Ela (ou Devaneios por amor)

Talvez um novo tempo se inicie para ELA. Talvez um novo vento balance os seus cabelos e faça-a suspirar novamente. Talvez os seus olhos ganhem um novo brilho e as suas mãos fiquem trêmulas com freqüência. Talvez o seu coração bata mais forte e deixe-a com rubor nas bochechas. Será? ELA não quer acreditar nisso. Não, ELA não pode acreditar nisso. A nossa personagem, caro leitor, não tem anticorpos suficientes para amar errado novamente. Eu não quero ter que escrever sobre uma nova decepção. Eu não quero ter que expô-la assim. Dói-me demais ver que ELA sempre bate com a cara na porta, ELA sempre bate na porta que nunca abre.

Às vezes, parece que o seu caminho já está traçado e nele apenas existem armadilhas e dor. Então, para se defender, ELA construiu uma armadura em volta de si. ELA quis transformar o seu coração na pedra de gelo que um dia ele foi, mas percebeu que aquela água cristalizada não ressurgirá jamais. O seu coração está em retalhos esperando por alguém que o deixe inteiro. Suas lágrimas negam-se a rolar por outro engano. Eu sei que nossa personagem não agüentará. Eu sei que ELA está frágil apesar de mostrar-se bem resolvida. ELA grita por um beijo de boa noite. ELA grita por um amor.

Eu, caro leitor, sou apaixonado por nossa personagem e não admito que a façam chorar. Há horas em que tenho vontade de pegá-la nos braços e niná-la até que os seus olhos se fechem e os sonhos invadam-na por inteiro. Eu sei que não posso ser egoísta, ELA tem que tentar ser feliz. ELA tem que arriscar. Mas eu tenho medo. E se acontecer? E se esse novo tempo chegar? Eu ficarei aqui tentando fazer com que ELA seja feliz, entretanto percebo que a sua saga em busca do amor verdadeiro será longa. Eu sinto que o que chegará será apenas ilusão. ELA apenas ganhará mais um motivo para fechar-se nela mesma e negar-se a acreditar que um dia, ao fechar os olhos, sentirá o calor de um corpo que também clama pelo seu e de uma alma que não existe sem a sua.