A ULTIMA VIRGEM

Em meio a um campo de trigo ela nasceu.

Mas como? Ali tão solitária, longe de suas iguais.

Talvez tivesse nascido de uma semente jogada lá, deixada cair por passaro ou levada pelo vento.

Agora isso não tinha importância. Sentia-se sozinha e abandonada.

Era bonita, vistosa, alta.

Sensual, poder-se-ia dizer.

Tinha algo em si que a destacava: quem sabe a cor,vermelho vivo qual gota de sangue sobressaindo naquela imensidão amarela, sem fim. O perfume inebriante que exalava atraía todos os pássaros a sua volta e aqueles que se aproximavam, ela os espantava com seus espinhos e mantinha-os a distancia.

Era bonita e só. Ninguém a colheria, ninguém aspiraria o seu perfume, não fora presenteada a ninguém.

Não podia ser o amor que encerrava. Desabrochara tão feliz, pensando em quais mãos iria parar, onde iria alegrar um coração; mas agora, vendo-se tão sozinha, tendo apenas por companhia seus pássaros e borboletas, sentia-se inútil, não fora vista, não fora admirada, não fora amada, não fora colhida.

Dentro de sua dor, fechou suas pétalas e murchou.

Pobre rosa.