a enfermeira

A enfermeira

Acho que tudo na vida tem razão de acontecer por algum motivo. Tirei essa conclusão depois que vivi uma situação diferente.

Hoje com meus cinqüenta anos comecei a passar mal sem um motivo aparente. Percorri vários médicos, fazendo um bom ‘número de exames onde nada teria sido constatado. Diante do novo impasse resolvia procurar um velho amigo de três décadas para ouvir a sua opinião. Ele como sendo um médico mais rodado me pediu para fazer exames até então não feitos por mim. Mediante os resultados dos exames pedidos me ponderou-me que deveria procurar um amigo seu que hoje mora em Novo Horizonte, interior de São Paulo, onde é a sua terra natal e que a deixou para estudar e fazendo cursos de especialização fora do Brasil. Aí questionei sobre a rede hospitalar da cidade, onde colocou que parecia estar num outro país aqui mesmo no Brasil, de como era sofisticado o sistema hospitalar.

Resolvi pensar no assunto depois desta consulta. Pouco tempo mais tarde, tive uma crise forte do que a de costume e que me abalou. Depois disso resolvi dar uma parada em tudo e cuidar um pouco de mim coisa que há tempo eu não faço, pois agarrei minha vida profissional como se fosse a única saída para todos que tivesse. Pedi para o Dr. Milton o endereço do Dr. Joaquim Gandra em Novo Horizonte, para que pudesse agendar uma consulta com ele. Com isso em mãos fiz um contato telefônico com o Dr Gandra dizendo-lhe era amigo do Dr. Miltom de Belo Horizonte e que gostaria de fazer uma consulta com ele por indicação do Miltom. Nisso ele me perguntou para quando queria que fosse marcada a consulta? Dei a entender que fosse o mais rápido possível, pois já estava passando mal há muito tempo.

Dr Gandra falou que estaria a minha espera daqui a dois dias em Novo Horizonte e uma enfermeira chamada Marli estaria a minha espera para cuidar da minha acomodação na clinica médica e que me ajudaria no que fosse preciso. Desci para Novo Horizonte, naquela noite mesmo. Por volta das vinte e duas horas. As nove horas pego um táxi que me leva para clínica indicada pelo Dr. Gandra. Chegando a recepção da clínica indago pela Sra Marli Benigno quando me disseram que ela estaria para chegar. Sentei-me na recepção esperando a tal senhora, passou-se um tempo quando uma jovem senhora se apresenta para mim dizendo que se chamava Marli e que o Dr Gandra teria lhe dado informações sobre o meu respeito e que devia muitos favores ao amigo Miltom. A Sra Marli foi atenciosa comigo e até me levou para conhecer as dependências do estabelecimento no qual fiquei encantado com tudo e depois me guiou para o quarto que ficaria internado e dizendo que a bateria de exames começaria na manhã seguinte.D. Marli me pede para que tirasse o dona da frente do seu nome quando lhe chamasse na clinica, pois como toda mulher não gosta disso por achar que dá impressão de gente idosa

Fiquei vários dias fazendo diversos tipos de exames que eram repassados para o Dr. Gandra. No intervalo desses dias estava acompanhado sempre por Marli onde nos tornamos confidentes as vezes. Ela chegou a comentar parte de sua vida que achei interessante e divertida desde o tempo de criança. Contou-me que seu pai deixou a sua casa quando ela ainda tina três meses de vida. D. Benedita sua mãe, pegou as rédeas e tocou em frente a sua vida. O meu tempo infantil fina quando chega até a idade de dez anos que foi maravilhosa como toda criança espera ser, pois acontecia de tudo, desde um banho de cachoeira depois das aulas, ao roubo de frutas no vizinho, as surras com rabo de tatu dadas pelos mais velhos quando fazia alguma travessura mais forte, etc.

