Razão e sensibilidade - capítulo 2
CAPÍTULO 2
Miranda e Margaret Turner eram irmãs, moravam em Londres, num apartamento no centro da cidade, era pequeno e aconchegante para duas irmãs solteiras.
Miranda, a mais velha, tinha vinte e oito anos, era médica cardiologista, trabalhava num hospital no centro. Miranda tinha cabelos que batiam nos ombros, eram lisos e negros, era alta e bonita. Ela era determinada, decidida, e a razão e a lógica eram os seus princípios fundamentais.
Quanto a Margaret, tinha vinte e quatro anos, acabava de se formar em artes cênicas, estava trabalhando como atriz em uma companhia de teatro. Ela era mais baixa que Miranda; era loira com cabelos cacheados e tinha olhos azuis. Meg, como o apelido sugere é uma pessoa meiga, muito romântico, impulsiva, emotiva...
. . .
Na manhã seguinte, as duas saíam de casa cedo, era início de inverno e a manhã estava muito fria.
Miranda estava agasalhada com luvas de cor cinza, casaco preto e um gorro cinza. Meg, também, se agasalhara com casaco e luvas.
- Ué, cadê seu gorro? – perguntou Miranda a Meg.
- Não preciso.Não está tão frio assim, Miranda.
-Vamos ver se você diz isso depois de pegar uma pneumonia!
- Credo! Mi, que exagero!
- Você e sua teimosia... É, tchau. Vem almoçar comigo?
- Sabe que não, eu fujo de comida de hospital! Tchau!
-Tchau! – e se dirigiu a porta principal do hospital.
Miranda trabalhava no hospital São Jerônimo, que ficava há duas quadras de seu apartamento. Para ela, aquele lugar não era só o seu local de trabalho era também sua segunda casa, afinal havia estagiado e feito sua residência ali. E conhecia a todos, desde os médicos até as faxineiras.
Ela estava no banheiro, trocando de roupa, quando ouviu através das caixas de som: “ Dra. Turner, favor comparecer a direção. Dra. Turner favor comparecer a direção.”
Chegando a sala da direção ela bateu a porta.
- Entre.
Ela abriu, entro e sentou diante de um homem que se encontrava do outro lado da mesa. Ele devia beirar a casa dos sessenta anos, era negro, alto, tinha boa parte dos cabelos grisalhos e sempre mantinha uma expressão séria e enfezada no rosto.
- A que devo à honra, de ser chamada a sua sala, Dr. Swam?
Ele era o diretor do hospital e clínico geral, havia sido o supervisor da residência de Miranda, e já a conhecia bem.
- Vou ser bem franco, direto e objetivo com você, Miranda.
-E sempre, não o é?- perguntou sarcástica.
-Falo sério, Miranda. Temos um novo paciente, e quero que seja a responsável pelo caso.
-Fala!
- É um senhor de 76 anos, ele é inglês, mas, vivia a 15 anos na França...
-E porque, veio se tratar aqui?
-É um inglês arcaico e tradicional, não confia em franceses, ainda mais se tiverem que cuidar de sua saúde. A solução da família foi trazê-lo às pressas a Londres.
- E o que teve?
- Um infarto, seguido de outras complicações. Alguns exames preliminares já foram feitos, mas, um especialista ainda não o viu.
- Há quanto tempo ele chegou?
- A cerca de meia hora.
- E por que me designou?
- O caso é muito complexo e pela minha pouca experiência na área, acredito que ele venha a correr risco de vida.
- E isso não é o que acontece sempre?- disse com pouco caso.
-Enfim... - disse elevando um pouco o tom de voz - escolhe você, Dra. Turner, por que é a mais fria, determinada, racional e profissional... do que qualquer outro ser humano normal.
- Vou entender isso como um elogio!
- Sugiro que não perca tempo. - falou na sua habitual frieza.