Segredos do tempo
Quando o tempo sussurrou em segredo... A soberba tornou-me cega e retruquei de mau grado. Depois me arrependi.
Infelizmente era tarde e já não tinha volta. Quando o amor sai sem despedidas, tudo perde o sentido e doçura. O coração seca, feito folha de outono... rolando sem destino, perdido na solidão imposta.
Vi as brumas envolvendo a paisagem e desejei dentro delas, encontrar o casulo e abrigo. Mas não havia esperança, apenas o frio e a ilusão gelada de uma vida inteira:- Para você foi o bastante? Perguntou o tempo em tom de escárnio.
-Não! Queria ter ousado mais, dançado, cantado, viajado e vivido muito... Muito mais!Não fui feliz por completo, não amei o suficiente nem tive tudo que quis... Esta é a tal existência prometida? É assim que tem que ser?!
O silencio é a companhia com quem reparto solidão e lembranças. Prendo as linhas no tear enquanto a lã macia escorre entre meus dedos e penso na vida. O xale toma forma, lentamente passo e repasso os fios e perco a noção do tempo. Sonho e repito cenas inteiras, cheia de saudades e carinho. Sinto-me prisioneira e meu algoz não tem pressa. Anos, meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos. Testemunhas.
Cinza chumbo é a cor do mar agitado, ao longe um navio apita e o som estridente é apenas um adendo.
A chaleira esquenta , o bolo recém saído do forno atiça o paladar e a madeira queima lentamente, espalhando calor e aconchego.
Um gato preguiçoso me espia do sofá, acompanhando meus movimentos.
O som dos saltos assustam, assim como a cara sisuda:- Hora do seu remédio. Depois jantar e cama. Hoje está frio demais!
A senhora esqueceu a janela aberta? Sei que compreende perfeitamente e pode responder. Podíamos conversar...
Não respondo, há anos deixei de falar e dizem que meu olhar é o bastante. Aguardo a visita derradeira , para reencontrar meu companheiro, parentes e amigos. O que resta quando se tem quase 100 anos....Quase nada...Quase nada...
Quando o tempo sussurrou em segredo... A soberba tornou-me cega e retruquei de mau grado. Depois me arrependi.
Infelizmente era tarde e já não tinha volta. Quando o amor sai sem despedidas, tudo perde o sentido e doçura. O coração seca, feito folha de outono... rolando sem destino, perdido na solidão imposta.
Vi as brumas envolvendo a paisagem e desejei dentro delas, encontrar o casulo e abrigo. Mas não havia esperança, apenas o frio e a ilusão gelada de uma vida inteira:- Para você foi o bastante? Perguntou o tempo em tom de escárnio.
-Não! Queria ter ousado mais, dançado, cantado, viajado e vivido muito... Muito mais!Não fui feliz por completo, não amei o suficiente nem tive tudo que quis... Esta é a tal existência prometida? É assim que tem que ser?!
O silencio é a companhia com quem reparto solidão e lembranças. Prendo as linhas no tear enquanto a lã macia escorre entre meus dedos e penso na vida. O xale toma forma, lentamente passo e repasso os fios e perco a noção do tempo. Sonho e repito cenas inteiras, cheia de saudades e carinho. Sinto-me prisioneira e meu algoz não tem pressa. Anos, meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos. Testemunhas.
Cinza chumbo é a cor do mar agitado, ao longe um navio apita e o som estridente é apenas um adendo.
A chaleira esquenta , o bolo recém saído do forno atiça o paladar e a madeira queima lentamente, espalhando calor e aconchego.
Um gato preguiçoso me espia do sofá, acompanhando meus movimentos.
O som dos saltos assustam, assim como a cara sisuda:- Hora do seu remédio. Depois jantar e cama. Hoje está frio demais!
A senhora esqueceu a janela aberta? Sei que compreende perfeitamente e pode responder. Podíamos conversar...
Não respondo, há anos deixei de falar e dizem que meu olhar é o bastante. Aguardo a visita derradeira , para reencontrar meu companheiro, parentes e amigos. O que resta quando se tem quase 100 anos....Quase nada...Quase nada...