinca com ela. Fique tranquila, não farei nada para deixá-la mais cansada do que já está.

Pediu que a namorada deitasse nua de bruços, pegou emprestado seu creme hidratante e fez para ela, a massagem mais relaxante de toda sua vida. Começou pelos pés, massageando dedo por dedo, fez leve pressão com os polegares em vários pontos da região plantar dos seus pés, com a namorada pronunciando gemidos de descontração.

Marcelo pega mais um pouco do creme e aplica o creme pelas pernas e costas de Ana. Espalha o creme suavemente, massageia o pescoço e músculos intercostais. Ana já não esboçava nenhum ruído, caíra num sono profundo, com Marcelo ao seu lado, admirando o belo corpo de sua namorada.

Por volta das três horas da madrugada, Ana acorda com seu namorado a ela abraçado e permanece estática juntinha do seu amor, como quisesse perpetuar aquele momento.

Quase pela manhã, ainda no escuro, como de costume Ana, acorda seu amor com um beijo e brinca com ele, chega de moleza, hora de trabalhar e vai beijando seu corpo por inteiro dizendo, agora eu que vou te fazer uma massagem bem esperta.

E começa deslizando seu corpo nu, sobre o corpo do namorado, friccionando, beijando, acariciando seu sexo. Untou todo o corpo de Marcelo com óleo aromatizante para continuar deslizar seu corpo sobre o dele.

Marcelo já se encontrava excitado, os corpos aqueciam-se no atrito que um promovia noutro. Ana se mostrava quase que em êxtase. Senta sobre o namorado, deixando que ele a penetre e vai como que cavalgasse num trotar delicioso, massageando o peito dele. Os corpos aquecidos deslizavam mais rápidos ainda, com Ana terminando aquela massagem, num galope alucinado de prazeres sem freios.

Em Marcelo, já não existia alguma dúvida, precisava estar com Ana mais vezes, por outro lado, sentia-se incomodado por estar traindo sua companheira e deduz que o mais correto seria contar para ela o que estava acontecendo. Só não sabia ainda como faria isso. O casal degusta o café da manhã que lhes fora servido, recheado de juras e promessas de amor.


ROMANCE EM (OITO) CAPÍTULOS





Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 12/08/2009
Reeditado em 21/08/2011
Código do texto: T1750493
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