Que saudades de você - Parte I
Até os dias atuais e mesmo agora, quando estou aqui ao seu lado, a lembrança da sua partida e dos dias que se seguiram, me fere a alma. Tamanha é a dor que restou do sofrimento e da tortura que me impôs juntamente com a saudade que provocou com a sua ausência. Ainda choro às escondidas quando recordo aqueles dias.
Tão logo partiu, a saudade se fez companheira e as lembranças me visitavam em cada lugar que eu revia, sem você eu não tinha nenhuma alegria. Os nossos lugares, os nossos cantos, nosso mundo, nada mais eram que apenas recordações, e como chorei! Nossas músicas, nossos amigos, nossos risos, agora eram só meus e a dor de ouvi-los, revê-los e lembra-los era insuportável. Nenhum contato com você e mesmo assim a confiança no seu amor. A fé interminável no seu regressso, era o que me mantinha. E quando chorava sozinha, lembrava dos nossos planos, das promessas e esperava, acreditava.
Naqueles dias chuvosos, molhados e frios, veio-me mais um tormento a possibilidade de estar esperando um filho seu. Desejei muito a sua presença para que eu pudesse dividir os meus receios, os meus medos, eram tantos! Queria e temia a possível gravidez.O tempo passava, eu não conseguia encarar a necessidade de confirmar o fato. Você era o meu heroi de guerra que voara numa avião que não se sabia se caíra ou se aterrizara. Era o meu tormento e a minha alegria a possibilidade de estar esperando um filho seu, meu amor. Acordava nas noites frias e escuras, enquanto a chuva caia lá fora eu ficava a sonhar. Olhava e acariciava o meu ventre liso, ainda. Sonhava que seria uma menina e lhe daria nomes com significados especiais, como:"Aquela que vence", "Vinda do mar", pois eu e a nossa filha teríamos uma verdadeira luta pela frente. Se fosse menino, se chamaria Guilherme "Aquele que tem a espada", e ele teria seu sorriso, nossos olhos e seria nosso sonho, eu via na imaginação, menino ou menina, a correr por um gramado, enquanto eu e você os velasse em seus brinquedos, suas brincadeiras. Imaginva a sua reação, o seu regresso, o meu ventre crescido, as nossas músicas, os nossos cantos e os nossos amigos, seríamos felizes outra vez. Sentia o seu apoio e nesses sonhos eu era completa outra vez. Então junto com o vento frio, me vinha o medo, a agonia, a tristeza e os problemas que eu teria que enfrentar para que o nosso filho sobrevivesse. Era tanto medo. O meu desejo era fugir. Não ter que assumir perante ninguém a minha maternidade, a minha ingenuidade. Os planos terminavam, o sono não vinha e a noite era interminável. Mentalmente eu fazia as minhas malas e preparava minha fuga, quando você voltasse haveria de nos encontrar, a mim e ao nosso filho.
Nesse tormento eu via passar os dias ...
Continua...