Ana e o Poeta
O telefone tocou. – uma. – duas. – três vezes. Ana atendeu. Ana atendeu e falou “oi”. Falei também.
Quis falar algo, mas não o fiz. Pensei que não deveria. Pensei. E fiquei em silêncio.
Olhei pro céu a penas. Apenas. Enquanto Ana falava baixinho alguma coisa que eu não entendia. Que eu não entendia.
...Bem queria.
Quis fechar os olhos. – fechei. Queria imaginar Ana, ali, do outro lado da linha, falando ao telefone. – quis imaginá-la. O que será que pensava? O que será que vestia? O que será que dizia? – Nem sei.
Veio-me a cuca o seu sorriso. Seus olhos. Seus cabelos escuros – compridos. Um pedaço do céu. Um mergulho no mar.
Ana falava alguma coisa baixinho. Alguma coisa que eu não entendia. – eu bem queria. Eu bem queria. Eu bem queria falar algo.Eu bem queria a ela. Eu bem queria estar com ela.
(Ismael Alves)
“Um beijo de boa-noite.”