Menina
Minina
achou que era fácil viver
mas não tinha nem noção de vida.
Veio ao mundo toda sorridente.
Cresceu brincando e fazendo da vida uma grande brincadeira.
Sabia rir muito bem, dava gargalhadas como ninguém.
"Pobre menina", diziam os outros:
Sem entender o que diziam ela achava que era piada e ria.
E eles tornavam a dizer:
"Ria bastante Menina enquanto não sabes o que te espera"
Mas o que a esperava não fazia a menor diferença, não ainda.
e ela ria.
Quando completou certa idade, contaram-lhe seu futuro.
Podiam ver o olhar de decepção da menina.
Viram sua alma desabar-se através de seus olhos fundos.
Quanta dor a Menina sentiu naquele momento.
Dor essa que sua mãe sentira quando tinha sua idade.
Era um lugar onde os destinos já estavam escritos, ninguém os fazia.
Quando se tinha uma filha naquele lugar
era bom já pensar no momento em que seria contado a elas sobre o futuro.
E é bom que sintam muita dor por que ao contar pra suas filhas
entenderão o sofrimento delas.
Mas a Menina não aceitou seu futuro, falou algo sobre fazer o que quisesse e escrever seu próprio destino.
"O que é essa coisa de destino filha, não inventa e apenas siga os passos de sua mãe!" Dolorosos passos de sua mãe.
"Destino é o que você vai fazendo com sua vida mãe, e eu prefiro escolher." Tentou justificar, com lágrimas e ocultando o sorriso de outrora.
Aí podiam-se ver a decepção nos olhos de sua mãe.
Naquele lugar não se criavam filhos para rebelar-se.
Mas a Menina só queria viver sua vida de um forma menos dolorosa.
"Por favor entendam" implorava a Menina.
Ela viu a alma de sua mãe se despedaçando através de seus olhos, fundos.
Ah como sofreu a menina naquele dia.
Aquele momento foi eterno. Foi fatal.
A rebeldia da menina pôde ser narrada.
Ah como sofreu a mãe da menina desde aquele momento até o fim de sua vida.
A menina não poderia mais ficar naquele lugar.
"Irei embora daqui."pensava a Menina.
Mas sem pensar coisa alguma seguiu a estrada a procura de carona.
-Vai pra onde Menina?
-Eu não sei.
e entrou no carro.
Ah quão bom seria se a menina tivesse aceitado o destino que lhe fora imposto.
Ah se não fosse tarde demais pra desistir da rebeldia!
"Pobre menina" pensava o narrador "desaprendeu a sorrir..."
Quando chegavam ao destino final,
que nem a minina sabia qual
Um caminhão bateu no carro.
A menina morreu.
Nem mais um sorriso.
Esse era seu destino, por que rebelou-se menina?
Mas rebelar-se era seu destino.
Não queria passar por dor alguma.
E não passou.
Dor maior foi quando soubera que seu destino.
Mas o destino da menina foi outro.
Ela o fez.