Mais um amanhecer
Acordou ao som do despertador. Entre olhos, se deparou com a vida que insistia em continuar. O gosto já amargo do whisky provocou um suspiro enjoado. O teto ainda girava, mas ainda assim levantou. Foi até o banheiro e instintivamente, molhou o rosto. Se ergueu e se deparou com o espelho.Viu a face de alguém com os olhos fundos, pele enrugada e áspera, cabelos emaranhados e barba, há muito, por fazer.
-Este sou eu?! - Pensou.
A roupa era, ainda, a velha calça jeans e a blusa "àquela preta". Um jaquetão cobria a "amarrotagem" das vestimentas.
-Preciso ir - Disse olhando para o velho despertador que marcava a "madrugada" de 10 horas da manhã.
Conferiu a carteira no bolso da calça. O molhe de chaves estava no mesmo lugar de sempre, na pequena mesa ao lado da garrafa do destilado cor marrom. Passou a mão e num só gole, terminou o restante. Pegou as chaves e se dirigiu a porta. De repente ouviu a voz do telefone.
-Quem será?
Voltou. Olhou antes de atender
-Alô.
Ouviu uma voz familiar. Fraca e hesitante:
-Sou eu.... Ainda te amo!
Desligou.
Sem disfarçar a emoção gritou como resposta:
-Alô!
Não houve resposta.
Desabou sobre a cama.
Olhou de novo o telefone. Pegou o telefone. Discou um número.
-Alô. Por favor, aqui é o Vantuir do 609. Traga correndo, mais uma garrafa de Scott.
Pelo menos naquele dia, desistiu de continuar.