Achei graça demais quando ela relata o caso da boneca de uma amiga com a sua gatinha e os 12 pintinhos. Ela descreve com habilidade essa situação. Disse-me que certa vez todos da família teriam ido num domingo de tarde na casa de Piedade, que era amicíssima de sua mãe há anos. Ficamos o resto da tarde lá. Nesse período que estivemos ali fiquei brincando com um boneco que tinha um tamanho maior e vestia uma jardineira amarela que foi do Marcos filho da Piedade pouco tempo atrás.

A Bruna minha amiguinha era filha de Piedade, tínhamos a mesma idade, éramos colegas de sala e colégio. Bruninha não dava atenção para o boneco Joãozinho, que tinha adorado, pois ela o achava grande para brincar e foi nesse particular que me apeguei o achando lindinho demais. Desde o início da volta para casa comecei um berreiro só, sentamos num gramado onde minha mãe me indagava o porquê do meu choreiro. Aí soluçando falo que era por causa do boneco Joãozinho, pois queria ele para mim. Nisso minha mãe me pergunta como faria para comprar tal boneco e se Bruninha venderia o venderia.

Depois de pensar muito respondi que lhe daria a minha galinha com seus 12 pintinhos em troco do Joãozinho mesmo sabendo que o que possuía valeria uns três. Mediante a situação voltamos a casa de Piedade.

Piedade, até assustou com o nosso regresso e com poucas palavras minha mãe lhe contou o ocorrido. Nesse mesmo instante chamou pelo nome Bruna que logo atendeu o chamado. Minha mãe mostrou-lhe o meu interesse pelo seu boneco e lhe fez a proposta que tínhamos conversado no gramado. Ela falou que não teria problema algum na troca, pois achava a boneca grande para brincar e aceitou numa boa a troca..

No tempo que fiquei no hospital fiz uma bateria de exame e que no seu final o Dr Gandra me chama ao seu consultório para expor os resultados dos exames e estaria numa encruzilhada, pois disse que teria achado a causa do meu problema, mas que estaria em dúvida em qual seria o melhor procedimento no caso. Seria uma operação a lazer para que pudesse alargar a veia que leva sangue ao cérebro ou tomar medicamento para fazer este serviço. Ele ponderou também que a cirurgia seria feita e seria uma operação bem simples e quanto o medicamento ele teria um tempo para fazer efeito,, mas que resolveria da mesma forma.

Disse a ele que sou medroso quando se fala em qualquer tipo de operação, pois na minha vida toda já fiz várias cirurgias e isto me colocava ansioso, fala também que me daria uns três dias para resolve, pois estava preparando um curso que daria na Holanda de uns três meses e podendo ficar lá um tempo maior.

Com tudo essa história na cabeça telefonei para o Dr. Miltom para escutar a opinião dele sobre este assunto. Foi bem claro e transparente comigo como sempre dizendo que apoiava a opinião do amigo colega e seria só minha a escolha.

Apesar de não querer encarar uma nova operação resolvi esta cirurgia e terminar com este incomodo destas crises volta e meia em minha vida. Eu e o Doutor marcamos para três dias após tal intervenção.

Nesse intervalo de tempo que estive internado na clínica coisas povoaram minha cabeça eram pensamentos que falavam de mim um pouco. A solidão que é a amiga eterna junto com a saudade de uma vida que nunca abracei com meus cinqüenta anos. Aí esta menina Marli apareceu como um doce encanto e fez moradia em meu coração o enchendo de vida novamente e vontade de viver para correr atrás da felicidade tanto por mim sonhada esteja onde ela estiver. Esse doce rabicho que tive no hospital foi fundamental para segurar esta ansiedade que vivia ali. Ela foi um porto seguro para um navio que há bastante tempo estava à deriva em meio desse oceano revolto chamado vida.

A operação foi realizada com sucesso mesmo não sentindo efeito algum, pois não aparece, mas resolve a situação.

Daí para frente deixei os ventos me levarem para tentar buscar esta felicidade com alguém.

Escritordsonhos
Enviado por Escritordsonhos em 10/04/2009
Código do texto: T1531951
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