DEPOIS DO CHOPE!

Uma verdade é incontestável: em todo ambiente de trabalho sempre existiu, existe e existirá aquele clima disfarçado ou não de paquera no ar. Afinal, quando Cupido resolve agir, muitas vezes, acerta a sua indefensável flecha em pessoas envolvidas ou não com outras, no campo sentimental, diga-se de passagem. E é aí que mora o perigo. Costuma-se dizer que nessas circunstâncias a aventura é mais gostosa. É como se provasse, assim como Adão e Eva, do fruto proibido no Jardim do Éden. Então, sendo assim, diante dessa premissa, ninguém estará isento de um caso amoroso, tenha ou não compromisso anterior com outra pessoa. Só que, sendo assim, quando isso acontece, é bom deixar a razão sempre bem alerta e firme para não ser dominada ou arrastada pelo turbilhão de uma paixão doentia e avassaladora, ou seja, daquelas que, lamentavelmente, chegam destruir lares e até, no último caso, cometer crime passional.

No meu ambiente de trabalho sou mais conhecido pela maioria por “Juan”, numa alusão nítida ao paquerador inveterado com o mesmo nome. Nunca me importei com isso porque, pensando bem, as pessoas que me chamam assim têm toda a razão. Sempre fui assim: a garota, a jovem, a mulher que me chamar a atenção e, principalmente, der bolas, nunca pensei duas vezes. Vou para cima, seja onde for. Nunca fiquei como diz a música do inequecível Raul Seixas: “com a boca aberta escancarada e cheia de dentes, esperando a morte chegar!”. O meu lema sempre foi outro bem diferente: “Não podemos sair e transar com todas as mulheres do mundo, mas vale a pena tentar!”

Então com uma linda e charmosa morena que trabalhava na área administrativa não foi nada diferente. Apenas houve uma mudança de conceito, pois logo que a vi pela primeira vez, apesar de bonita, atraente, gostosa, achei-a orgulhosa. Como ela trabalhava numa sala contígua a agência do Banco, o meu percurso passou a ser mais assíduo a esse local. Que extrato, que saldo, que saque, que depósito, que nada! Eu queria mesmo era arrancar um mísero olhar ou um pequeno sorriso daquela jovem. Após isso, sim, depositaria no meu âmago uma esperança qualqluer que em questão de tempo eu teria um caso com ela, por mais passageiro que fosse. Portanto, valeu a pena esperar.

Finalmente, um dia conseguimos trocar algumas ideias lá mesmo no Banco. Despedimos com promessa mútua de repetir o encontro. Um telefonema rápido aqui, uma conversa ali, uma olhar mais demorado na fila do restaurante etc. Só na saída é que ficava difícil, pois eu saía três horas antes dela. E foi por causa desta diferença de horário que um dia ela falou:

-“É uma pena que você sai às 14.00 horas...”

- Por quê? Dei uma de joão sem braços.

-Ora, pois se saísse no mesmo horário que o meu, quem sabe, poderíamos conversar melhor num lugar mais tranquilo. Aqui dentro é muito agitado.

-É, realmente, não tem mutio cllima! – respondi. Que tal hoje, completei.

- Por falar nisto, eu li no quadro de avisos, naquela lista de aniversariante do mês, que hoje é o seu aniversário...

-É verdade..

-E aí, não vai rolar nenhum chopinho?

-Só se for hoje...Então, topa?

-Lógico. Respondeu a minha colega, até então.

-Então, o encontro está combinado.

Neste ínterim, já liguei para casa, comuniquei um imprevisto de hora extra. Como era a primeira que eu dava essa desculpa, a dona da pensão engoliu em seco.

Hora extra na choperia

Enquanto rolava um chope, conforme o combinado, o bate-papo estava super agradável. Olhando aquele corpo provocante, jovem, sem querer, querendo eu o despia com o meu pensamento. Agora vai saber o que se passava também na cabecinha dela!! O certo é que, quando saímos, o efeito do chope ativou a nossa libido e resolvemos, espontaneamente, passar alguns momentos íntimos num motel aconchegante, que ficava próximo dali. Foi a nossa primeira vez. A excitação recíproca estava estampada em nossos corpos. A união destes era uma questão de minutos. E foi realmente o que aconteceu. Parecia até uma lua-de-mel antecipada. Após um banho gostoso, aproximei-me da cama redonda onde ela já me aguardava ansiosa. As nossas preliminares já foram suficientes para demonstrar que o nosso encontro estava fadado a ser uma maravilha. E o foi, sem querer entrar em detalhes supérfluos. O que achei estranho foi que ela não fez nem questão se eu usasse ou não algum preservativo. Então fui firme, crente que ela iria se precaver, posteriormente.

A partir deste dia, foi tudo muito fácil e gostoso. Foi uma gamação total. É como se costuma dizer: aberta a porteira, passa boi, passa boiada. Agora estava tudo mais fácil. Era só um dos dois dizer: vamos nos encontrar hoje? E pronto. O programa estava realizado. Agora um detalhe: ela fazia questão de bancar tudo: desde táxi, motel e mais alguma coisa, posteriormente. Por mim, tudo bem, machão, mas nem tanto assim!. Quer dizer, eu não a estava explorando em nada, pelo contrário, ela estava se doando a uma pessoa que a completava como queria. Usando-me? Comprando-me? Não! Ninguém é objeto de ninguém. Ela simplesmente estava gastando com alguns momentos de prazer. Ou seja, preferia estes inúmeros momentos íntimos a ir a algum parque de diversões e ficar girando em algum roda gigante até ficar tonta e sozinha!...Que vantagem ganharia nisto? Já nossos encontros, pelo menos ela, além de ganhar alguma experiência, tinha o maior prazer que o ser humano pode ter: um orgasmo íntegro. Era só se descuidar numa destas aventuras e ganhar um filho de presente. Não era momento para isso. Tudo tem seu tempo.

Enquanto nossos encontros se sucediam, esporadicamente, no meu lar a situação estava ficando pesada. A esposa começou a desconfiar da minha infidelidade. As minhas desculpas de hora extra já não valiam mais nada. Ela descobriu, através da intuição feminina, que eu estava faltando com a verdade. Então, com a faca e o queijo na mão, mais faca do que queijo, diga-se de passagem, ela partiu para uma investigação por contra própria. Pesquisa daqui, pergunta dali, até que conseguiu com que alguém da firma entregasse o ouro. E como a dita cuja já tinha trabalhado ali, tudo ficou mais fácil. E não foi nada difícil entrar lá e averiguar tudo de perto. Procurou logo a Assistência Social e fez questão da minha presença, juntamente com a da minha amante. Foi a gota d’água. Ao adentrar naquela sala e vendo-a ali, pensei rápido: “Agora, a casa caiu!”. Realmente, o meu casamento implodiu ali mesmo, naquele momento.

Em questão de minutos, quase toda a firma já ficou sabendo do ocorrido. Só consegui ficar só uma semana. Logo pedi a minha demissão, acontecendo o mesmo com a lind jovem com eu tinha um lindo romance. O que aconteceu após isso, qualquer pessoa pode imaginar: juntamos nossas escovas de dentes. A minha separação transcorreu sem maiores contratempos processuais. Logo em seguida, conseguimos novos empregos e continuamos até hoje usufruindo a vida da melhor maneira possível. Até quando, só Deus mesmo sabe!...

João Bosco de Andrade Araújo

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JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 15/06/2009
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