A noite..
a noite..o silêncio, um muro. De um lado nuvens a derraramar lágrimas orográficas, se assim
o dicionário me permite dizer. De outro, uma mulher, também a derramar lágrimas.
o cenário se fazia em um quarto escuro, uma janela, de um lado choro do outro chuva.
cama e lençóis amassados, úmidos por sofrimento. No fundo, um som, que tocava músicas que
ouviam a mulher. sobre o chão, papéis. textos, cartas. Folhas que acabara sendo um despejo
de emoção e tristeza através de palavras. Aquelas com as quais nem sempre consiguira descrever
com exatidão a lamentação suprema do indivíduo.
A dor tomara conta daquele ambiente, com seu ardor poético sobreposto a uma inundação
de fraquezas. O espelho mostrava o que ela jamais pudera imaginar, a verdade.
O cheiro de cigarro a uma mistura de perfume barato compunham a cena, exalando lembranças.
Lembranças das quais aquela noite atormentava, fazendo arrebatar qualquer razão.
Mãos frias, cabelos molhados, na garganta um nó, que pressionava o coração contra o peito apertando fundo
os olhos sobre a face e enxorrando o colo de lágrimas. Parecia inacabável...