A amante
Reluzente ao clarão que a mente transborda, encubro meu corpo com vestes rendadas de cetim, singelas, angelicais, divinamente inocentes ao encobrir partes ditas íntimas passeadas pela viuvez dos pensamentos e imaginação. Sorteia-se o olhar no vai-e-vem que esnoba a acolhida do silêncio ao balançar das ancas, ora devagar e, por vezes freneticamente, sei que a plenitude das preliminares exprime sutilezas inquietantes ao prazer da maciez do toque ao dedilhar meu corpo seminu.
Em muitos momentos os sabores envolventes exalados do seu corpo embriagavam-me com a fragrância do cheiro viril, másculo do animal no cio, sutilmente nas investidas certeiras do roçar da língua na pele, descubro os pontos em ebulição. Cabe agora ao meu prazer te deixar cativo ou escravo das minhas vontades, posso dizer-te que tenho a chave das tuas fantasias. O jogo do amor começou assim que conheceu e sentiu meu cheiro e como “a amante” faço caíres aos meus pés. Sinta o envolvimento as mordidas estudadas nos pontos certos, as carícias, os sussurros em teus ouvidos, não duvide pois, secretamente descobri-os fazendo uso dessa armas, armas de sedução infalível. E como recompensa recebo-te por inteiro, portanto se é pra ser o amante que seja só meu. Palavras ditas e urradas, e a cada toque um beijo ardente celebrava o acontecimento. Não, decididamente, não existem barreiras para o desejo, como amante te domino, fecham-se os olhos que a entrega é total. Pode-se tudo, já que o pudor é desconhecido e transformador. Ligeiramente os arrepios acontecem e com a taça nas mãos sorvo o suco quente expelido pelo gozo e pouco a pouco me embriago ao passar da sua língua entre minhas pernas semi abertas causando sensações conhecidas e, em um piscar de olhos entrego-me descaradamente a você.
Mais uma vez teu corpo me procura e em cores decora cada passagem de mão, como se Deus soprasse uma sinfonia alegre e primaveril.
Em diversos momentos se faz presente a felicidade. Isso para mim é a verdadeira felicidade, a verdadeira dança, a verdadeira simplicidade dos atos, o verdadeiro não pensar, o verdadeiro existir, mais, mas sim o verdadeiro sentir. Tudo se renova nas emoções e nostalgias que mais tarde serão recolhidas nas quimeras e sonhos da saudade. E nesse desenrolar de almas afins, os corpos sentem-se alimentados, em todos os sentidos é quando o universo deixa de ter crepúsculo.
Confesso-te que como tua e somente tua amante, serei fiel aos nossos encontros segredados.