" Indiferença "
Havia tanto amor, tantos sentimentos, tantas vontades, desejos, sonhos, planos, mil promessas ainda para se cumprir.
Muitos sorrisos, mãos entrelaçadas, corpos quentinhos, juntinhos, tantos segredos e tanto silêncio.
Foram tantas palavras ditas, escritas, faladas boca a boca, olhos nos olhos, tantos momentos vividos.
Houve tambem lágrimas angustias, saudades, desejos, ausencia sufocada, nem sempre falada.
Tempo em que se era feliz, o pouco era muito e bastava, havia um amor, amor infinito, sem fim, sem mágoas, sem dores, apenas amor, daqueles que não se acaba nunca.
Nunca acabaria se não houvesse a indiferença, o total ignorar, ha muito tempo que já não havia palavras, apenas deslizes, pequenos deslizes, algo desesperado, recados pequenos, gritos de socorro, saudades, muita saudades, vazio, lacunas, perguntas, muitas perguntas, nenhuma resposta, objetivamente o ignorar, a indiferença, de novo a indiferença.
O encontro, a realidade, ela estava lá, tinha rosto, corpo, e quase podia se ouvir a voz, imaginar o timbre da voz, o sussurrar no ouvido, os sorrisos trocados, os doces momentos de amor, juras eternas, fidelidade, inabalável, inatingivel.
Tudo tão nitido, arrancando-lhe o ultimo sonho, a ultima vez, ainda tão viva na mente, lembranças em forma de riso, riso de escárnio, de dor, de mágoa, de tristeza, vazio só um vazio tomando todo o espaço da ultima noite, a realidade tomando todo o lugar do imenso amor.
Mudanças, tantas mudanças, objetivamente ir embora, recomeçar, dilacerar, juntar os mil pedaços, se fazer inteira de novo, enfrentar, a realidade agora tem rosto.
Ainda há a saudades, ainda a ausencia, talvez ainda haja um amor infinito.
Há o frio e a chuva fina lá fora, a sutil gentileza, o abraço ainda meio sem jeito, o beijo na rua, a falta de costume, recomeçar, bons amigos se aquecem no frio.